Os olhos dele permaneceram fixos nos meus, enquanto mantinha os braços ainda ao redor da paciente, protegendo-a de qualquer mal. O padre deu passos cautelosos para dentro da enfermaria e apesar de trêmula, me mantive firme, pois não desejava desmoronar ali na sua frente. Ele por sua vez, encarou a menina machucada, soltando um suspiro logo em seguida.
Padre Do apertou a campainha e duas freiras entraram na enfermaria, espantando-se com aquela cena lamentável. De acordo com as regras, apenas as freiras tinham autorização de entrar na ala feminina durante o período noturno. Os enfermeiros e médicos deveriam estar acompanhados por elas a todo momento, por isso não pareceu surpresa que o padre Do estivesse ali e elas apareceram tão rápido.
— Verifiquem o estado da paciente — ordenou para as duas, que me encararam confusas, mas ele se aproximou, segurando meu braço. — Vou cuidar da irmã Stefanny e depois venho verificar o trabalho de vocês. — As duas irmãs assentiram rapidamente.
Sequer percebi o quanto estava desmoronando, quando as mãos do padre me amparam. Apesar de não me distanciar da paciente, a força faltou quando o padre KyungSoo me ergueu e fui carregada sem grande esforço de sua parte. Ele não disse uma única palavra, me guiando para fora daquela enfermaria e indo até a sala de exames.
Fui sentada em uma das cadeiras ali e ele pegou os utensílios para cuidar de meus ferimentos. Meu rosto estava inchado e com hematomas roxos e mal conseguia vê-lo devido os olhos inchados, ou seja, minha aparência estava péssima — nem queria me imaginar naquele momento.
O choro ficou engasgado na garganta e por mais que quisesse chorar como uma criança, controlei as lágrimas, pois não queria parecer uma bobona na frente do padre. Naquela noite eu já tinha sido humilhada o suficiente, o corpo todo doía, então não desejava me desgastar ainda mais com brigas fúteis com o padre.
— O que houve na enfermaria? — ergui a cabeça, que estava baixa, encarando os sapatos de verniz pretos. — Pacientes dormindo não fariam isso com seu rosto. — Novamente senti um nó se formando em minha garganta, pois lembrei da ameaça do enfermeiro.
Mesmo morrendo de medo por mim, também pensei na menina violentada e não queria que fosse machucada novamente. Ficar de boca fechada parecia ser a solução sensata, enquanto pensava em algo para resolver aquela situação.
— Não vai me dizer? — insistiu e desviei de seus olhos.
— Não há nada a falar. — Murmurei com o choro entalado.
— Infelizmente tenho um dever com os pacientes desta instituição e a paciente em questão estava machucada e chorando, enquanto parecia sedada. Você viu alguma coisa e se recusa a contar, mas é melhor contar, ou... — virei lhe encarando séria.
— Ou o quê? Vai me bater também? — ralhei, vendo-o cerrar os olhos.
— Quem fez isso com as duas?
— Isso não é da sua conta! — Os olhos dele dobraram de tamanho e o rosto virou um tomate, pois eu havia lhe enfurecido.
— Como isso não é da minha conta, mulher burra? — dessa vez foram meus olhos a se arregalaram e em um ato de autodefesa, desferi um tapa estalado no rosto do padre, virando-o com o impacto.
— Irmã! — Olhei para o lado e madre Madalena estava na porta da sala, os olhos arregalados e uma expressão que certamente comeria meu fígado. — Como ousa agredir o padre? — Recuei a mão, pois haviam regras bem severas sobre destratar superiores.
Além do padre Do ser um clérigo nível acima, também era o médico chefe de departamento. Sendo eu uma recém formanda, não poderia tê-lo agredido daquela maneira. Madre Madalena, pediu para ele sair da sala, ficando responsável por cuidar dos meus ferimentos e estando nós duas sozinhas, afirmou que aquilo teria punição.
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Padre_ Série: Desejo Profano livro 5 (D.O)
Romance"Dentro do coração dos ímpios, a luz tenta brilhar" As portas do inferno se abriram para ela desde o dia que viu sua família ser extinta. Seu corpo não a pertencia, sua alma não a pertencia, pois em uma cidade tomada pelo pecado, o que lhe resta é a...