3 ANOS DEPOIS
Sorri quando a madre superior Madalena, tocou meus ombros, também sorrindo, dando os parabéns pela formatura e eu estava mesmo muito contente pela primeira vez estar me formando em alguma coisa, mesmo sendo de noviça para freira. Aqueles três anos foram muito importantes para mim, além de manter minha mãe em segurança.
Fugir de Flores doeu muito, pois aquele lugar foi onde nasci e cresci — eu amava o condado, no entanto, dada a situação da cidade e minha própria, fugir foi a melhor decisão. Quando bati nas portas da paróquia e encontrei o padre Kim, soube que havia esperança. Ele me deu esperanças e cumpriu bem sua promessa.
Apesar de não possuir qualquer vocação como freira, aceitei aquela nova realidade de peito aberto. Passei por muitas dificuldades, pois por anos fui apenas lixo, uma prostituta e ladra, mas ali estava recebendo uma nova oportunidade de seguir em frente de uma forma mais digna. Camila, minha amiga mais antiga, certamente riria — na verdade ela riu quando lhe disse uma vez que seria freira. Quem diria que aconteceu.
Meu corpo não pertenceria a mais nenhum outro homem imundo, devotando-o exclusivamente para Jesus. Em contrapartida, nunca fui religiosa e sequer tinha alguma crença, do tipo Deus e Jesus, porém aquela tornou-se a solução a qual deveria me agarrar, se queria sobreviver. Estava muito cansada daquilo — apenas sobreviver. Infelizmente aquele era o destino, pois nem todos foram escolhidos para algo importante.
Sendo então uma freira formada, recebi a missão de ajudar no hospital anexado ao convento Nossa Senhora de Fátima e enquanto treinava como noviça, participei de aulas de enfermagem. Acabei me afeiçoando à profissão e me esforcei muito para fazer um bom trabalho — até estava conseguindo, até...
— Já deixei claro que não quero novatas com meus pacientes.
Do KyungSoo, chefe do departamento de traumas, médico psiquiatra, padre e um chato de galocha. Terrivelmente ranzinza, o padre médico coreano fazia da vida das freiras um grande inferno e odiava ensinar os novatos. Pela graça de Deus pai fui aluna do Dr. Gregório, que era um senhor simpático e sempre pronto para compartilhar seus conhecimentos.
Infelizmente o padre KyungSoo era o chefe do departamento onde fui jogada para trabalhar, pois minha mãe estava justamente sendo tratada naquela parte. Sua dependência química havia se tornado incontrolável e nos três anos internada, não teve qualquer melhora. Outros médicos estavam quase desistindo do tratamento, porém o padre KyungSoo a tomou como paciente e ele até podia ser um imbecil, mas nunca desistiu dela.
Todas as freiras novatas se borraram de medo dele e no começo eu também tinha — abaixando a cabeça e apertando os dedos em nervosismo sempre que era repreendida. Entretanto, minha língua não suportaria muito tempo ficar dentro da boca. Meu lado cristão dizia para ficar quieta e ser uma boa menina, mas a v*dia louca habitando meu corpo, gritava para xingar aquele infeliz.
— Como vou deixar de ser novata, se não tiver experiência? — rebati virando para ele.
As outras freiras arregalaram os olhos com minha resposta e vi quando a madre superior passou atrás, parando incrédula, mas esperando a resposta do padre ranzinza. Ele me encarou como se quisesse me explodir ali na frente de todo mundo. Seus dedos apertaram a prancheta e deu um passo em minha direção. Como não queria mostrar ter medo, mantive os pés fincados no mesmo lugar.
Sempre deixei as pessoas pisarem em mim, sorrindo e fingindo que nada no mundo me afetava, porém nunca mais seria uma mocinha indefesa e caladinha. Aquele padre zoiúdo aprenderia o lugar dele, mesmo sendo meu superior. Apesar de não ser tão alto, eu ainda era bem mais baixa e ele me encarou de cima abaixo, como se fosse merda fedida.
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Padre_ Série: Desejo Profano livro 5 (D.O)
Romance"Dentro do coração dos ímpios, a luz tenta brilhar" As portas do inferno se abriram para ela desde o dia que viu sua família ser extinta. Seu corpo não a pertencia, sua alma não a pertencia, pois em uma cidade tomada pelo pecado, o que lhe resta é a...