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THOMAZ ENTROU no escritório com os passos barulhentos, propositalmente sendo um empata-foda. Alessandro ergueu a cabeça apenas o suficiente para olhar o amigo invadindo nossa privacidade. As mãos dele seguravam o meu rosto com ternura e suavidade, ação não esperada por ele. As últimas horas apenas puderam provar que esse assistente de conselheiro, Alessandro Bianchi, possui diversas camadas pelas quais eu queria descascar e romper.

O sorriso malicioso que Thomaz exibia fez com que eu me afastasse do homem sexy e colocasse uma mão na cintura esperando o que diabos o segurança da família falaria.

— Desembucha seu merdinha — incito, mas minhas palavras nada ameaçadoras apenas serviram para arrancar uma risada bufada.

Ele definitivamente era um idiota.

— Bem, eu sabia que você — ele apontou para Alessandro — seria o primeiro a interromper o descanso da nossa Don por Ausência — seu dedo deslizou em minha direção, apontando para mim em seguida — e você, Azedinha, precisa descansar e recuperar as energias.

Alessandro agarrou minha cintura com ambas as mãos e puxou o meu corpo contra o dele, minhas costas colidindo contra sua frente forte e dura. Seus braços enormes rodearam o meu corpo, abraçando-me por trás.

— Tenho certeza que você terá muito o que fazer — continuou Thomaz com uma expressão menos divertida, a seriedade sobre o trabalho me acertando em cheio — Por favor, relaxe. Tome um banho e durma um pouco.

Me recostei em Alessandro, seus dedos acariciavam minha cintura e a necessidade de tê-lo em minha pele cresceu. Notei como Thomaz nos observava, um misto de diversão, curiosidade e... desejo? Franzi a testa, mas o homem rapidamente mascarou seus sentimentos, porém, aquela pulga atrás da orelha ainda estava lá querendo investigar aquele sentimento.

— Certo, farei isso — respondo sentindo meu corpo relaxar nos braços de Alessandro.

Lábios quentes percorreram o topo da minha cabeça, descendo para o meu pescoço e então ombros. Era uma sensação relaxante, devo dizer.

— Por favor — brincou Thomaz com um sorriso de lado.

Assim que saí dos braços de Alessandro, me senti vazia. O calor de seu corpo me abandonou rapidamente, me deixando com frio. Ri de mim mesma, não lembrava quando fui tão sedenta e carente por um pouco de calor humano ou o que quer que eu esteja procurando nesse homem incrível.

Thomaz apontou para a minha mala que estava do lado de fora do escritório, mas no corredor vazio e estéril da casa. O segurança, ou devo dizer Capo, mostrou o quarto que estaria utilizando nos próximos dias, semanas ou meses. Primeira porta à esquerda, um dos cômodos tristes e idênticos. Suspirei entediada.

O tempo seria relativo. Eu possuía a consciência de que seria Don por Ausência, o poder estaria em minhas mãos nos próximos dias, o que poderia significar muita coisa e ao mesmo tempo nada. Eu era nova demais para a maioria das pessoas que trabalhavam para os Di Rosa, então o meu tempo era curto e eu precisava provar o meu valor, assim como fazer o meu nome.

Coloco a mala em cima da cama, a mesma que tem me seguido desde que saí de Brasília para o funeral do meu avô no interior do Tocantins. Infelizmente, com o meu encontro adorável com minha mãe, foi impossível arrumar minhas coisas e trazer para cá.

Suspiro empurrando o zíper da pequena mala de mão e olhando para dentro. Eu precisava lavar minhas roupas, em breve seria inviável utilizá-las. Devo me parabenizar, o meu lado exagerado fez com que eu me preparasse para uma viagem de cinco dias, sendo que durou menos de três.

Em Nome da FamíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora