Ficar Para Trás

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Eu me olho no espelho,
mas é o reflexo dos outros que vejo.
Caminham à frente, passos longos,
enquanto os meus pés, teimosos, insistem em ficar.

Há músicas antigas que ainda tocam em mim,
como se o tempo fosse redondo,
um círculo que me envolve e me faz dançar a mesma melodia.

O tempo passa - eles mudam de ritmo.
Eu fico, eu ouço.
Cresço, mas o medo cresce comigo,
um espelho invertido que não me larga.

Eles têm conquistas, troféus brilhantes,
mas eu só tenho meus pensamentos,
um baú de inseguranças que ecoam
em cada esquina por onde passo.

Comparo-me com a pressa deles,
com a urgência de vencer.
Mas o que é vencer, se não caminhar no próprio compasso?

E se eu sou o que sou, por que me esforçar tanto para ser outro?
Ficar para trás, talvez, seja um jeito de entender que o caminho é meu,
e que, no fundo, não estou tão só.

Ainda estou aqui,
E ouço as mesmas músicas,
essas que me fazem companhia a cada passo,
silenciando todo o resto, enquanto eu, sigo meu próprio caminho.

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