Nossos átomos

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Priscila movia-se delicadamente ao som suave de Anavitória, uma música que preenchia o ambiente com serenidade e encanto. Era um salão de festa, iluminado com elegância, onde tudo parecia incrivelmente belo. O coração de Priscila batia forte, acompanhando os compassos da canção, enquanto os pés deslizavam em seu All Star, um contraste sutil com o vestido azul que agora ela segurava levemente, de modo a facilitar que Carolina, sua melhor amiga, ajustasse o laço do cadarço. Logo seria hora da valsa.

O vestido azul, adornado com pequenos cristais que brilhavam como estrelas, caía perfeitamente sobre seu corpo. Era uma cor poética, um tom profundo de azul marinho que a definia. A cor favorita de Priscila, aquele azul carregava consigo uma calma e uma profundidade que refletia a própria essência dela. De pé, ela ajustou os longos fios loiros, que agora desciam em cachos suaves até suas costas, enquanto Carolina, diante do espelho, finalizava os próprios preparativos.

— Você é a mulher mais bonita do mundo, Priscila — comentou Carolina, enquanto seus olhos se encontravam com os da amiga através do reflexo no espelho.

Priscila sorriu, tímida, mordendo de leve o lábio, um hábito que não conseguia evitar quando sentia a onda sutil do embaraço tomar conta de si.

— Eu gosto de ser bonita na visão dos teus olhos, Carol — respondeu com um brilho sereno no olhar. — É como estar dentro de um verso de poesia.

Carolina riu suavemente, um som leve que parecia se misturar com a música ao fundo. Ela se virou, deixando o espelho, e aproximou-se da debutante.

— As pessoas vão esperar um príncipe para dançar a sua valsa — disse ela, arqueando uma sobrancelha em tom de brincadeira. — E, sinceramente, acho que vão se decepcionar.

Priscila riu, seus olhos fixos nos de Carolina, cheios de cumplicidade.

— Vão esperar um príncipe... mas vão receber uma princesa — Priscila afirmou com convicção, aproximando-se mais da amiga. — A princesa mais linda do meu jardim.

Carolina sorriu, aquele sorriso que irradiava calor e segurança. Ela tocou delicadamente uma mecha de cabelo de Priscila, ajeitando-a atrás da orelha, e em um gesto de carinho, beijou-lhe a testa.

— Obrigada por topar essa comigo — sussurrou Priscila, sua voz carregada de gratidão.

Carolina fechou os olhos, absorvendo o momento, como se aquele simples gesto de agradecimento fosse o suficiente para iluminar toda a noite.

— A princesa mais linda aqui é você, Pri. E, pra mim, estar ao seu lado nunca vai ser esforço — disse ela, segurando o punho erguido de Priscila e depositando nele um beijo suave, cheio de ternura.

Antes que pudessem continuar, a mãe de Priscila entrou no quarto, trazendo de volta a realidade da festa. O olhar da debutante e de sua amiga se voltou para a mulher, que anunciava com gentileza que era hora de começar a valsa. Priscila assentiu, sentindo uma leve tensão percorrer seu corpo, o medo de errar ou de fazer algo fora do planejado.

Mas Carolina estava lá, ao seu lado, segurando sua mão e oferecendo a calma que só uma amiga verdadeira consegue dar. O mundo lá fora podia esperar, porque, naquele instante, o que importava era o laço que as unia, uma valsa que, antes de qualquer outra coisa, seria dançada entre duas almas cúmplices, duas princesas que se escolheram em meio à multidão.

Priscila tinha as mãos pousadas suavemente sobre os ombros de Carolina, enquanto Carolina mantinha sua mão firme na cintura de Priscila, a outra guiando-as pela leveza da valsa. A melodia de Anavitória preencheu o salão, envolvendo as duas amigas em um laço invisível de poesia e ternura. Moviam-se com a delicadeza de versos não escritos, em perfeita sincronia, como se cada passo ecoasse sentimentos guardados em silêncio. O que elas compartilhavam ia além da amizade; era o amor, aquele sentimento que se revela em pequenos gestos, mas que, por vezes, é disfarçado pela insegurança de assumir.

Darolana - One ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora