Breathe

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❗ALERTA: essa one contém ansiedade/ataque de pânico e homofobia.❗





Hongjoong teve um dia difícil. Muito ruim, se ele fosse honesto consigo mesmo. Choveu, e choveu muito – e tudo isso enquanto ele estava fora, começando apenas quando ele havia acabado de sair do trem (que ele havia perdido e teve que pegar um mais tarde).

Na pressa para chegar ao estúdio, seus papéis ficaram encharcados, aqueles com letras e melodias rabiscadas desordenadamente que ele havia criado durante a viagem de trem. E ele havia gostado particularmente daqueles, então, quando finalmente chegou ao estúdio, coberto com água de chuva suja, ele se permitiu chorar de frustração por uma hora. E se não fosse ruim o suficiente, enquanto tentava salvar o que podia das folhas de papel, elas rasgaram sob suas mãos trêmulas, perdendo ainda mais da música que estava se formando.

Ele chorou e chorou, e quando finalmente parou, percebeu que nunca havia comprado café, algo que ele precisava já que ele tinha dormido talvez duas horas na noite anterior. Então, com frustração após frustração, decidiu fazer uma pausa e ir buscar aquele café.

No caminho para a loja, com a chuva ainda caindo, ele esbarrou em um homem – que então tirou um tempo do seu dia para chamar Hongjoong de "viado de merda" e cuspiu em seus sapatos.

Agora, Hongjoong tentou se desculpar, ele realmente tentou, mas em vez disso, apenas se queixou fraquinho e se afastou, pensando que talvez não deveria ter usado uma maquiagem tão chamativa hoje.

E quando ele finalmente chegou ao café, exatamente quando estava pagando pelo miserável café – ele percebeu que havia esquecido sua carteira no estúdio. E ele se sentiu humilhado. Estava molhado, estressado como nunca, e gemendo como um filhote perdido enquanto se desculpava com os funcionários. E enquanto derramava desculpas sem fim, alguém atrás dele gritou para ele "apressar-se", murmurando algo sobre o quanto Hongjoong estava sendo uma criança, e Hongjoong não aguentava mais. Então ele se desculpou mais uma vez antes de correr em direção aos banheiros, que felizmente não estavam ocupados, e fechou a porta atrás de si – trancando-a.

O garoto desabou no chão, soltando um soluço antes de colocar a mão na boca para abafar seus sons patéticos.

— O-oh Deus — ele engasgou, sentindo-se tão estressado, não sabia o que fazer. Ele se arrastou até que suas costas tocassem a parede e puxou os joelhos para o peito. Hongjoong podia sentir seu peito apertar, sentir sua respiração acelerar e sua mente girar rapidamente. Ele estava se perdendo, sabia disso. Então, por que não conseguia parar?

Ele rapidamente pegou seu telefone, procurando no bolso até que o tirou com as mãos trêmulas. E ele não conseguia ver bem a tela através das lágrimas, então deslizou para os contatos de emergência e pressionou o primeiro da lista.

A única coisa que poderia acalmá-lo.

— Alô? 

— S-Seonghwa...— Hongjoong engasgou. Pontos começaram a aparecer em sua visão.

— Joongie? O que aconteceu?— A voz do outro lado falou rapidamente, e Hongjoong podia ouvir movimento; sem que ele soubesse, Seonghwa estava saindo da cama e correndo para pegar suas chaves. 

— A-ajuda, por favor. — Hongjoong fechou os olhos, estava doendo demais, e ele não conseguia respirar. Por que não conseguia respirar?

— Onde você está, amor? Ainda no estúdio? Estou indo. 

— C-cafeteria, perto do meu prédio. — Seonghwa conhecia o lugar e já estava em seu carro indo para lá. Ele estava feliz por morar tão perto do estúdio de Hongjoong – isso acontecia com bastante frequência e Seonghwa estava sempre lá para ajudar o garoto de quem ele cuidava tanto. 

— Joongie, estou indo, amor, estou dirigindo agora. Ouça, você precisa respirar, está bem? Respira fundo, amor.— Hongjoong tentou, realmente tentou, mas a cada respiração que tentava, engasgava, caindo em mais um mar de lágrimas e dor. — Amor, olha, estou a dez minutos de distância. Merda. Só– onde você está? No banheiro?

Hongjoong assentiu, incapaz de processar o fato de que Seonghwa não podia vê-lo, e conseguiu emitir um pequeno e quebrado "sim".

Mantenha os olhos fechados, as luzes machucam.

— Amor, vá para a pia e coloque água fria nas mãos. Coloque-me no viva-voz. Você pode fazer isso para mim?

— S-sim. — Hongjoong rastejou até a pia, pelo menos onde ele lembrava que estava antes de fechar os olhos, e ele tateou até encontrá-la. Ele se levantou com ela e colocou o celular no balcão, abrindo os olhos apenas para colocar Seonghwa no viva-voz e ligando a pia para a água fria; então fechando-os novamente. — O-okay. — Ele colocou as mãos sob a água, o frio aguçando seus sentidos. Ajudou, só um pouco, mas pelo menos ele parou de respirar de forma tão errática.

— Ok, amor, apenas fique aí, ouça minha voz até eu chegar. Sinto muito por estar tão longe. Mas estou indo, amor – eu prometo.




Quando Seonghwa chegou, Hongjoong já estava no chão novamente, desabando nos braços de Seonghwa após desbloquear a porta para ele. — H-Hwa — ele chorou, agarrando-se ao calor do suéter de Seonghwa.

— Está tudo bem, amor, estou aqui agora — disse Seonghwa. Após alguns minutos, Seonghwa cuidadosamente ergueu Hongjoong, posicionando suas pernas ao redor da cintura e escondendo o rosto do mais jovem em seu peito. — Bebê, mantenha os olhos fechados, estou te levando para casa agora.

 Hongjoong choramingou. Com uma mão livre, Seonghwa fez o possível para cobrir os ouvidos de Hongjoong dos sons altos da cafeteria e das ruas, levando-o rapidamente para seu carro. Ele colocou o garoto tremendo no banco do passageiro, fechou a porta depois de garantir que não o deixaria, e rapidamente caminhou para o lado do motorista, entrando e trancando as portas. Ligou o carro, ajustou o rádio no volume baixo e sintonizou uma estação de jazz que sabia que Hongjoong gostava, e se certificou de manter as janelas fechadas para que nenhum som alto entrasse no carro.

— Vai ficar tudo bem, amor — Seonghwa deixou a mão cair sobre a de Hongjoong, entrelaçando seus dedos com os do namorado que estava encolhido no banco, sob a jaqueta extra que o mais velho lhe havia dado.

— Você está bem.



Uma hora depois, Hongjoong estava bem, muito melhor.

Ele estava deitado em cima de Seonghwa no sofá, coberto por cobertores que envolviam os dois. O braço de Seonghwa estava ao redor da cintura de Hongjoong, e o outro acariciava seus cabelos. Estavam assistindo a um filme juntos, com todas as luzes apagadas. Seonghwa ofereceu fazer comida para eles, mas optaram por pedir algo, que estava a caminho.

Hongjoong sorriu ao lembrar o quanto Seonghwa o ajudou mais cedo – e o fato de que o mais alto ainda estava de pijama e chinelos quando chegou até ele. Seonghwa se inclinou para frente, dando um beijo no topo da cabeça do mais jovem, para o qual Hongjoong se aproximou ainda mais.

— Como está meu Joongie? Está se sentindo um pouco melhor?

— Muito, obrigado, Hwa — Hongjoong sussurrou, mantendo as mãos sobre as de Seonghwa, que estavam em seu colo.

— Fico feliz, amor. Sinto muito por tudo o que aconteceu. Amanhã eu te levo para sair, tá? Podemos ver os outros também — ofereceu Seonghwa, e Hongjoong imediatamente assentiu.

Ele sentia falta dos amigos, mesmo que os tivesse visto apenas dois dias antes e enviado mensagens todos os dias desde então. — Seonghwa?

— Sim, amor?

— Eu te amo.

Seonghwa o puxou mais perto, sorrindo brilhantemente para o garoto antes de beijá-lo suavemente.

— Eu também te amo.


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𝗔𝗻𝘅𝗶𝗲𝘁𝘆 𝗔𝘁𝘁𝗮𝗰𝗸 | 𝗦𝗲𝗼𝗻𝗴𝗷𝗼𝗼𝗻𝗴Onde histórias criam vida. Descubra agora