O Diagnóstico

54 3 2
                                    

POV Do Hana

Era cedo, o sol mal havia nascido, e eu já estava na rua. A cada passo que dava, parecia que um peso imenso me puxava para baixo, como se o universo estivesse me alertando para o que estava prestes a acontecer. O medo já havia se infiltrado no meu corpo muito antes de eu entrar no consultório médico.

Eu sabia que algo estava errado fazia semanas. As dores de estômago eram intensas, e, embora eu tentasse ignorá-las, elas haviam se tornado impossíveis de suportar. Eu não podia mais mentir para mim mesma.

Assim que entrei no hospital, mantive o capuz da jaqueta sobre a cabeça, tentando evitar ser reconhecida. Estava sozinha. Era uma das coisas que eu fazia questão de manter longe dos outros caçadores. Eles tinham batalhas suficientes para lidar, e eu não queria ser mais um fardo.

Sentei-me na sala de espera, olhando para as paredes brancas enquanto minha mente vagava por um milhão de pensamentos. E se for algo sério? Essa era a pergunta que me atormentava desde que as dores começaram, e, no fundo, eu já sabia a resposta.

"Do Hana?" O som do meu nome foi um choque. Levantei-me e segui a enfermeira até o consultório do médico.

O doutor Lee me cumprimentou com um sorriso gentil. "Bom dia, Do Hana. Já temos os resultados dos exames."

Respirei fundo, tentando me preparar. "E...?"

Ele me olhou com um misto de compaixão e profissionalismo. "Infelizmente, encontramos algo preocupante. Você tem um tumor no estômago, e, após análises detalhadas, confirmamos que é um câncer."

As palavras dele caíram sobre mim como um martelo. Câncer. Eu me senti instantaneamente gelada, como se o tempo tivesse parado.

"Qual é a gravidade?" perguntei, com a voz falha.

"Felizmente, descobrimos em um estágio relativamente inicial. Há tratamentos, e você tem boas chances de recuperação. O tipo de câncer que você tem não é agressivo, e não irá causar perda de cabelo, como acontece com alguns outros tipos. No entanto, precisaremos agir rapidamente."

Eu balancei a cabeça, absorvendo a informação. Parte de mim sentia um alívio por não ser algo tão extremo, mas ainda era um câncer. E essa palavra soava pesada e intransponível, como uma sentença.

"Quais são as opções?" perguntei.

Ele passou a explicar sobre as sessões de quimioterapia e a possibilidade de uma cirurgia no futuro. Minha mente vagava entre suas palavras, tentando juntar os pedaços da realidade que eu teria que enfrentar.

"Eu posso... continuar minhas atividades normais?" perguntei, preocupada com as missões dos caçadores.

"Você terá que tomar cuidado e diminuir o ritmo, especialmente durante os tratamentos. Seu corpo vai precisar de tempo para se recuperar."

A ideia de ser uma caçadora limitada por um tratamento era insuportável. Eu me orgulhava da minha força e resistência. Mas agora, eu estava encarando minha própria vulnerabilidade de frente.

"Ok," murmurei, mais para mim mesma do que para ele. "Eu vou fazer o tratamento."

---

POV So Moon

Hana vinha agindo estranhamente há semanas, e eu não conseguia tirar essa preocupação da minha mente. Mesmo durante os treinos com os novos caçadores, sempre que eu olhava para ela, parecia que algo estava errado. Ela não era a mesma.

Decidi ir até o quarto dela naquela manhã. Quando bati na porta, ninguém respondeu. Abri devagar, apenas para encontrar o quarto vazio. Não era típico de Hana sair tão cedo, especialmente sem avisar.

Passei o dia com uma sensação incômoda no peito. Algo estava definitivamente errado, e eu tinha que descobrir o que era.

---

POV Do Hana

Voltei à base horas depois, tentando fingir que tudo estava normal. A consulta com o médico ainda girava em minha mente, mas eu precisava manter isso em segredo. Não podia deixar a equipe se preocupar comigo, especialmente agora que os novos caçadores estavam se ajustando.

Quando entrei na base, encontrei Esmeralda e Joo-Yeon treinando com Ga Mo-Tak. Eles acenaram para mim, mas eu apenas dei um sorriso forçado e fui direto para o meu quarto.

Sentada na cama, olhei para as mãos trêmulas. Câncer. A palavra ainda me fazia tremer de medo. Eu sabia que precisava ser forte, mas, naquele momento, só queria gritar.

Meu telefone tocou, e, ao ver o nome de So Moon na tela, hesitei por um segundo antes de atender.

"Oi," respondi, tentando soar normal.

"Hana, onde você estava? Fui ao seu quarto mais cedo e você não estava lá."

"Ah... tive que resolver algumas coisas," menti, sem muita convicção.

"Você está bem? Parece distante ultimamente."

"Estou só cansada, So Moon," menti de novo, tentando esconder o cansaço na minha voz.

Ele suspirou, como se estivesse ponderando sobre algo. "Se precisar de algo, você sabe que estou aqui, né?"

Fechei os olhos, sentindo uma pontada de culpa. "Sim, eu sei. Obrigada."

Desliguei o telefone e me joguei na cama, sentindo o peso do mundo sobre mim. Eu tinha uma longa batalha pela frente, mas teria que enfrentá-la sozinha. Não podia deixar que eles soubessem. Não agora.

---
Continua....

Caçadores do Destino: Laços e SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora