Pov: Sn

Eu olhava pra Tavin, e ele me olhava de volta. Os nossos olhares se encontraram e, naquele momento, não precisava de palavras. A gente sabia o que o outro estava pensando, era quase como se pudéssemos ouvir os pensamentos um do outro. Eu sabia que ele também estava lembrando do dia em que nos conhecemos, assim como eu. Aquele dia meio caótico, mas que mudou tudo. E, por um segundo, ficamos presos nisso, nesse passado que nos formou.

Perdidos um no olhar do outro, o silêncio que normalmente me incomodaria parecia certo, confortável. Como se estivéssemos exatamente onde deveríamos estar. A companhia dele sempre teve esse efeito em mim, mesmo quando as coisas estavam confusas e eu não sabia o que sentir. E ali, naquele instante, tudo parecia simples de novo. Só nós dois, curtindo a leveza do momento.

Foi Tavin quem quebrou o silêncio, rindo daquele jeito que me fez sorrir automaticamente, como se fosse uma reação inevitável.

"Você lembra daquele dia que você quase meteu o Kant num problemão?" Ele riu mais, e eu senti meu coração acelerar só de ouvir a risada dele. "Quando os caras começaram a falar merda de mim, você e Apolo, dizendo que a gente se achava só porque era filho do Kant?"

Eu ri alto dessa vez. Como eu poderia esquecer?

"Lembro, claro que lembro!" Falei, a memória tomando conta de mim. "Eu disse que o Kant ganhava de todo mundo que tava ali e os caras foram atrás dele, achando que ele ia topar rimar com eles. Ele ficou tão bravo com a gente!"

Tavin riu mais, e eu acompanhei. Era como se, naquele instante, estivéssemos de volta àqueles tempos em que tudo parecia mais fácil.

"Mano, ele tava muito bravo," Tavin disse, ainda rindo, balançando a cabeça como se estivesse vendo tudo de novo. "A gente achava que podia qualquer coisa, só porque o Kant tava por perto."

"Éramos invencíveis," eu disse, com um sorriso que ia além da piada. Porque, de alguma forma, era verdade. Naqueles dias, parecia que nada podia nos atingir. Só nós três, juntos.

Ficamos em silêncio por um momento, mas era um silêncio bom, carregado de memórias felizes. Até a gente lembrar que, agora, as coisas estavam muito mais complicadas. Tavin, Apolo e eu… Antes, éramos só amigos. Agora, tudo estava de cabeça pra baixo, com sentimentos que eu não sabia como controlar.

"Éramos felizes, né?" Falei mais pra mim do que pra ele, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

Tavin assentiu, com aquele sorriso nostálgico, mas os olhos revelando que ele entendia. "É… a gente não sabia de nada naquela época."

E, por um momento, tudo ficou em silêncio de novo. Só que, dessa vez, o silêncio trazia aquela saudade de tempos mais simples

Pov: Sn

Estávamos andando pela praça, e eu tentava fingir que tudo estava normal. Tavin estava ali, ao meu lado, e eu tentava ignorar o quanto isso mexia comigo. Quando passamos por uma barraca de algodão doce, ele parou sem pensar duas vezes e comprou um pra mim.

“Você ainda ama isso, né?” Ele disse, sorrindo enquanto me entregava o doce.

Eu ri, pegando o algodão doce, sentindo uma nostalgia estranha. "Eu nunca vou enjoar disso." Nossos olhares se cruzaram, e de repente estávamos rindo juntos, como se não houvesse nenhuma tensão entre nós, como se nada mais importasse além daquele momento.

Mas, aos poucos, as risadas foram diminuindo. O silêncio que sobrou entre nós não era desconfortável, mas cheio de algo que eu sabia que estava ali, sempre esteve. Tavin olhou para mim de um jeito diferente, e, antes que eu percebesse, ele se aproximou. Meu coração disparou. Ele ia me beijar. E parte de mim queria tanto aquilo que doía.

Rimas E Sentimentos (Apollo E Tavin)Onde histórias criam vida. Descubra agora