CAPÍTULO UM

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A noite era inexoravelmente cega.

O silêncio ensurdecedor era pior do que os ventos estridentes, pois era anormal para uma floresta tão densa. Espinhos continuavam agarrando a capa do cavaleiro, implorando para que ele se virasse. A lua riu.

O cavaleiro continuou.

Com suor e sujeira cobrindo seu corpo exausto, o homem levantou sua espada e cortou os arbustos. Os galhos irritantes ameaçavam furar seus olhos em cada esquina.

Por fim, depois de horas de caminhada, ele avistou a torre.

O cavaleiro sorriu, sem fôlego.

A visão cobiçada disso empurrou uma energia recém-descoberta para seus pulmões. Ofegante, ele rompeu a última barricada de garras afiadas de madeira e... enrijeceu.

Levou um momento para ele relaxar novamente. Ele bufou de tanto rir.

"Então..." ele respirou pesadamente. "É verdade, então."

O estranho não respondeu. Ainda como uma estátua e silencioso como uma sombra, ele ficou no caminho do cavaleiro e o encarou com olhos vermelho-sangue.

"Você quer que eu lute com você?" o cavaleiro levantou a voz e desembainhou a espada. "Eu te matarei, besta miserável, e libertarei a grande centelha do seu tormento. Contemple-"

"Você está em território proibido," a besta rugiu. Sua voz, profunda e gutural, balançou pelo prado. "Se você não for embora, eu te matarei."

O cavaleiro sorriu. "Não estou com medo."

A fera ficou em silêncio. Ele levantou a cabeça, permitindo que a lua agraciasse seu rosto com sua luz.

Que horrível foi.

As cristas de suas sobrancelhas se destacavam em uma careta doentia, suas maçãs do rosto afiadas e salientes. Sua barba servia como um lembrete de sua natureza selvagem, e as presas afiadas e brilhantes - da morte que o seguia semelhante ao sangue.

Este lobo - esta fera - era quem mantinha a centelha cativa.

O olhar do cavaleiro se voltou para a torre e depois voltou.

"Eu lhe darei mais uma chance, vira-lata," disse o cavaleiro, recuando inconscientemente diante do rosnado repentino. "A-afaste-se ou encontre a morte."

"Não."

O cavaleiro inalou e projetou o queixo. "Você fez sua escolha. Chegue perto, então-"

"Por que você veio atrás dele?" perguntou a fera, inclinando a cabeça.

O cavaleiro balbuciou. "Para salvar! Nenhum homem deve ser cativo de outro."

"Você sabia que ele não é uma faísca?"

"Você- você mente."

A fera suspirou de frustração e cerrou os dentes. Ele rolou seus ombros enormes escondidos sob um gibão de couro. "Ele não é uma faísca, mas um bruxo." Ele sorriu quando o rosto do cavaleiro imediatamente azedou. "Oh. Está pensando melhor agora?"

O cavaleiro franziu a testa e segurou melhor sua espada. O corvo coaxou.

"Sua Majestade, o Rei Scott III, contou pessoalmente", ele começou, mas a fera o interrompeu novamente.

"Seu rei é cheio de merda", ele cuspiu. "Estou cansado de você. Não há faísca, só há eu em seu caminho. Saia da minha vista, senão eu arranco sua garganta."

O cavaleiro arrastou os pés, olhando para a torre. Escura e ameaçadora, ela perfurava o céu com seu pico. Nenhuma luz era vista lá dentro.

O olhar do cavaleiro deslizou pelas pedras cobertas de musgo até congelar.

O som do seus ossos (sterek) Onde histórias criam vida. Descubra agora