CAPÍTULO DEZ

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"Boyd, preciso de toalhas, tudo o que você tem. Stiles, seu remédio está pronto? Ótimo. Fique aqui." Ajoelhando-se na cama sobre Erica de olhos arregalados, Lydia virou a cabeça para Derek. "Você — fora."

Os olhos do alfa brilharam vermelhos. "Eu não sou—"

"Todo o seu bando ficará vulnerável," Lydia o interrompeu, olhando feio de volta, mas suavizou a voz dele quando ela acrescentou: "E esperamos que você, alfa, nos proteja. Vá."

O lobo rosnou, mas saiu furioso da casa. Ele provavelmente ficaria circulando a casa por horas, ouvindo cada palavra deles.

Mais importante, ele estaria fora do caminho. Quanto menos lobos ansiosos, melhor.

Realmente não havia sentido em forçar Boyd a ir, pois aquele homem não deixaria sua esposa. Ele até parecia calmo e controlado, mesmo que todos vissem suas mãos tremerem.

A lua cheia ainda não tinha chegado, afinal. Erica teria que sobreviver nas meras sombras dos poderes de lobisomem que ela teria após a transformação.

No entanto, Stiles permaneceu calmo, simplesmente porque Lydia também estava.

"Por que ele está aqui?" Respirando pesadamente, Erica olhou para Stiles e de volta para Lydia.

A banshee sorriu para ela. Era a única vez que se podia vê-la sorrir — quando ela estava perto de uma mulher em trabalho de parto.

"Pode ser uma surpresa para você, mas eu costumo atuar como parteira para as mulheres da vila próxima", ela falou suavemente, empurrando mais travesseiros atrás das costas.

Stiles conteve um sorriso irônico ao ver o quão orgulhosa ela parecia. "E ela me arrasta para ajudá-la."

"Ele estará perto", ela garantiu a Erica, que relaxou lentamente enquanto Lydia falava. "Só por precaução. A pélvis de algumas mulheres quebra—"

"Não..." Stiles choramingou enquanto Erica apertava a mão em volta dos dedos dele.

"— e é aí que Stiles entra. Você nem notaria que estava quebrando, ele cura em um segundo."

"Pessoalmente, estou aqui para apoio moral," Stiles sorriu para Erica, chamando a atenção para ela. "Também poções para aliviar tudo."

"Onde está Boyd?" Erica choramingou, ficando com o rosto vermelho.

O marido dela entrou no quarto, então cerrou o maxilar para parecer arrumado. Ele colocou as toalhas na mesa perto da cama e se ajoelhou no chão, pegando a mão de Erica.

"Estou aqui, meu amor", ele disse, pressionando os lábios nas costas dos dedos dela.

"Tudo ficará bem", disse Lydia em uma voz incomumente suave. "Não deixaremos a morte tocar sua família."










Com a alma voando, Stiles saiu correndo da casa. Ele não precisou procurar Derek porque o homem já estava correndo até ele.

"O que-"

"Ele está aqui", Stiles suspirou, agarrou o atordoado Derek pela mão e puxou-o para dentro.

Em um pequeno quarto, cercado por murmúrios, amor e o forte cheiro de sangue, se contorcendo e choramingando nos braços de sua mãe, estava o pequeno embrulho de uma criança.

Stiles olhou para Derek. O alfa ficou parado, indefeso diante da majestade da vida. Suas íris avermelhadas com uma dor indescritível de seu passado e anseio pelo futuro.

Piscando para afastar a ardência dos olhos, Stiles entrelaçou a mão na de Derek e se inclinou para o lado dele.

"Este é Isaac," ele disse em uma voz baixa e tensa, tentando engolir o alojamento preso em sua garganta. Ele empurrou Derek um pouco. "Vá cumprimentar seu novo filhote, alfa."

Derek cambaleou para a frente como se estivesse enfeitiçado. Lydia estava ocupada dobrando toalhas, enquanto os novos pais mal notavam os outros na sala. Os olhos de Boyd brilharam com lágrimas enquanto ele observava sua esposa cansada acariciando a bochecha enrugada do filho.

O garoto era humano. O único no bando.

Cuidadoso e terno, Derek colocou sua grande mão na cabeça da criança. Um profundo e agradável estrondo trovejou gentilmente pela sala, fazendo seus betas tremerem.

O alfa o aceitou. Com menos de uma hora de vida, essa criança já estava sob a proteção da besta Hale.

Depois de uma noite sem dormir, as pétalas lilases das nuvens no horizonte azul profundo pareciam uma maravilha.

Ambos estavam sentados na varanda, ouvindo o som da floresta despertando. A bochecha de Stiles estava no ombro caído de Derek, seu olhar — na carcaça branca perto da linha das árvores.

Com as pontas dos dedos, Stiles acariciou os nós dos dedos de Derek. Um, dois, três, quatro, depois de volta.

"Eu nunca te agradeci."

Stiles se moveu de modo que seu queixo agora estava apoiado no ombro do lobo e olhou para o lado de seu rosto.

"Para quê?" ele murmurou.

Derek franziu a testa levemente, seu olhar desfocado.

"Por me manter vivo."

Stiles olhou para ele por um longo tempo.

"Eu disse que a pasta de cura funcionaria, e você resmungou comigo", ele brincou levemente, lembrando dos primeiros dias juntos.

"Não só por isso," Derek balançou a cabeça. "Eu..." ele limpou a garganta. "Eu pensei que morreria, Stiles. Eu sabia que morreria. E você simplesmente... me proibiu de morrer."

Desta vez, Stiles ficou em silêncio, permitindo que o alfa assumisse a liderança.

"Você me forçou a construir esta casa," disse Derek. "Eu tenho um bando agora, Stiles — você sabe o quão... estranho isso é para mim? Tê- los? Ter você?"

Stiles esfregou as costas da mão, sentindo o batimento cardíaco acelerado do lobo sob seus dedos.

Eu sei, ele pensou, mas não disse. Porque você me disse.

Foi difícil fazer Derek viver. O acônito se agarrava ao seu sangue e toda vez que o lobo abria os olhos, eles imploravam por um fim rápido.

Mas Stiles se agarrou com mais força.

Ele não sabia o que era a verdadeira solidão até conhecer Derek. Todos aqueles dias, quando ele olhava para o mais leve farfalhar e seu coração saltava com a mera esperança de Derek vir visitá-lo novamente, apenas para ser um vento cruel. Mas o lobo construiu sua toca — e, Deus, perceber que ele estava construindo a pedido de sua companheira — e voltou para Stiles.

Ele sempre voltava, mesmo à beira da morte.

"Não acho que a morte seja boa para você", disse Stiles no final e sorriu quando Derek riu, perdendo todo seu humor sombrio.

"Como assim?" ele perguntou, virando-se para olhá-lo.

Stiles olhou para todo o seu rosto, absorvendo cada centímetro dele. "Eu sei que é estranho, vindo de mim, mas eu não quero ver seus ossos."

Eles se olharam em silêncio.

Stiles baixou o olhar para os lábios de Derek. "Exceto por estes," ele cutucou as presas do lobo espreitando para fora de seu sorriso leve e gritou quando Derek estalou os dentes em seus dedos. "Ei!"

Soltando uma risada, Derek pegou o queixo de Stiles entre os dedos e o puxou para um beijo.

A manhã floresceu, misericordiosa e gentil.     





- FIM    

O som do seus ossos (sterek) Onde histórias criam vida. Descubra agora