Poderes

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Ricc, Ellie e Clara estavam no quarto de Ricc, todos os três debruçados sobre uma mesa, encarando um copo cheio d'água com intensas expressões de expectativa e curiosidade. Depois do estranho incidente na escola, havia poucas dúvidas: Ricc tinha algum tipo de poder, mas ainda era um mistério como controlá-lo.

— Talvez você tenha algum tipo de telecinese — sugeriu Clara, com os braços cruzados, enquanto dava de ombros. Sua expressão era despreocupada, como se estivesse fazendo apenas mais uma observação casual.

Ellie, ao lado de Clara, franziu a testa em discordância.

— Não faz muito sentido para mim! — ela começou, ajustando-se na cadeira. — Ele é um tritão. Deve ter um poder relacionado à água, já que a garrafa estava cheia d'água quando aconteceu.

Ricc, que até então havia permanecido em silêncio, concordou com Ellie. Ele soltou um suspiro e passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrado.

— Concordo com a Ellie, não faria sentido ser algo como telecinese — disse ele, enquanto olhava para o copo com uma mistura de esperança e frustração.

Respirando fundo, Ricc se ajeitou na cama, sentado com a postura mais firme. Ele encarou o copo de vidro transparente à sua frente. O silêncio no quarto era quebrado apenas pelo som distante do vento lá fora.

— Ok. Vamos lá — murmurou, com determinação na voz, erguendo o braço em direção ao copo.

Ele começou a mover a mão no ar, tentando focar toda a sua energia na água, esperando que ela respondesse. Mas nada aconteceu. Nenhuma ondulação, nenhuma gota fora do lugar.

— Merda! — Ricc bufou, com o desapontamento pesando em suas palavras.

Ellie, sempre a mais otimista, inclinou-se para frente com um olhar encorajador.

— Não desiste, Ricc. É só questão de tempo. Você consegue! — disse ela, tentando elevar o ânimo dele.

Ricc assentiu em silêncio, embora a frustração estivesse estampada em seu rosto. Ele voltou a tentar, mexendo a mão de diferentes formas, como se estivesse procurando o movimento exato que ativaria seu poder. Dez minutos se passaram. Dez longos minutos de tentativas frustradas, enquanto nada acontecia com a água no copo.

Finalmente, a paciência de Ricc se esgotou. Ele deixou cair o braço, seus olhos queimando de raiva e impotência.

— AI, QUE ÓDIO! EU DESISTO! — gritou, jogando-se de costas na cama com um suspiro exasperado.

Clara se aproximou de Ricc e, com um gesto firme, o ajudou a se levantar da cama. Ela segurou seus ombros por um momento e olhou profundamente em seus olhos, como se quisesse transmitir alguma força interior.

— Feche os olhos e tente sentir a água. Concentre-se — instruiu ela, com sua voz baixa, porém cheia de determinação.

Ricc assentiu, sentindo a seriedade no olhar de Clara. Ele respirou fundo, fechou os olhos lentamente e ergueu o braço em direção ao copo mais uma vez. Agora, sua mente estava focada em tentar sentir a água dentro do copo, como se fosse uma extensão de si mesmo. Ele bloqueou o resto do mundo, concentrando-se unicamente naquele pequeno volume de água.

Depois de dois minutos de silêncio, ele começou a sentir um formigamento sutil percorrer seu corpo, como uma corrente elétrica leve. Sua respiração se tornou mais suave, e ele se sentiu estranhamente leve, como se estivesse flutuando. Com isso, ele instintivamente moveu a mão.

— Amigo... amigo! — Clara o cutucou suavemente, sua voz carregando um tom de surpresa.

— Oi? — Ricc respondeu, abrindo os olhos devagar, piscando para ajustar a visão. Ele viu Clara parada, com os olhos arregalados, mirando algo acima da mesa.

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⏰ Última atualização: Oct 14 ⏰

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