Capítulo 2 - Culpa.

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Jade Morton

Jade estava com o discurso pronto, colocaria seu amigo no seu devido lugar, pois já não dava para aguentar tantas embriagues constantes. Quando seu amigo Henry entrou na sala do seu escritório, ela apenas o olhou à distância, encarando-o bravamente, pois estava cansada de vê-lo implorar pela atenção de sua irmã, coisa que não havia sentido ser negada, até porque ambas sabiam que Beatriz sentia o mesmo por ele.

— Você precisa parar com essas bebedeiras, Henry, você mal consegue parar de pé, já faz dias que não vem trabalhar e só sabe beber. Que sócio de merda é esse que tenho?

Talvez suas palavras tenham sido frias demais, ou diretas demais, seu amigo sentou-se na cadeira em frente à mesa e continuou segurando o olhar irritado de Jade.

— Estou sofrendo de amor e tudo isso é culpa sua — respondeu, girando a caneta entre os seus dedos, mas ainda assim segurava o olhar intenso e frio de Jade.

— Culpa minha?

Culpa, essa era uma palavra que Jade carregaria pelo resto da vida e só em ouvi-la, algo dentro do seu corpo se agitava, deixando-a incomodada.

Henry a fitou por um momento, analisando e pensando antes de falar o que estava engasgado em sua garganta por dias, já que ele e Beatriz tiveram uma discussão naquela noite em que ela o levou embora da boate e, desde então, essa briga não saía da sua cabeça, fazendo-o beber incansavelmente.

— Sim, você precisa parar com essa loucura, essa sua promessa está acabando com a minha vida — resmungou, relaxando seu corpo na cadeira, mas ainda brincava com a caneta entre os dedos.

Jade elevou uma sobrancelha, tentando entender o que ele queria dizer.

— Fala de uma vez — disse ela, irritada com o assunto que mal havia começado.

Henry parou de girar a caneta entre os seus dedos, uma mania que ambos tinham sempre que estavam ansiosos, animados ou irritados. Ele inclinou o seu corpo para a frente, fixando seus olhos no olhar misterioso de Jade.

— Sua irmã só sairá comigo, quando você cancelar sua promessa e voltar a ter uma vida normal!

Jade assoprou, revirando os olhos ao ouvi-lo, pois sabia que isso jamais aconteceria, sua vida estava condenada até o fim e sabia que isso poderia ser uma graça de sua irmã, que ela em breve colocaria em seu devido lugar, pois estava cansada de toda essa história mal resolvida entre eles.

— Não posso fazer nada se Beatriz não quer sair com você, a minha promessa é problema todo meu, vocês dois sabem o motivo e sabem o porquê de não poder quebrá-la.

Henry a olhou incrédulo, pois ele não achava que Jade podia continuar com essa loucura pelo resto da sua vida, ela não merecia isso e sim ser feliz. Desde o ocorrido, ele apenas a via triste, rancorosa e sem sorrir. A Jade de antigamente já não sorria no presente e isso era lamentável.

— Jade, isso é loucura, você não pode se martirizar assim pelo resto da sua vida!

— Eu mereço viver isso, por que vocês dois não me deixam em paz e se casam de uma vez por todas? Eu não quero que deixem de ser felizes por minha causa, a culpa do que rolou carregarei pelo resto da vida, chega dessa merda e por favor, me deixa sozinha!

Jade respondeu um tanto irritada, cansada de toda aquela conversa que ela não queria ter, pois as lembranças começavam a chegar com tudo, esmagando o seu coração mais uma vez, estraçalhando-o como sempre fazia quando alguém tocava nesse assunto.

Seu amigo a olhou chateado, mas sabia que isso era uma guerra perdida, pois ela não retrocederia numa decisão sobre isso, até porque já haviam se passado três anos de todo o ocorrido e, durante esses anos, ele e Beatriz já haviam tentado de tudo e, mesmo assim, Jade seguia irredutível.

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