A luz da lâmpada pendurada no teto era fraca, lançando sombras sinuosas pelo chão da sala de tortura. O ambiente cheirava a ferro, suor e medo. Abro os olhos vagarosamente, sinto todo o meu corpo pesado. Depois que Matteo me deixou aqui, ontem, ou já algumas horas, não sei bem quanto tempo, um dos seus homens me trouxe um copo de água assim como ele disse que faria.
Minhas mãos já não estavam mais presas pelas correntes. Estava deitada no piso frio. Me encolho e um gemido de dor escapa do meu corpo, eu iria morrer de hemorragia ou qualquer outra coisa se ele não parasse com isso.
Forço as minhas mãos no chão para me levantar, elas estavam ensanguentadas. Trêmula, consigo me sentar, o meu cheiro não estava nenhum pouco agradável, percebo que acabei fazendo xixi ali mesmo no chão, provavelmente enquanto dormia. O odor entrou por minhas narinas e me embrulhou o estômago.
Levanto os meus olhos, que até com essa mínima ação, as minhas pálpebras doíam, e ele estava parado à minha frente, com os braços cruzados, seus olhos azuis me observando como um predador que estuda a presa antes de atacar. Seus olhos ainda me encantavam, o Matteo tinha a imensidão de um oceano em seu olhar, e isso me hipnotizava toda vez que ele me olhava.
— Você achou mesmo que poderia fugir de mim? — Matteo perguntou, sua voz baixa, quase um sussurro, mas carregada de ameaça, eu já estava cansada desse assunto —Você realmente pensou que poderia escapar sem consequências?
Eu não respondi. Mesmo que quisesse, minha garganta estava seca demais para falar. O medo era um nó apertado no meu estômago, mas, ao mesmo tempo, uma chama de raiva queimava dentro de mim. Eu o odiava com todas as forças por me prender aqui, por tentar me dominar. E odiava ainda mais o fato de que, de alguma forma, ele já tinha começado a quebrar minhas defesas.
Matteo se aproximou, suas passadas pesadas ecoando no chão de concreto. Ele tirou um punhal de prata de algum lugar, acho devia estar na mesa, o som metálico fez meu coração disparar. Ele o girou entre os dedos, analisando a lâmina afiada, antes de apontá-lo diretamente para mim.
— Eu tentei ser paciente, Natalie! — ele continuou, seus olhos perfurando os meus — Tentei te dar uma chance para que você se rendesse.
Eu senti um arrepio subir pela espinha. Mas mesmo assim, algo dentro de mim se recusava a ceder. Ele podia me ameaçar, podia me torturar, mas não quebraria o que restava da minha força. Não sem uma luta.
— Você nunca vai me controlar! — eu cuspi, minha voz rouca, mas firme — Eu nunca vou ser a sua marionete.
Os olhos de Matteo faiscaram com algo que parecia uma mistura de surpresa e admiração, mas foi rapidamente substituído por um brilho mais sombrio. Ele se aproximou ainda mais, se abaixando e ficando próximo a mim, o rosto tão próximo que eu podia sentir sua respiração quente contra meu pescoço.
— Você acha que tem escolha? — ele murmurou, a lâmina do punhal agora tocando suavemente minha clavícula — Acha que pode me desobedecer e sair impune?
Eu não desviei o olhar, não me permiti mostrar o medo que sentia. Por mais que meu corpo tremesse por dentro, minha mente estava clara. Eu precisava resistir. Precisava mostrar a ele que não era tão fácil me destruir. Por mais que eu já estivesse destruída.
— Você pode me machucar! — eu disse entre dentes, tentando ignorar o frio do metal contra a pele — Mas isso não vai mudar o que sinto por você. Nunca vou te obedecer! Nunca vou te pertencer! Nunca vou te amar! — o final sai quase um sussurro inaudível. Matteo riu baixo, um som sombrio que reverberou pelo quarto após a minha fala.
— Ah, principessa! — ele disse, quase como se estivesse divertido com minha resistência — Você acha que estou procurando amor? Não preciso do seu amor. Preciso apenas da sua obediência. E isso, minha querida, eu vou conseguir.
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Prometida a Máfia
RomanceNatalie Martinelli, uma jovem italiana de 17 anos que cresceu em uma família muito conturbada, vê a sua vida mudar de cabeça para baixo, ao completar 18 anos se vê prometida em casamento a última pessoa que ela desejaria conhecer, a sua doçura seria...