O teatro estava vazio após a última sessão da peça que os dois planejaram e criaram com tanto amor. Tinham encerrado a temporada com a casa lotada, ingressos esgotados e fãs explodindo de felicidade de todos os cantos do país. Fora um sucesso.
Três meses muito exaustivos, mas que os enchia de luz e amor a cada fim de semana concluído. Diego estava sentado na beira do palco com as pernas balançando, observando as cadeiras vazias, as luzes baixas e relembrando cada momento especial que tiveram ali. Ouviu passos pesados atrás de si e se virou com um sorriso, já sabendo quem era.
Amaury retribuiu o sorriso estendendo a mão para puxar o ruivo e traze-lo para perto de si.
- Acabou, conseguimos – Diego era feito de sorriso e felicidade. Amaury tinha vontade de engolir aquele sorriso, absorver toda a essência daquele homem para sempre tê-lo consigo. Impregnado, sob sua pele.
- Conseguimos, pequetito. Foi incrível, você foi incrível!
- Nós fomos – Jogou os braços ao redor do pescoço do mais velho, colando suas bocas em um selinho longo. – Precisamos comemorar, vamos naquele restaurante que te mandei essa semana, to morrendo de vontade de experimentar.
- Vamos, mas não podemos demorar, amanhã preciso ir cedo para o Rio
- Sem problemas, a gente janta e vai para casa cedo ficar juntinho a noite toda. Vou sentir saudades. – Exclamou o ruivo manhoso, esfregando um nariz no outro.
Amaury o apertou pela cintura, trazendo o corpo pequeno para mais perto.
- Você podia vir comigo – deu um selinho nos lábios rosados – com muitas malas – outro selinho – todas as malas – mais um selinho – sem passagem de volta.
Diego jogou a cabeça para trás soltando uma risada alta, se encaixando ainda mais no abraço de Amaury.
- Você sabe que eu adoraria, amor. – Sua risada ainda ecoava e ele fazia carinho na bochecha do maior, que fechava os olhos inclinando a cabeça em direção a sua mão – Mas você também sabe que não posso, agora preciso voltar a focar na minha música, tenho mais dois lançamentos no próximo semestre e precisamos começar o quanto antes.
Amaury soltou um pouco o abraço, não se afastou, mas seus braços afrouxaram ao redor da cintura fina.
- Sim, eu sei, mas me acostumei com a gente nesses meses. Não quero que acabe. – Respondeu com um bico que arrancou mais risadas do ruivo.
- Mas quem disse que vai acabar? Eu só não vou conseguir me mudar para o Rio do jeito que você quer, mas nosso relacionamento continua igual. – Diego tentou trazer o outro para mais perto novamente, mas Amaury se soltou do abraço.
- Como teremos um relacionamento morando em estados diferentes? Já tentamos antes e não deu certo. – Amaury se afastou mais, dando alguns passos para longe e se virando para a plateia vazia. Seu peito começou a doer e sua garganta parecia conter uma pedra.
Diego tentou se aproximar mais uma vez. Seu entusiasmo de antes se esvaindo aos poucos e uma sensação estranha preenchendo seu peito.
- Porque você tinha ciúmes de qualquer um que respirasse perto de mim – Uma leve pontada de acidez podia ser sentida em sua voz, ele não conseguia acreditar que começariam aquela discussão novamente. Justo naquele dia.
- Se você não ficasse se esfregando em todos os seus amigos e principalmente nos seus exs, eu não teria tanto ciúmes. – Amaury soltou rápido demais.
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Saudade
عاطفيةCinco anos sem se ver, um cheiro de bolo e um dia estranho. Como um encontro inesperado pode mudar o dia (e a vida) de Amaury e Diego.