O quarto estava mergulhado em uma escuridão silenciosa, apenas suavemente iluminado pela luz fraca da rua que entrava pela janela entreaberta. O cheiro de chuva ainda pairava no ar, misturado ao calor e à eletricidade que envolvia o ambiente. Depois do momento intenso na cama, S/N permanecia deitada nos braços de Kauê, o coração finalmente desacelerando. Mas enquanto o calor dos corpos diminuía, algo mais profundo começava a emergir, um vínculo que parecia ultrapassar o físico, algo mais sombrio e carregado.
Kauê a observava com uma intensidade que ia além do desejo. Seus olhos brilhavam com algo quase insondável, como se ele estivesse absorvendo cada detalhe dela, cada emoção, e mergulhando cada vez mais fundo na alma de S/N. Era um olhar que a fazia estremecer, e não apenas de prazer, mas de algo mais complexo, como se ele estivesse reivindicando-a de uma forma que ela nunca tinha experimentado antes.
"Você acha que isso é só o começo?" ele perguntou, a voz baixa e carregada de um mistério perigoso. Suas mãos, embora agora mais calmas, ainda estavam quentes contra a pele dela, e S/N podia sentir o poder de Kauê, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, como se ele pudesse dominar não apenas o corpo, mas a mente dela também.
S/N não tinha certeza de como responder. A intensidade entre eles era quase avassaladora, e enquanto uma parte dela estava totalmente rendida ao que sentia por Kauê, havia algo que a deixava inquieta, uma sensação de que algo sombrio estava crescendo entre eles, uma força invisível que puxava os dois para um abismo desconhecido.
"Eu sinto... como se você estivesse me levando a lugares dos quais eu nunca poderei voltar," ela sussurrou, a voz vacilando ligeiramente.
Kauê sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo sedutor e enigmático, como se ele soubesse exatamente o que ela estava sentindo. "Talvez seja isso que eu quero," ele murmurou, seu dedo traçando uma linha suave pelo braço dela, fazendo com que um arrepio percorresse todo o seu corpo.
S/N o fitou, tentando ler além das palavras. O que eles estavam vivendo era mais do que uma simples conexão física; havia algo sombrio e poderoso emergindo da relação deles. Era uma mistura de desejo, medo e algo mais profundo, algo que ela não conseguia nomear, mas que a fazia se sentir como se estivesse sendo lentamente consumida.
Kauê se inclinou e beijou a testa de S/N, um gesto que deveria ser reconfortante, mas que trazia consigo uma sensação de posse, como se ele estivesse marcando seu território. “Você sente isso também, não sente?” Ele sussurrou contra sua pele, os lábios deslizando suavemente por seu rosto. “Essa... ligação. Algo que vai além do físico. Mais forte do que qualquer coisa que já experimentamos antes.”
S/N fechou os olhos por um momento, tentando organizar seus pensamentos. Sentia-se atraída para ele de uma maneira irresistível, como se Kauê fosse o centro de tudo que ela desejava e temia. A sensação de controle dele sobre ela era ao mesmo tempo assustadora e excitante. Quando estava com ele, sentia-se livre, mas, ao mesmo tempo, amarrada a algo profundo e sombrio.
“Eu... sinto. É como se você estivesse me puxando para um lugar onde eu não consigo mais pensar em nada além de você,” ela confessou, sua voz suave, quase inaudível, mas carregada de verdade.
Kauê a segurou com mais firmeza, seus dedos entrelaçando-se nos dela enquanto ele a puxava para mais perto, como se ele quisesse que seus corpos estivessem ainda mais juntos, mais unidos. “É porque eu sou esse lugar. Eu sou tudo o que você precisa agora, S/N. E quanto mais você me deixar entrar, mais vai perceber que não existe fuga.”
As palavras dele trouxeram um frio súbito, uma sombra de algo desconhecido e irresistível. A ideia de pertencimento era ao mesmo tempo reconfortante e aterrorizante. Ela estava consciente de que, a cada momento, estava se rendendo mais profundamente, permitindo que Kauê invadisse partes de sua mente e alma que ela nunca havia compartilhado com ninguém.
