Maravilhado, Regulus seguia por entre seu mais novo jardim, descrente que James havia de fato feito o impossível — por mais que fosse um deus, era claro que ele não entendia nada de plantas
Conforme caminhava entre elas, as flores e árvores sussurravam elogios para si. E fato de todas o chamarem de "rainha", fazia o rapaz crer que James teve uma conversinha com cada exemplar do jardim — pensamento que o arrancou um riso contido
James era realmente inacreditável. Havia feito vida abaixo da terra apenas para sua felicidade e, caso não estivesse certo das palavras de amor do deus, talvez estivesse agora
Com sua felicidade e curiosidade em desbravar o novo jardim, sequer percebera que James não o seguia como imaginava. Sua mente maravilhada apenas pensava sobre o quão Belo era aquele lugar
E, observando o horizonte do mundo inferior, que terminava quando havia a queda para o Tártaro. E, embora o submundo fosse bastante polarizado, Regulus se via maravilhado com a dualidade daquela terra
Gostaria de conhecer os três Campos, conhecer Cérberus e presenciar alguns julgamentos de almas. Queria ver o mundo de James
Conhecer o trabalho do deus do submundo, que sempre dizia como fora difícil organizar a chegada das almas, separar suas filas e manter a ordem em um local caótico por natureza
E isso encantava Regulus. Sua curiosidade sobre aquele novo mundo, sobre James acima de tudo
Queria conhecê-lo, se via cativado por suas ações sempre cautelosas e carinhosas. Suas palavras doces e protetoras, embora nunca o negasse qualquer experiência — James não o impedia de gritar, quebrar as coisas, se machucar
E, agora sabia, que não o impedia de ir aonde quisesse ir. Tinha certeza que o deus o levaria para qualquer lugar naquele mundo tão pequeno — mas tão grande para Regulus, que mesmo na superfície, não poderia ir em lugar algum, mesmo que pedisse para sua mãe
Pensando nisso, o jovem deus se entristeceu e se confundiu, sem saber o que faria com a informação de uma possível guerra entre James e sua mãe por sua causa
James parecia tão poderoso
E, mesmo que sua mãe seja assustadora, o fato dela "temer" o mundo inferior — como James o contara — indicava que Walburga estava ciente sobre o poder do deus dos mortos
Sem pensar sobre isso, Regulus apenas suspirou, dedilhando as belas e brilhantes flores — que se curvavam para seu toque, sussurrando elogios para si
Ao caminhar, se dera conta de que estava se aproximando do centro do jardim — era nítido que a forma das estátuas em detalhe com as plantas estavam se tornando mais belas conforme andava, era claro que estava perto do destaque do jardim
Se surpreendeu quando percebera o que era o destaque. Ao centro do jardim, uma árvore se destacava nitidamente das demais — tão brilhantes e nunca vistas outrora
Seu caule era ressecado, escuro, como se estivesse morta. Suas folhas, secas e negras como a penumbra do mundo inferior. Mesmo assim, exibia lindos frutos de um vermelho escuro, arroxeado, eram romãs tão bonitas que Regulus sentiu sua boca salivar — estava a tanto tempo sem comer e suas frutas favoritas pareciam tão suculentas
Curioso sobre a árvore — que parecia tão diferente do jardim e, ao contrário das outras árvores do submundo, ela exalava vida — segurou a saia de seu vestido e se aproximou com seus passos suaves — que, ao contrário do costume, não faziam flores nascerem, em seu caminho, faziam as flores de pedras preciosas brilharem mais, balançando felizes, como se recebessem a luz solar após tempos sem vê-lo
A grama negra fazia cócegas em seus pés, era refrescante e Regulus suspirou repleto de saudade daquela sensação. Segurou ambos os lados do vestido e girou alegre, rindo contente pelo momento perfeito
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O deus da primavera
FanfictionQuando os deuses ainda vagavam pela Terra, criando as leis do mundo e universo, um pequeno deus surgiu. Um jovem que encheu a terra de alegria, fazendo nascer as mais belas flores Sua mãe o amava muito, era o filho favorito. Por saber da grande bele...