A floresta se estendia infinitamente, um lugar exuberante. As árvores, altas, coloridas e antigas, demostrava o quanto o local era sagrado e muito antigo, tudo parecia feito de luz, os troncos brilhando como um espetáculo quase sobrenatural. O chão, coberto por folhas secas e coloridas das árvores e musgos macios, absorvia cada passo como se o som não tivesse lugar ali. Tudo ao redor era silencioso, mas não o silêncio da paz e sim um silêncio que escondia algo, uma presença invisível.
Ao passo que dava na floresta, um símbolo repetido aparecia entre as árvores e nelas próprias. Gravado na casca, sempre o mesmo. Era totalmente desconhecido, mas emanava um ar de algo esquecido há muito tempo. As árvores pareciam observá-la, como se pedissem por ajuda e aguardando algum reconhecimento que nunca vinha.
Ao avançar mais profundamente na floresta, uma clareira se abriu á frente, dominada por uma árvore imensa, suas folhagens caídas como se estivesse com medo e triste e suas raízes apontavam um poço de pedra coberto de musgo e folhagem. A atmosfera ao redor era densa, pesada, como se o tempo ali se movesse de maneira diferente.
E foi então que ela apareceu. Uma figura solitária, envolta em uma névoa suave, estava parada ao lado do poço. Era uma silhueta feminina, indistinta e distante. A visão era tão fugaz que parecia que, a qualquer momento, a figura poderia desaparecer. Sem aviso, a figura começou a sumir, como se estivesse se afastando em silêncio, sendo engolida pela névoa.
"Espere! Por favor, não vá" A súplica ecoou no vazio, mas era tarde demais. A figura feminina havia desaparecido, levando consigo o mistério que a cercava.
A floresta desapareceu, e a realidade se impôs rapidamente. Ela acordou ofegante, o corpo coberto de suor, como se tivesse corrido uma maratona. A respiração entrecortada, ecoava pelo quarto silencioso, enquanto a súplica escapava de seus lábios sem controle. "Por favor, não vá..."
A porta abriu com um leve rangido, revelando a figura de Selene, que a olhou com preocupação.
"Você teve aquele sonho de novo, não foi?" perguntou, sentando-se ao lado dela na cama.
"Sim, o mesmo sonho. Mas desta vez..." ela hesitou, os olhos fixos na escuridão do quarto "... Foi mais longo. Eu vi mais. Senti como se algo estivesse prestes a ser revelado, mas escapou de novo. Desta vez o sonho não tinha o sentimento de felicidade igual nos outros, as arvores pareciam triste e com medo."
"Você nunca falou muito sobre esse sonho. Quando ele começou?" perguntou Selene
Helena suspirou, passando a mão pelo rosto, como se quisesse afastar a sensação opressiva deixada pela visão. "Esses sonhos, começaram quando eu ainda era pequena"
Ela olhou pela janela, como s o passado estivesse lá fora, esperando para ser revivido. "Tudo começou depois que minha mão morreu. Eu era só uma criança na época, tinha 5 anos, e o mundo ao meu redor parecia tão seguro... Até aquele dia."
A voz dela ficou distante, como se fosse arrastada de volta no tempo. "Nasci e fui criada aqui em Arandor, um reino de guerreiros e grandes líderes, inclusive você trabalha para um deles, meu pai o rei." falou Helena olhando para Selene. "Minha mãe a rainha, uma mulher que amava história e contos. Ela adorava ir a biblioteca e ler os segredos dessa terra antiga, antes de sermos a família real, ela lia para mim todas as noites. Nossa família parecia perfeita. Mas então, um dia ela não voltou para nós."
"Depois disso, o mundo mudou para mim e minha família. Meu pai e meu irmão nunca me falaram o que aconteceu, apenas dizem que a magia a matou, mas eu não acredito nisso, assim como eu não acreditou que a magia tenha acabado. Meu pai, o rei nunca gostou que a mamãe lia sobre os seres mágicos que já habitaram essas terras, ele sempre falava e ainda fala que tudo isso é mito e lendas. Assim, depois que a mamãe morreu ele mandou queimar todos os livros que falavam dos reinos e o seres que já habitaram essas terras. Eu não falo porque sou proibida, mas eu acredito que eles estejam vivos e que estão apenas aguardando a hora certa de voltarem."
Selena sorriu com a resposta da princesa, a doce jovem que cuida desde quando ela era apenas uma garotinha de 10 anos.
"Os meus sonhos começaram logo após a morte de minha mãe. Não sei o motivo, e naquela época, não entendia o que significavam, mas sentia que algo importante estava sendo mostrado, só que eu nunca consegui alcançar. Despois de vários dias seguidos de sonhos estranhos e acordando durante a noite assustada, papai e meu irmão começaram a achar que eu estava ficando louca, então deixaram que outras pessoas cuidassem de mim e me mandaram para a ala norte do castelo, longe deles. Pelo menos não me privaram de estudar, ter amigos e quando você chegou tudo ficou melhor"
Ela piscou, voltando ao presente. O quarto estava quieto, a chuva caia calmamente do lado de fora, enquanto ela olhava pelas grandes janelas de seu quarto.
"E agora, depois de tantos anos, esse sonho ainda me persegue. Só que desta vez, é como se estivesse ficando mais real. Mais detalhado, como se algo estivesse preste a acontecer e eu precise saber o que é."
Selene a olhou atentamente, e então, suavemente, perguntou: "Você acha que isso pode estar relacionado ao que aconteceu com sua mãe?
Ela ficou em silêncio por um longo momento, sem saber como responder. Mas algo dentro dela dizia que não, sua mãe foi apenas uma coincidência e que esses sonhos iriam vim de qualquer jeito. De alguma forma, todos aqueles símbolos, aquela figura feminina estavam conectados.
"Acho que não, acho que é algo maior e minha mãe foi só uma peça" ela murmurou, fechando os olhos por um breve instante "Mas preciso descobrir o que significa"
Continua....
YOU ARE READING
Guardiãs da Luz - Karlena
Fanfiction☘️Não está disponível para adaptações☘️ Em um mundo antigo onde a magia foi esquecida e desacreditada por forças humanas, a princesa Helena Luthor e a Elfa guerreira Karathiel são atormentadas por sonhos enigmáticos. Quando as trevas começam a consu...