𝐓𝐑𝐄𝐈𝐍𝐓𝐀 𝐘 𝐓𝐑𝐄𝐒

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[ REAL LIFE ]

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[ REAL LIFE ]

ERA TARDE DA NOITE no hotel de concentração da seleção argentina, e o silêncio era quase absoluto. No quarto que Gabriel dividia com Enzo e seu filho Lorenzo, o único som que se ouvia era a respiração suave de quem dormia. Lo, com apenas três anos, estava profundamente adormecido, aninhado entre as cobertas ao lado de seu pai. Gabriel estava exausto, o corpo dolorido dos treinos e a cabeça cheia de pensamentos, principalmente sobre o confronto com os Países Baixos. Ele tentava dormir, mas seu descanso era leve, perturbado por um misto de ansiedade e preocupação.

Enzo, por outro lado, dormia como uma "estrela do mar", os braços e pernas esticados como sempre. O cenário era familiar e tranquilo — até o toque insistente de um telefone vibrando no criado-mudo. Gabriel abriu os olhos devagar, ainda confuso, e viu o número desconhecido piscando na tela de seu celular. Seu coração acelerou levemente. Quem ligaria a essa hora?

Com um gesto cuidadoso para não acordar o filho, ele pegou o telefone e saiu discretamente do quarto, fechando a porta atrás de si. Atendeu a chamada, tentando manter a voz baixa.

— Alô? — perguntou, um pouco grogue, enquanto olhava para o relógio. Era quase 3 da manhã.

— Gabo? — A voz do outro lado era familiar, mas o som trêmulo e urgente a fez soar estranha. — Sou eu, Alberto, o vizinho da sua avó... de Álamo Seco.

Imediatamente, o corpo de Gabo ficou tenso. Seu coração, que antes batia de leve, agora parecia martelar em seu peito. Ele conhecia Alberto desde criança, um vizinho que morava perto da casa de sua avó Amélia, a única família que lhe restava por parte de mãe.

— O que houve, Alberto? — ele perguntou, a urgência crescendo em sua voz.

— Garoto... sua avó, Amélia, ela foi parar no hospital. Parece sério... muito sério. Ela está muito fraca, e o médico disse que... bem, que é melhor você vir urgente para a aldeia. Não sei quanto tempo mais... — Alberto parou de falar, e a pausa parecia carregar o peso de tudo o que ele não conseguia dizer.

O mundo de Gabo, que já estava tumultuado, pareceu despencar de vez. A imagem da sua avó, a mulher que sempre o apoiou quando tudo ao seu redor parecia desmoronar, surgiu clara em sua mente. Amélia sempre foi sua rocha, a única lembrança viva de sua mãe, que ele perdeu muito jovem. E agora... ela estava no hospital, frágil, talvez nos últimos momentos de vida.

— Eu... eu entendi. — Messi engoliu em seco, sentindo a garganta fechar. — Eu vou o mais rápido que puder.

— Eu sinto muito, garoto. Eu realmente sinto. — A voz de Alberto tremia do outro lado da linha.

O jogador desligou o telefone, a mente em turbilhão. Ele encostou-se na parede do corredor do hotel e fechou os olhos. Sentiu uma dor profunda no peito, uma mistura de angústia e culpa. Ele estava longe, focado no futebol, na seleção, enquanto sua avó, a pessoa mais importante de sua vida, estava lutando pela sobrevivência do outro lado do oceano, na pequena Álamo Seco.

𝐑𝐄𝐅𝐋𝐄𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍𝐒 | ᶜʰᵃʳˡᵉˢ ˡᵉᶜˡᵉʳᶜOnde histórias criam vida. Descubra agora