water under the bridge - 2yeon

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oioii! demorei mas apareci de novo! essa one shot foi meio que um desafio pra mim já que não sou tããão fã de angst assim, mas queria muito tentar algo novo, então espero que gostem <33 e comentem suas opiniões!!


"Às vezes eu acho que ela vai me deixar." murmurou Jeongyeon, suas palavras eram um sussurro atravessando a música alta que saía dos alto-falantes do bar. Sua voz estava tão baixa que ela mal conseguia se ouvir, quanto mais esperar que Jihyo entendesse cada palavra em meio ao barulho de copos e risos ao redor delas. "Eu sei que ela vai me deixar." repetiu, seu olhar fixo no fundo do copo, como se a resposta pudesse estar escondida ali.

Elas estavam sentadas a uma mesa em um canto de um bar absurdamente barato, barato até demais para o gosto de Jihyo. O blazer de Jeongyeon estava pendurado nas costas da cadeira. Ela havia vindo direto do trabalho, e a sensação de tontura em sua cabeça não era só pelas poucas cervejas que havia bebido. Era também o sentimento que ela estava tentando tanto descrever para sua melhor amiga. "Eu sinto, Hyo, e eu não vou culpá-la ou ficar com raiva dela quando isso acontecer."

Jihyo estava sentada do outro lado da mesa com uma expressão preocupada no rosto, porque ela, mais do que ninguém, podia ver a tempestade e o desespero se formando por trás dos olhos de Jeongyeon. Jihyo estendeu a mão por cima da mesa e apertou a de Jeongyeon, sua própria voz tentando cortar o barulho. "Ela não vai te deixar." insistiu Jihyo. "Ela te ama, Jeong. Pare de ser boba." Mas havia um peso nas palavras de Jeongyeon que não era invenção. No fundo, ela sentia que os medos de Jeongyeon não eram apenas paranoia de quem bebeu demais — eram uma verdade se aproximando, a um passo de se tornar real.

Ela e Nayeon, sua esposa, costumavam ser o par perfeito. Pareciam se encaixar como peças de um quebra-cabeça, preenchendo as lacunas uma da outra de maneiras que pareciam quase predestinadas. Nayeon se apaixonou primeiro. Quando estavam no ensino médio, Jeongyeon era a garota com quem todos queriam estar — sorriso fácil, andar confiante e uma energia magnética que atraía as pessoas, mas, de alguma forma, Im Nayeon teve a sorte de sair com ela. Não é que Nayeon fosse esquisita naquela época, ela apenas não conhecia muitas pessoas e não sabia exatamente como se aproximar de ninguém, então sua técnica foi bastante interessante. Jeongyeon tinha um chaveiro pendurado em sua mochila, em forma de um pequeno cachorrinho de pelúcia, e então, um dia, ela encontrou a garota mais velha no seu armário, lutando com o cadeado, o cenho franzido de concentração. Quando Jeongyeon se aproximou, Nayeon deu um pulo para trás, assustada, mas não antes de deslizar um chaveiro em forma de coelho lá dentro com um bilhete preso a ele, fazendo-a corar em vários tons de vermelho. Se ambas vasculharem as lembranças, provavelmente conseguiriam se lembrar das palavras exatas escritas naquele pequeno pedaço de papel, algo como:

"Yoo Jeongyeon-ah! Eu gosto muito do meu chaveiro de coelhinho, então, por favor, devolva-o para mim no sábado, às 18h, na cafeteria dos pais da Momo, depois de eu te levar ao cinema às 16h, então não se atrase!".

Nayeon insistiria hoje que havia sido muito mais poética e romântica, mas Jeongyeon se lembrava do bilhete ser tão encantadoramente direto e um pouco desajeitado quanto a própria era Nayeon na época. Ela tinha visto Nayeon do outro lado do corredor, claramente nervosa, mexendo no cadeado do armário, e decidiu esperar até que ela terminasse antes de se aproximar. Naquele sábado, Jeongyeon apareceu no cinema exatamente às 16h, com o coração batendo de um jeito que ela não havia previsto. Ela ficou com o chaveiro de coelhinho e deu a Nayeon o de cachorrinho em troca.

Na faculdade, Jeongyeon e Nayeon encontraram uma maneira de fazer o relacionamento funcionar, mesmo que tivessem acabado em universidades diferentes, em cidades diferentes. Elas precisaram ser criativas para encurtar a distância. Os feriados se tornaram uma salvação, os raros momentos em que podiam se ver pessoalmente. Nos fins de semana, faziam chamadas de vídeo para assistir a um filme simultaneamente, e, nos dias de semana, mantinham os laptops abertos, estudando lado a lado através de videochamadas, mesmo estando a centenas de quilômetros de distância.

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