lindo demais.

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Quando Diego acordou, ficou parado por cinco minutos, imóvel, como se qualquer movimento pudesse quebrar algum tipo de encanto. Não queria arriscar.

Amaury dormia profundamente ao seu lado, com a respiração lenta e ritmada. Ainda estava escuro, a luz do dia não tinha invadido o quarto, havia apenas as luzes dos abajures, mas Diego sabia que já era cedo.

Tinham um tour naquele dia, e ele estava mais ansioso que o normal. Se quisessem tomar café antes, precisariam se apressar.

Mas ele não conseguiu acordar Amaury.

A lembrança da noite anterior ainda queimava em sua pele, uma mistura de sensações tão intensas que Diego tentava não pensar nelas. Eram muitas imprecisões, muitos detalhes confusos.

Ele ainda sentia os arrepios dançando por sua pele ao lembrar da boca de Amaury explorando cada centímetro de seu corpo, com uma intimidade que o fazia tremer.

E mais do que isso: haviam dormido juntos.

Diego não fazia isso. Dormir com quem ficava? Jamais. Era uma regra quase sagrada. Mas ali estava ele, deitado na cama de Amaury, completamente nu. As roupas estavam espalhadas pelo quarto, nem sequer jantaram, percebeu quando sua barriga roncou em protesto, o trazendo de volta à realidade.

E tinha Amaury.

Amaury, com sua presença marcante até no sono. Dormia de barriga para baixo, o rosto virado para Diego, as mãos embaixo do travesseiro. O lençol fino mal cobria a metade de seu corpo, deixando à mostra a curva perfeita de sua bunda, que marcava o tecido.

Os cachos estavam bagunçados, mas, ainda assim, tão perfeitos, como se nem a noite passada fosse capaz de bagunçar.

Diego se perguntou como iria provocar brigas nele, agora que sua mente estava completamente preenchida pelo gosto de Amaury. E, por um breve — minúsculo, na verdade — momento, quase esqueceu por que aquilo parecia tão errado.

Instintivamente, estendeu a mão, os dedos tocando suavemente os cachos do mais velho. Era uma carícia leve, genuína, como se estivesse explorando algo novo, algo que não podia evitar. Só percebeu o que estava fazendo quando Amaury suspirou, acordando, os olhos ainda meio fechados.

A primeira coisa que Amaury fez quando os abriu, para o desespero de Diego, foi sorrir.

— Pequetito... — murmurou, bocejando enquanto se mexia, ainda meio sonolento.

— Amaury, precisamos levantar... — Diego ignorou o apelido, por razões que ele mesmo não sabia explicar. — Hoje é o dia do trem do Harry Potter!

O passeio de trem prometia ser o ponto alto da viagem, ocupando o dia inteiro. E, para a noite, tinham uma reserva em um restaurante que, para Diego, parecia mais romântico do que ele imaginava quando viu no Instagram.

Não haviam conversado sobre isso, principalmente porque costumavam se separar após os tours. Mas, dadas as circunstâncias, a ideia de um jantar a dois soava estranhamente inadequada.

Diego queria. E não queria.

— Que horas são agora? — Amaury perguntou, ainda sonolento.

Ele se espreguiçou preguiçosamente, como se o mundo fora da cama pudesse esperar, e logo se arrastou para mais perto de Diego, abraçando-o. Enterrou o rosto no peito do ruivo, o corpo relaxado e quente, como se buscasse refúgio naquele toque.

Se Diego ficasse quieto, Amaury adormeceria novamente rapidinho.

Mas Diego nunca ficava quieto.

— Acho que são umas quatro horas. Nosso tour é às sete. Vamos, Amaury, acorda!

idiota raiz | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora