Capítulo 7: Poppy

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Sentado na plataforma, escorando as costas contra a parede fria e silenciosa da fábrica. Meus pensamentos estavam presos às fitas que encontrei até então. A primeira, uma fita amarela, não me deu muita coisa. Apenas uma discussão banal entre dois funcionários reclamando de não encontrarem as caixas dos malditos Huggys. Brinquedos. Nada que realmente importasse.

Mas uma palavra ficou martelando na minha mente: órfãos. A fábrica não era só um lugar onde brinquedos eram feitos; tinha um orfanato. Soltei um suspiro, observando o ambiente vazio ao meu redor. "Onde fica esse lugar?", perguntei a mim mesmo, sabendo que a resposta não seria tão fácil.

A próxima fita, a rosa, me deixou intrigado. Era uma entrevista com uma nova funcionária, Stella. Ela parecia animada demais para alguém que trabalha num lugar como este. Falava sobre brinquedos como se fossem mais do que apenas objetos. "Eles parecem vivos", dizia ela, rindo de sua própria ingenuidade. Mal sabia ela que, para mim, isso não era só uma metáfora. Já havia visto o Huggy Wuggy caminhando pela fábrica... uma lembrança vívida demais para ignorar.

Deixei a fita rosa de lado e foquei na última gravação. Meus olhos se estreitaram assim que a voz de um homem começou a ecoar do meu dispositivo. O bracelete no meu pulso exibia a tela escura, enquanto ele falava de um experimento, algo com o número de série 1006. Chamava-o de "Protótipo". Desaparecido. Um erro em nome da ciência, ele dizia.

Meu olhar ficou sério. Experimentos... Em uma fábrica de brinquedos. E como todo experimento... havia cobaias.

Meus pensamentos vacilaram por um instante. As crianças... os órfãos. Mas antes que minha mente seguisse por esse caminho sombrio, balancei a cabeça, afastando o pensamento. Ficar aqui parado não me levaria a lugar nenhum. Me levantei, decidido a cavar mais fundo. Esse mistério estava indo para um lugar que eu definitivamente não gostava... e só uma coisa era certa: não pararia até descobrir a verdade.

Eu me ergui, tirando os olhos do vazio e deixando-os repousar sobre uma flor vermelha pintada na parede à minha frente. Era um detalhe que chamava atenção em meio ao concreto bruto, às grades enferrujadas e à plataforma de ferro. A fábrica, um lugar de ecos e silêncios, parecia distorcida, como se os segredos mais sombrios estivessem guardados sob seus dutos e canos, desaparecendo na escuridão que cobria o chão abaixo dos meus pés.

Dei de ombros, a incerteza pesando no ar. "Não vou embora tão cedo", murmurei para mim mesmo. Quanto ao Huggy Wuggy, ainda era uma incógnita. Seria ele uma ameaça que eu precisaria enfrentar novamente ou... talvez, uma peça nesse quebra-cabeça que poderia, de alguma forma, ser útil? A resposta não vinha fácil, mas decidi que não valia a pena me preocupar agora. A ameaça real ainda estava oculta nas sombras da fábrica.

Esquecendo momentaneamente a presença de Huggy, caminhei pela plataforma, meus passos reverberando pelo metal, até alcançar uma porta de madeira rústica. A mudança foi imediata. Ao empurrar a porta, o contraste do ambiente me surpreendeu. Era como se eu tivesse sido transportado para uma casa antiga, o papel de parede desbotado, amarelecido pelo tempo, lembrava algo dos anos 70 ou 80. O chão de carvalho escuro rangeu sob meus pés, cada passo um aviso audível de minha presença.

Meus olhos, porém, não se concentravam apenas na mobília ou na decoração envelhecida. Entre o papel de parede desgastado, palavras estavam rabiscadas à mão. "Ajuda", "Corra", diziam as mensagens, espalhadas como gritos de desespero deixados para trás. Pequenas gotas de sangue seco manchavam algumas partes do corredor, quase imperceptíveis, mas ali, suficientes para despertar uma curiosidade macabra.

Eu deveria estar alarmado, talvez desconfiado, mas não era como se isso fosse a coisa mais bizarra que já tivesse presenciado. Experimentos sombrios, brinquedos assassinos... Tudo isso? Nada mais era do que um ciclo de horrores que eu havia visto se repetir em diferentes mundos.

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