ERA LOUCURA tentar escutar o que estavam berrando uns para os outros, ou até mesmo tentar entender os acontecimentos atuais. Olhei para Giulianno que ainda estava ao meu lado, ao contrário de mim, ele observava cautelosamente as famílias que haviam se levantado e avançando entre eles enquanto gritavam ordens e outras merdas. Possivelmente havia criado um problema para eles ao terem que responder a altura do solicitado, afinal, o prazo era curto.
— Bom, acho que terminamos por aqui — disse baixo para que apenas meus acompanhantes me escutassem.
Meu conselheiro virou-se lentamente para me encarar, havia um misto de emoções em seu olhar, mas eu não me senti à vontade em desvendar o que havia ali.
Me levantei, Thomaz entrando no modo guarda-costa como sua função exigia, pude observar suas costas largas guiando meus passos. Alessandro caminhou à minha esquerda analisando ao nosso redor e Giulianno à minha direita.
— Agora, — comecei lançando um olhar irritado para Giulianno — Por que não começa a me explicar o que porra aconteceu aqui?
O homem olhou para o outro lado, intimidado pelo meu olhar inquisitivo. Eu não era uma pessoa assustadora, nossa relação era boa. Aprendi muitas coisas interessantes com o consigliere, mas não estava suportando a falta de informação entre nós.
— Quero dizer... — parei nossa procissão e voltei a falar, já que ele não havia se pronunciado — eu sequer sabia desse lugar. Em seguida, não fui informada sobre como as coisas procederiam. Sequer pensei que haveriam tantas pessoas, incluindo minha própria família.
Giulianno engoliu em seco, ele esboçou um sorriso falso.
— Pelo amor dos deuses, que sorriso patético é esse? Parece que acabou de se molhar todo — resmunguei balançando a cabeça, pronta para retomar meus passos e sair da feira que aquela reunião havia se tornado.
Thomaz bufou na minha frente, ele sabia do que eu estava falando sem sequer virar para trás, o que me levou a pensar que Giulianno dava muitos sorrisos forçados.
— Eu não escondi deliberadamente... — Giulianno justificou, as palmas das mãos estendidas como um inocente sendo falsamente acusado.
— Certo — revirei os olhos dando um passo para frente apenas para esbarrar na pequena figura à minha frente.
Aquele tom de vermelho combinava perfeitamente com a Tia Nina. Seus lábios grossos combinavam com a cor de seus ondulantes cabelos, ela sorriu para mim, a diversão dançando em seus belos olhos castanhos.
— Você iniciou o caos, querida — ela brincou, ao menos alguém estava se divertindo. Seus braços me cercaram em um abraço apertado e reconfortante. Ela respirou fundo antes de expirar e afastar-se — Você é louca, exatamente como eu me lembrava.
Sorri ao ser inundada pelas memórias de quando era pequena.
Tia Nina sempre gostou de crianças, e por conta disso era a responsável legal pelo entretenimento da nova geração Di Rosa. Quando nos reuníamos nas férias de julho, caminhávamos pela propriedade no interior de Tocantins em busca de atividades enriquecedoras.
Quando o calor era insuportável, Tia Nanica nos levava até um córrego próximo para cavarmos nosso próprio corguinho. A memória era tão vívida que eu conseguia sentir o sol em minha pele e o cheiro do riacho, quase sentindo a temperatura gelada da água.
Lembro nitidamente como descíamos com o carrinho de mão, Kah sentada confortavelmente nele enquanto suas pequenas mãos seguravam com força as pás que usaríamos para dar profundidade no córrego.
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Em Nome da Família
RomancePENSEI QUE seria capaz de fugir da minha família, acreditei que se desaparecesse eles iriam se esquecer de mim e não seria afetada pela realidade irreal das coisas. Bom, meu avô conseguiu me arrastar de volta através do sangue. Recebi uma carta escr...