Elevador.

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Ficar presa no elevador com a sua chefe não era algo que Priscila desejava. Ela odiava Ana Carolina com todas as forças, e agora estavam ali, confinadas há mais de uma hora, com a previsão de resgate em mais uma hora e meia. O cubículo parecia encolher a cada segundo, e as duas trocavam apenas olhares furtivos e pedidos de horas, já que o celular de Ana Carolina estava sem bateria e o de Priscila ainda funcionava.

— Você faz essa cara como se ficar presa aqui comigo fosse a pior coisa do mundo — comentou Ana Carolina, escorando-se na barra metálica do elevador.

— Porque é — respondeu Priscila, sem hesitar. — Ou você quer que eu sorria pra você o tempo todo?

Ana Carolina cruzou os braços, encarando a loira.

— Nem respeito mais, meu Deus. — A voz saiu seca, mas logo veio o golpe inesperado. — Sabe o que é? Você precisa trepar, Priscila. Essa sua irritação toda, é falta de sexo gostoso.

Priscila, que não esperava tamanha ousadia, se aproximou um pouco mais, irritada.

— Cala a boca! — rebateu, sentindo o sangue ferver. — Eu não suporto você, e ficar mais uma hora e meia trancada aqui... Me mata.

A relação entre as duas ia além do que qualquer um ali na empresa podia imaginar. Elas já haviam se envolvido, de forma casual e intensa, mas Ana Carolina era instável demais, e Priscila soube que não daria certo continuar. Porém, o que mais doía não era a rejeição, mas o fato de ter se apaixonado por aquela mulher.

— Priscila — a voz de Ana Carolina agora era sedutora, provocante — já te disseram que o que você tem de deliciosa, você tem de chata? — Ela se aproximava mais. — Já te falaram que você é insuportável, arrogante e mesquinha?

Priscila cruzou os braços, tentando disfarçar o efeito que aquelas palavras tinham sobre ela.

— Primeiro, obrigada pelo "deliciosa". Segundo, não, nunca me disseram isso. Dizem o mesmo de você, na verdade. — Ela riu, encarando Ana Carolina, mas não foi rápida o suficiente para evitar o movimento que a chefe fez.

Ana Carolina se aproximou ainda mais, fazendo Priscila recuar até suas costas baterem na barra metálica do elevador.

— Dizem? — Ana Carolina sussurrou, sua voz agora mais baixa, seus olhos inspecionando cada detalhe do rosto e do corpo de Priscila. — E você? Também me acha assim? — Suas mãos subiram pela cintura de Priscila, apertando de leve a saia justa da loira. — Responde.

Priscila ficou sem reação por um momento, sentindo o calor do toque de Ana Carolina. Os sentimentos que havia tentado sufocar vieram à tona de uma só vez. Estavam presas ali, e naquele momento, qualquer razão parecia escapar.

— Eu te acho pior, não sei por que pergunta ainda. — a voz saiu firme, mas carregada de um esforço exausto, como se Priscila precisasse agarrar as últimas migalhas de sanidade que lhe restavam.

Ana Carolina, em vez de se ofender, apenas soltou um riso abafado. Não desviou os olhos daqueles castanhos que sempre a desconcertavam, mas que hoje não passavam de um espelho trincado de frustração e desejo. Priscila, com seu coque impecável, a postura rígida como se cada parte de si fosse esculpida para ser admirada, não deixava margem para falhas. Mas Ana Carolina conhecia a verdade — conhecia o que havia por trás daquela postura perfeita. Era ali que ela sempre encontrava refúgio, e também um caminho de volta para si mesma.

— Será que você acha? — sussurrou ao pé do ouvido dela, com a boca entreaberta, úmida e quente, escorrendo intenção pelas palavras. A proximidade fez Priscila inclinar a cabeça para o lado, entregando-se como quem faz isso sem perceber. Ana Carolina sorriu contra o pescoço alvo e respirou fundo antes de continuar. — Você está maluca de saudade de mim.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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