Capítulo 10

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Addison

Era mais um dia longo de plantão no hospital, e apesar de todo o caos ao meu redor, meu foco parecia escapar sempre para o mesmo lugar: Meredith Grey. Desde que começamos a trabalhar mais próximas, havia algo ali, uma tensão silenciosa, algo que eu sabia que não poderia ignorar por muito tempo. E pelo jeito, ela também não.

Entre os pacientes, trocávamos olhares rápidos. Eu via Meredith esbarrar em mim "acidentalmente" com mais frequência do que o normal. Ela não escondia as provocações, e eu sabia que isso era parte do jogo.

-Você está bem distraída hoje, Addie... - Meredith soltou de repente, com aquele sorriso que parecia carregar mil segredos.

Cruzei os braços e ergui uma sobrancelha, tentando não demonstrar que, na verdade, ela tinha razão. -Distraída? Salvando vidas aqui, Grey. Diferente de você, que parece mais preocupada em me provocar.

Ela deu um daqueles sorrisos irônicos. -Quem disse que não posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo?

Eu me segurei para não sorrir de volta. O jeito confiante de Meredith era irritante, mas também... irresistível. Havia algo nela que me fazia querer entrar nesse jogo, mesmo sabendo onde isso poderia me levar.

O plantão finalmente terminou, e fomos parar no Bar do Joe, nosso ponto habitual. O clima entre nós, que durante o dia já estava carregado, parecia ainda mais intenso agora. Meredith começou a fazer piadas sobre minha "habilidade de relaxar", sugerindo que eu não saberia como me soltar fora do hospital.

Eu a encarei, pegando a garrafa de tequila que Joe colocou na mesa. -Quer testar essa teoria, Grey? Tequila?

Ela sorriu de lado, o tipo de sorriso que me dizia que ela já tinha planejado isso. -Só se você conseguir acompanhar.

-Eu não sou de desistir fácil... - Respondi, inclinando-me um pouco mais perto dela. A energia entre nós estava ficando difícil de ignorar.

Os shots começaram. Um após o outro, e logo a queimação da tequila era substituída por uma sensação de calor, não só pela bebida, mas pela proximidade de Meredith. Os olhares que trocávamos ficavam cada vez mais longos, e a tensão entre nós, mais palpável.

-Você vai aguentar, Montgomery? - Meredith perguntou, lambendo o sal de sua mão antes de virar mais um shot. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.

-Eu posso continuar a noite inteira, Grey. A pergunta é: e você? - Eu respondi, firme, mas sentindo o coração disparar.

A música começou a tocar mais alto no bar, e de repente, estávamos na pista de dança improvisada. Meredith me puxou para o meio, e ali estávamos, dançando próximas demais para ser algo casual. Havia um ritmo entre nós, algo que ia além da música.

Eu podia sentir o corpo dela perto do meu, cada movimento em sintonia, cada toque nos dizendo mais do que palavras. Ela se aproximou, sussurrando em meu ouvido, a voz baixa e provocante. -Você não dança mal.

-Eu posso fazer mais do que isso. - Eu respondi, tentando manter o controle, mas a verdade é que meu coração estava acelerado.

Por alguns minutos, parecia que estávamos sozinhas no bar. Meredith e eu, nossos corpos próximos, nossos olhos falando o que nossas bocas ainda não tinham coragem de dizer.
Era tudo tão intenso, e tão complicado! Eu tive um quase algo com Mark e tentei encaixar ele na forma de príncipe encantado e, Meredith além de minha interna, veio justamente de um pós divórcio. Até que ponto isso tudo é um jogo besta de sedução? Até onde estamos dispostas a ir? Como vamos levar esse sentimento quente sem atrapalhar nossa relação de cumplicidade que estamos construindo?

E então, meu celular vibrou tirando meus devaneios da mente. Era Miranda.

-É a Priestly. - Eu disse, enquanto me afastava levemente para atender. Meredith continuou a dançar, mas seus olhos estavam em mim.

-Addison, preciso de um conselho. - Miranda começou, e eu sabia que algo estava fora do normal. Miranda nunca pedia conselhos, ela era a pessoa mais bem resolvida que eu conhecia, eram rara as vezes que se demonstrava tão frágil assim.

-Ok, o que aconteceu? - Eu perguntei, já me preparando para o que viria.

-Eu... eu beijei Andrea.

Por um momento, fiquei em silêncio. Eu sabia do interesse de Miranda por Andrea, mas o fato de que o beijo realmente aconteceu... Era uma situação delicada. Muito delicada.

-E o que você quer que eu diga, Miranda? - Perguntei, tentando manter a voz neutra, mesmo que minha mente estivesse a mil, estava muito feliz por dentro pela minha amiga, mas entendia a gravidade se tudo viesse a desandar.

-Eu não sei o que fazer... - Miranda disse, claramente frustrada. -Ela... Ela me correspondeu, mas depois ficou paralisada. E agora eu não sei como continuar.

Olhei para Meredith, que agora estava sentada no balcão, observando cada movimento meu. Era quase engraçado como, de uma maneira distorcida, a situação de Miranda refletia o que estava acontecendo entre Meredith e eu. A diferença era que Miranda já tinha dado o passo adiante.

-Miranda, se Andrea correspondeu, é porque sente algo. Mas talvez ela precise de um tempo para processar. Não force nada. Ela pode estar tão confusa quanto você. - Minha voz soava mais segura do que eu me sentia. -Dê espaço para que ela se aproxime.

Miranda ficou em silêncio por um momento. -Eu não posso perder o controle, Addison. Não agora.

Eu suspirei, sabendo exatamente o que ela estava sentindo. -Você não está perdendo o controle, Miranda. Está explorando algo novo. Às vezes, as melhores coisas acontecem quando deixamos o controle de lado.

Ela ficou em silêncio mais um pouco, depois murmurou um agradecimento antes de desligar.

Guardei o celular no bolso e voltei a olhar para Meredith, que agora me observava com aquele brilho curioso nos olhos.

-Problemas de coração?- ela perguntou, com um sorriso provocador.

-Algo assim. - Eu respondi, tentando não revelar muito. Mas havia algo no ar, algo que era impossível ignorar.

-Então, ainda aguenta mais uma dança, Montgomery? - Meredith estendeu a mão, e sem hesitar, aceitei.

Enquanto dançávamos novamente, ficou claro que o jogo entre nós estava apenas começando. Assim como Miranda, eu sabia que estava me aproximando de um limite, de um ponto onde não haveria mais volta.

Mas naquele momento, com Meredith tão perto, nada disso parecia importar.

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