Outono

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A brisa do bosque era suave e calorosa, acariciando as folhas verdes da grama e das árvores. Alguns animais aproveitavam a brisa, do lado de fora de suas tocas ou ninhos para deixar o vento acariciar deus pêlos e penas

Era um dia ensolarado e bonito. O céu límpido era de um azul forte, tão lindo. Não havia uma única nuvem no céu, o que deixava o dia ainda mais belo

Naquele bosque, em uma campina vasta, com a grama dourada alta, recheada de flores silvestres e coloridas

Os animais ali reunidos também aproveitavam da brisa para relaxar, saindo de suas tocas e ninhos para sentir a brisa acariciar seus pêlos e penas

Ao centro da clareira, um rapaz brincava com um filhote de cervo, correndo de um lado para o outro para que o filhote o acompanhe, recheando o som da brisa com seu riso doce e melodioso

Seus passos suaves sobre a grama criavam flores com o toque, deixando uma trilha perfumada e bastante delicada por onde passava

O filhote pulou alegre, chutando o ar em empolgação. O rapaz riu e se sentou sobre as panturrilhas, chamando o pequeno cervo ao bater as palmas na terra - o que criou novas flores

O filhote pulou até ele, cheirando as flores com alegria. O rapaz tocou o pêlo do pequeno cervo, o acariciando suavemente

O pequenino bateu os cascos no chão, enfiando o rosto embaixo da palma do rapaz, pedindo carinho ali. O rapaz riu suave e obedeceu ao pedido, acariciando a face do filhote, que fechou os olhinhos escuros com o afago gentil

Naquela mesma clareira, sentadas de maneira mais afastada ao observar os dois brincando, estava a mãe corça - seu pescoço enfeitado com um colar de lírios brancos, presenteado pelo rapaz como agradecimento por deixar ele brincar com o filhote dela - e, ao lado dela, uma mulher de cabelos longos e negros como a escuridão se encontrava

Seus fios em ondas delicadas, como aquelas feitas pelo trigo em um brisa suave, estavam parcialmente soltos - uma parte estava trançada, criando uma coroa com seus próprios cabelos ao redor da cabeça. Trigo estava trançado junto às mechas negras, apontando para fora como uma coroa de louros. Sobre sua testa, pendurada entre suas sobrancelhas negras, uma pequena jóia vermelha era adornada com ouro, que também fora parcialmente trançado junto aos seus cabelos

Seu corpo esbelto era magro, elegante, de pele leitosa e delicada. Seu pescoço era enfeitado com um colar de rubis elegante, que descansava sobre o colo de seu peito. Braceletes idênticos prendiam ambas as pontas de um tecido transparente, de um tom dourado suave, deixando o meio do tecido pairar na altura de seus tornozelos nus

Estava descalça, com os pés escondidos pelo tecido dourado de seu vestido. Seu busto mediano em destaque pelo "V" feito sobre ele e em suas costas, deixando o tecido livre após sua cintura, leve e esvoaçante, sempre acompanhando o vento quando ela caminhava

Tinha um olhar frio em seu comum. Olhos claros como o céu que já foram mais brilhantes, agora, eram escuros por seus segredos e dores protegidos por uma forte camada de gelo

Entretanto, para o rapaz naquela clareira, seu olhar se tornava suave e carinhoso

Um olhar que não era direcionado à seus outros filhos, pouco se importava com eles - apenas a lembravam de coisas horríveis e momentos de dor. Mas Regulus...

Regulus era perfeito, mesmo que sua figura traga memórias ruins, ele era como ela fora um dia. E a deusa devia protegê-lo

Para que, o que houve consigo, não aconteça com seu filho tão perfeito

Com esse pensamento, ela garantia que nenhum deus saiba da aparência de Regulus. Garantia que ele fique escondido, que nunca suba aos céus, que nunca conheça um deus diferente dela e Evan - que era inevitável de se conhecer, o deus dos viajantes ainda a enviava mensagens dos outros deuses

O deus da primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora