CHAPTER 6| LOUD NOISE

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SELENE
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Após tudo o que aconteceu, Ren me levou ao meu quarto, que ficava perto do dele. Ele disse que era para que, sempre que eu precisasse, ele estaria ali, disponível. A proximidade parecia reconfortante, mas também despertava uma confusão em meu coração.

— Você não precisa ficar sozinha — ele murmurou, a preocupação visível em seu olhar. — Se precisar conversar ou... apenas desabafar, estou aqui.

Senti um nó se formar em minha garganta. A noite anterior ainda pairava sobre mim, e as palavras de Rheron ecoavam em minha mente como um mantra inquietante. Como eu poderia me abrir para Ren sobre o que realmente sentia? Sobre a culpa e o desejo que me consumiam?

— Obrigada, Ren.  — respondi, tentando sorrir, embora soubesse que o vazio ainda me cercava.

Ele assentiu, mas não parecia convencido. O silêncio se instalou entre nós, pesado e carregado de perguntas não ditas.

Assim que entrei no quarto, a familiaridade do ambiente me envolveu. As paredes eram cobertas por tapeçarias sombrias, e a luz fraca das tochas lançava sombras que dançavam suavemente. Eu me sentei na cama, ainda processando as emoções que me dominavam. A conversa com Rheron ecoava na minha mente, e a presença de Ren parecia um consolo em meio ao turbilhão.

— E se eu não conseguir lidar com isso? E se eu me perder de vez? — murmurei para mim, a ansiedade transparecendo.

Ren sorriu levemente, sua expressão transmitindo uma calma que eu precisava.

—O importante é dar um passo de cada vez. Você pode não ter certeza do que é, mas isso não significa que não possa descobrir. A fome, o prazer... são partes de quem você é, mas não definem você totalmente.

Fiquei em silêncio, absorvendo suas palavras. O caminho à frente era incerto, mas, com Ren ao meu lado, talvez eu conseguisse enfrentar a nova realidade.

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Após isso ele me deixou no meu quarto.

A confusão causada pela saída repentina de Rheron me levava cada vez mais em um turbilhão de perguntas não respondidas. O que poderia ter acontecido para que ele me deixasse sem uma explicação, mandando-me permanecer na cozinha, como se eu fosse uma criança obediente e incapaz de entender o que estava se passando? .

Minha mente fervilhava de desconfiança e raiva contida. Eu posso mesmo confiar neles? Tudo o que aconteceu até agora. A questão queimava em minha mente. Odete.. ela sabe mais sobre mim do que eu mesma sei. Cada segredo escondido parece longe, distante, permanece fora de meu alcance, criando uma tensão insuportável dentro de mim.

Por que devo obedecer cegamente? O que está acontecendo que não posso saber? A curiosidade me consumia, cada músculo do meu corpo lutava contra a ordem que me foi dada, como se algo instintivo dentro de mim gritasse para eu seguir, para descobrir.

As palavras dele ecoavam na minha mente como chicotadas, ordenando-me a ficar na cozinha, como se eu fosse uma criança indefesa. Por que ele acha que pode me controlar assim? A frustração crescia, misturando-se com a crescente suspeita que queimava dentro de mim.

Eu não sou ingênua. E, definitivamente, não sou estúpida. O que eles estão escondendo de mim? A confusão é algo que vem se martilizando em meus pensamentos cada vez mais; o que me deixa mais frustrada.

O ar estava denso, carregado de um perigo invisível, e a sensação de estar de fora, de ser mantida no escuro, me corroía.

Por que eu deveria confiar neles?

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