After the truth Parte 1 - Completo

Capítulo 43

NICHOLAS HOLLOWAY

Ainda é confuso entender o que aconteceu no dia anterior. Ouvi o que Melissa e Clara disseram, mas mesmo assim, não conseguia acreditar. Eu não a machuquei?

Droga, eu não a machuquei.

Isso ainda não entrou na minha cabeça, mas fiquei imensamente feliz por Melissa ter provado isso de alguma forma. Como? Letícia me explicou rapidamente.

Tudo começou porque Melissa sonhava com duas pessoas diferentes: eu e o meu suposto irmão. Droga, eu tenho um irmão gêmeo? Só agora entendo por que Melissa não gostou de mim sem a barba.

Foi insuportável assistir àquele vídeo. Eu ainda não acreditava que tudo não passava de uma mentira, por isso assisti umas duas vezes à parte em que trocavam nós dois.

O pior de tudo foi Melissa pensar que eu a odiava por isso. Como se pode odiar alguém que ama? Eu não consigo, nem mesmo se quisesse.

Com os acontecimentos de ontem, não consegui fechar os olhos durante a noite, muito menos na madrugada. Ou seja, estou até agora sem dormir.

Levantei-me bem cedinho, às cinco da manhã, e precisava fazer alguma coisa. Por isso, resolvi arrumar o quarto onde será o das nossas filhas. Tirei tudo em silêncio, guardando no porão. Está tudo tão novo e bem cuidado que, se Melissa quiser, podemos reutilizá-los.

Era sete da manhã quando entrei no nosso quarto e encontrei Melissa dormindo. Não parecia a mesma criatura que estava se julgando há algumas horas atrás. Seu rosto sereno, dormindo de lado, exibia uma paz que eu não via há tempos. Os feixes suaves de luz da manhã filtravam-se pelas cortinas, envolvendo o ambiente em um tom quente e acolhedor. Olhei para ela por um momento, admirando sua beleza e a tranquilidade que nosso quarto tinha naquele instante.

Caminhei até a janela, abri as cortinas, e Melissa se remexeu na cama com a claridade batendo em seu rosto. Acho que ela vai me matar por acordá-la tão cedo.

Aproximando-me da cama, tampando o pouco de sol que refletia em seu rosto, tirei a coberta de cima dela e ouvi um resmungo.

— Melissa? — seus olhos se abriram um pouco, visualizando minha figura na sua frente. — Acorda.

— Me deixa dor... — saí da sua frente, fazendo com que a luz do sol incidisse em seu rosto. — Mas que caralho! — diz, fechando os olhos com força e puxando a coberta para se cobrir novamente.

— Vamos, levante-se... — puxo a coberta, jogando-a para o outro lado da cama. Melissa me fulmina com um olhar carrancudo.

— Isso não é justo! — ela reclama, os olhos ainda semicerrados enquanto tenta se espreguiçar. — Por que você está me acordando agora?

— A vida não espera por ninguém. — respondo, tentando manter o tom de voz divertido. — Além disso, temos muitos planos para hoje, lembra?

— Lembrei sim, mas o que custa um pouco mais de sono? — replica, desafiando-me com o olhar. — Só mais cinco minutos?

— Nem mais um minuto, vai, levante-se. — obedece, mas não em silêncio.

— Que merda, uma grávida não pode dormir em paz nesta casa? — levanta, coloca os chinelos e vai em direção ao banheiro resmungando. — E ainda diz que não me odeia.

Enquanto ela se afasta, não consigo deixar de sorrir com sua reclamação.

Fico esperando-a sentada na cama, enquanto continuo ouvindo seus resmungos. Sempre soube que ela fica de mau humor quando é acordada muito cedo por alguém. Mas dane-se, se ela não estivesse chateada comigo por não culpá-la pelas coisas, estaria dormindo até agora.