Diego abriu a porta de seu apartamento devagar, temendo encontra-lo vazio, mas assim que entrou ouviu barulho vindo de seu quarto e foi até lá.Encontrou Amaury fechando sua mala em cima da cama e logo depois enfiando algumas coisas em uma mochila. Ficou ali calado enquanto o maior terminava de arrumas suas coisas, sem coragem de dizer nada ou até mesmo denunciar sua presença.
Quando Amaury se virou com a mochila no ombro, se assustou ao encontrar o ruivo o observando.
- Seu voo é só amanhã – Diego disse com a voz fraca.
- Eu consegui adianta-lo para a madrugada
Eles se encararam sem dizer nada. Nenhum dos dois tendo coragem para dizer o que precisavam.
- Amaury...
- Vem comigo – o maior o interrompeu, dando alguns passos em sua direção e largando a mochila no chão.
- O que? Não, você sabe que eu não posso – Diego se afastou olhando para os olhos negros assustado.
- Não pode ou não quer?
- Amaury, você sabe que eu não posso. – O peito de Diego subia e descia rápido demais, ele buscava oxigênio entre as palavras e a vontade era de gritar – Não me faça escolher entre você e minha musica, você não pode fazer isso.
- Não estou fazendo isso, você sabe que nunca pediria algo assim. – Amaury se aproximou mais uma vez e tomou o rosto vermelho em suas mãos. – Eu te amo, Diego. Te amo mais do que posso sequer entender, mas não vou conseguir levar essa vida que você está acostumado.
- Meu amor, pelo amor de Deus. – Diego era a definição de frustração naquele momento, segurou os pulsos de Amaury com toda a força que tinha – Todos esses meses estivemos vivendo sob os seus termos e eu não questionei ou reclamei de nada, inclusive quero continuar dessa forma, mas não posso sair de São Paulo agora.
- Claro que pode, mas você não quer.
- Meu Deus, Amaury. Para de ser teimoso uma vez na vida. Um relacionamento a distância não mata ninguém e não é como se São Paulo e Rio de Janeiro fosse longe desse jeito. – As mãos de Diego foram para o rosto do mais velho, afundando os dedos na barba.
- Não mata, mas ter um namorado não monogâmico pode matar.
Diego soltou o cacheado e deu dois passos para trás. Precisava de ar e de espaço para não dar voz a violência.
- A grande questão aqui é que você não confia em mim – o ruivo soltou uma breve risada e olhou para baixo, para suas mãos. Não queria encarar aqueles olhos. – Se fosse para eu ficar com outra pessoa, não importaria o ddd.
Amaury voltou para pegar novamente a mochila e a mala.
- Eu confio em você, já disse, mas em algum momento você vai sentir falta de alguém e eu não estarei aqui – disse baixo. Sua voz transparecia a dor que aquelas palavras traziam.
- Eu não sou um maníaco sexual, não sei se você sabe.
- Não disse isso, só que todo mundo tem suas necessidades, mas nem todo mundo consegue conter.
Diego saiu do quarto e foi até a sala, precisava de MAIS espaço, suas mãos formigavam. Era impossível que estava ouvindo aquilo.
Amaury apareceu em seguida com suas coisas e parou perto da porta.
- Vem comigo, por favor. – Pediu mais uma vez.
- Eu não posso, não sei quantas vezes vou ter que dizer. – gritou Diego jogando as mãos para cima em agonia. – E de que adianta eu ir? Esse relacionamento ta fadado a desconfianças e crises de ciúmes, como vai dar certo?
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Saudade
RomansaCinco anos sem se ver, um cheiro de bolo e um dia estranho. Como um encontro inesperado pode mudar o dia (e a vida) de Amaury e Diego.