THREE

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   Você abriu os olhos naquela manhã com um peso enorme no peito, como se algo estivesse errado desde o momento em que acordou o sol invadia o quarto com uma claridade suave, mas seu corpo parecia mergulhado em um estado tão exausto cama quase como se seu corpo implorasse para que sua derme  se fundisse com o colchão e por fim poderia ser feliz.

   Nem ao menos havia conseguido pegar no sono durante a madrugada, as memórias sombrias se fazendo presentes em sua mente, quase como se fizessem questão de torturar você a todo segundo, queria chorar, gritar, implorar por misericórdia. Eram exatas seis da manhã quando os primeiros raios de sol se fizeram presentes e você finalmente conseguiu descansar as orbes cansadas.

   As oito da manhã seu relógio despertou sob a cabaceira em um som extremamente irritante lhe informando que teria que ir ao trabalho.

   Você se arrastou de forma preguiçosa, a mensagem de Megumi não estava na tela de seu celular como sempre estava ao acordar se costume, bocejou de maneira cansada. Exausta.

   Na clínica veterinária, o clima estava estranha seus colegas de trabalho evitavam contato visual, e o silêncio era tão pesado quanto a sensação de que algo estava prestes a desmoronar. Você tentou ignorar o desconforto, focando nos animais que passavam por você, as patinhas inquietas contra o piso frio, o som de latidos distantes ecoando pelos corredores. Era sua válvula de escape. O único momento do dia em que sua mente se afastava das sombras que te seguiam.

   Nem mesmo seu melhor amigo havia comparecido ao trabalho, você já havia perdido as contas de quantas mensagens havia enviado para o homem de olhos azuis. Precisava dele, precisava de algum lugar para ficar, estava inviável não conseguir ao menos fechar os olhos para que tivesse ao menos uma noite descente de sono.

   Foi quando o seu dia — que até aquele momento parecia impossível de piorar — piorou, sua chefe te chamou a sala dela e sem muitas delongas sua voz áspera se fez presente, você sentia que aquela mulherzinha de fato não suportava ver a sua cara.

   — Está demitida, Sophie.

   Ela disse de maneira severa antes de começar a jogar todas as suas falhas sem pensar duas vezes, cada palavra dela parecia uma sentença. Demissão. Faltas injustificadas. Problemas de comportamento. As desculpas vieram como socos, cada uma afundando mais e mais o nó no seu estômago.

   — Precisamos de alguém comprometido.

   — Mas eu...

   Você tentou argumentar, tentou se explicar, mas as palavras morreram na sua garganta ao o que a mulher mesquinha elevou a destra lhe impedindo de continuar seu discurso de dó.

   — De-mi-ti-da.

   Ela disse fazendo questão de quase cuspir as sílabas. Você quis gritar. Seus olhos se enchendo de lágrimas, cerrou os punhos

   Estava no limite ali

   Ao sair da clínica, o ar frio da rua bateu no seu rosto, arranhando a pele macia da bochecha, as lágrimas quentes se fazendo presente. O nó no peito se apertava mais a cada segundo, e a sensação de fracasso era insuportável. Você queria desaparecer. Queria sumir no meio daquela multidão de rostos anônimos, se perder entre desconhecidos e nunca mais olhar para trás.

   Foi nesse momento, enquanto caminhava quase sem rumo pelas ruas da cidade, que seu celular vibrou.

   Você congelou. Seu coração batendo como louco, quis gritar, correr e se esconder, segurou o mesmo com cuidado, a mão completamente trêmula.

   Nobara: "Sair hoje à noite?"

   A mensagem era curta e direta, com aquele toque despreocupado e provocativo que ela sempre tinha. Você hesitou, sabendo que Megumi não aprovava. Ele já tinha te avisado mil vezes para manter distância dela, ele dizia que de todas aquela mulher era o pior tipo de amizade que você poderia ter.

𝐏𝐋𝐀𝐘 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐅𝐈𝐑𝐄 ; Toji FushiguroOnde histórias criam vida. Descubra agora