HELENA
Como puderam perceber, minha vida não começou de maneira fácil.
As minhas marcas de nascença eram como um presságio para o que estava por vir.
Minha mãe nunca foi de falar muito sobre o passado dela; por esse motivo, eu só descobri o que eram spirians quando tinha mais ou menos uns seis anos, e não, ela não me contou por livre e espontânea vontade.
Naquela época, eu comecei a ter pesadelos estranhos. Lugares surreais, criaturas horripilantes e humanos com habilidades extraordinárias.
Eu estava sonhando com as memórias de Alice. Lembranças que ela perdeu junto de seus poderes no dia em que eu nasci.
Quando contei a ela sobre os pesadelos, minha mãe me ensinou o básico sobre o que são espiranos. Ela também me contou um pouco sobre a sua história.
Auluna-Ipan participou de uma guerra há muitos anos com seus amigos, que também eram spirians. Makaeel, Karleon e Janquin. Embora eles fossem fortes e poderosos, algo deu errado e eles tiveram que fugir para o mais longe possível.
A mentora deles, Edna, os trouxe para outra galáxia, o lugar onde ela nasceu, Terra Abrasante, e aqui eles ficaram desde então.
Embora eu sempre tenha sido curiosa em relação aos outros imigrantes, minha mãe me proibiu de me aproximar deles ou de seus filhos. O motivo era para que eles não se aproximassem de Alice, pois desde que perdeu algumas memórias, a mente dela ficava confusa quando ela os reencontrava.
Por conta da culpa que eu sentia por ter tirado as lembranças dela, eu apenas seguia o que minha mãe pedia, sem questioná-la.
Porém, conforme cresci, tudo ficou mais complicado.
Sempre tive dificuldade para fazer amizades nas escolas onde estudei. As crianças me chamavam de estranha, me ridicularizavam por conta do meu peso, reclamavam da minha maneira de falar alto e por eu ser mais "bruta" do que as outras garotas.
Acabei me isolando, e criando três amigas imaginárias: Ava, Cora e Malia. Falava com elas diariamente, até mesmo no colégio, o que colaborou para o bullying que eu sofria.
Não demorou muito para que a trindade animália se tornasse parte de mim. Elas assumiam meu corpo para me defender nesses momentos difíceis, fosse de uma maneira lógica ou impulsiva.
Claro que minha mãe não gostava quando eu me transformava, mas o meu pai às vezes me levava para treinar minhas habilidades.
Minha reputação foi ficando manchada por conta do meu jeito reativo de agir em certas situações. Depois vieram as várias expulsões e transferências escolares.
Mas no último colégio onde estudei, acabei passando dos limites, pois pela primeira vez usei os meus poderes na frente de várias pessoas e machuquei uma garota, que acabou no hospital.
Não foi nada muito grave, só surgiram garras, presas e meus olhos ficaram amarelos.
Algumas pessoas gravaram, mas a IDRIT se encarregou de encobrir tudo, e os que notaram a minha mudança foram subornados pelo meu pai com alguns ingressos e itens assinados, para assim manterem silêncio sobre o que viram.
Essa situação deixou minha mãe sem saída.
Depois de uma longa discussão com meu pai, ele a convenceu a me colocar no Colégio Ártemis, a escola especializada para crianças que são afiliadas de alguma forma à IDRIT.
O mesmo lugar onde os filhos dos outros imigrantes estudam.
Passei dias relutante com esta decisão, pois eu estava assustada com o que tinha feito. Comecei a pensar que minha mãe estava certa em se isolar. Talvez seria melhor para a segurança de todos se ficássemos afastadas da sociedade. Até sugeri a ela que me desse aulas em casa.
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Herdeiros da Destruição
Science FictionVocê já se perguntou sobre o que é uma alma? E qual seria o seu potencial em sua verdadeira forma? Ou até mesmo se questionou algo mais complexo, como a possibilidade de haver vida fora do planeta Terra? Nesta história, você vai conhecer Helena, Gio...