Deixe-me Entrar

Capítulo Três

Capítulo Três

Ao ver sua família, Julianne ficou admirada. Todos estavam do mesmo jeito que ela se lembrava, exatamente iguais! Se bem que podia ser a sua mente pregando peças. Ela havia visto fotos deles nesses últimos anos e poderia ter se acostumado a pensar neles sempre com relação às fotos mais recentes. Com essa coisa de seus "pais postiços" serem vampiros agora se sentia uma louca que enxergava vampiros em todos os cantos.

Ela abraçou sua mãe, Natalie, emocionada, pois ainda a amava a ponto de dar sua vida pela dela. A mãe passava as mãos por sua face dizendo que não acreditava no quão crescida estava e, segundo ela, Julianne tinha se tornado uma garota muito bonita e elegante.

Abraçou os seus dez irmãos — Willian, o mais velho, Alison, Melannie, Claire, Amanda, Isobel, Belinda, Edmund, Pauline, Jéssica — e, por fim, Simone, a esposa de Willian. Seria estranho dizer que se sentia uma completa estranha no meio daquelas pessoas sorridentes e simpáticas? Bem, isso não importava realmente, porque era exatamente assim que se sentia.

— Estamos tão felizes em te ver maninha! — afirmou Edmund, muito empolgado. Seu irmão era lindo... Como só ela parecia tão diferente?

— Eu também estou feliz em vê-los, Edmund. Senti saudades de todos.

— Está linda, minha irmã! Mas vamos ter que te dar umas dicas de moda. Você é muito simples! — alegou Belinda, abraçando-a novamente.

— Nossa, Belinda! Eu só não gosto de parecer um pinheiro de natal! — disse Julianne, retribuindo o abraço um tanto sem graça com o comentário.

— Mas um pouquinho de sofisticação não faz mal a ninguém — completou Amanda. Ela era muito bonita.

Ela se olhou por um instante. Suas irmãs tinham razão, ela era muito simples em sua forma de vestir, não gostava de muitas frescuras e quase não usava maquiagens. Era natural! Por isso, respondeu gentilmente aos comentários que fizeram:

— Tenho certeza de que irão me ajudar a me tornar um pouco mais parecida com vocês... — percebeu que Belinda revirou os olhos fazendo uma cara de dor, o que não compreendeu, então decidiu mudar de assunto. — E então? Vocês não se casaram? Não tem filhos?

A pergunta pareceu surpreender a todos, por um instante toda a sala se manteve silenciosa e Julianne ficou aterrorizada, pensando que talvez pudesse ter dito alguma bobagem.

— Na verdade, não... É complicado, Anne. — Tentou dizer Pauline, mas não encontrando as palavras certas, voltou a ficar silenciosa.

— Além do mais, ainda somos "muito novos" para isso. Não vê? — brincou Claire, fazendo aspas com a mão ao dizer "muito novos" e apontando para o próprio corpo depois. — Você ficou apenas sete aninhos fora irmãzinha, não 17! — sorriu, mas seu sorriso era visivelmente forçado.

Diante do clima estranho que pairou no local, Anthony contornou a situação abordando outro assunto.

— Filha, reservamos o quarto da torre mais alta para você.... Como queria quando criança.

O anúncio do pai deixou-a muito surpresa.

— Isso é sério? Ah, mentira! Era o que eu mais queria! — Pela primeira vez ela sorriu para Anthony sem o repelir e aquilo pareceu deixá-lo um tanto mais feliz.

— Nós sabemos disso, meu anjo — respondeu ele, dando uma piscadela para ela.

Também pela primeira vez, desde que se reencontraram, ela se sentiu animada. Abraçou o pai calorosamente e beijou sua face. Anthony não esperava por aquilo, portanto ficou um tanto desconcertado novamente. Mas no fundo, completamente realizado.