Capítulo 2 - Heitor

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Heitor

O telefone tocava insistente, mesmo após eu tê-lo ignorado pelas últimas horas. O nome na tela era o mesmo, e eu estava quase cogitando que quem precisava de um advogado criminalista naquele momento era meu amigo, de tamanha desespero.

Suspirei e peguei o telefone ao meu lado no sofá, pausando a TV e deslizando o dedo sobre a tela para atender.

— Fala — fui curto e grosso.

A risada do meu amigo reverberou pela linha.

— Qual foi a do estresse? E porque demorou tanto para atender? Estava quase ligando para a polícia! — brincou, gargalhando quando bufei.

Me deitei no sofá, cobrindo os olhos com o braço. Para Matheus me ligar em um horário como aquele, coisa boa não viria acompanhada.

— Eu estava ocupado. O que você quer? — perguntei, sem um pingo de humor na voz.

Eu estava cansado e sem muita paciência para as piadas dos meus amigos.

— Você se lembra que dia é hoje? — perguntou.

Revirei os olhos.

— Sábado?

— Que dia, Heitor?

— 20, Matheus! Fala logo o que quer! — exclamei, impaciente .

Sua risada soou alta e exagerada do outro lado da linha.

— É aniversário do Italo, cara. Esqueceu do convite para a festa?

— Porra! — Me sentei rápido no sofá.

Se Tobias estivesse aqui, começaria a latir preocupado.

— Deveria parar de trabalhar um pouco e vir curtir com a gente — sugeriu.

Respirei fundo, passando a mão sobre o rosto. Não estava com clima para festas.

— Eu mandei um presente para ele hoje de manhã — falei, me lembrando da encomenda. — Infelizmente, não vai dar. Tenho que viajar amanhã cedo, de ressaca não rola.

— Ah, qual é, irmão! Só vamos comemorar o aniversário dele de novo no ano que vem, e sabe lá o que pode acontecer! — Matheus tentou, jogando para o lado emocional.

Fiz uma careta e afastei o celular da orelha, olhando para a tela com a chamada ainda acesa. Aquele vagabundo jogaria baixo daquele jeito mesmo?

— Não posso viajar de ressaca — afirmei. Não tinha como passar horas dentro de um avião com uma puta dor de cabeça. — Podemos fazer algo quando eu voltar no próximo mês, por minha conta.

— Nem fudendo. Vem para cá, estamos naquele barzinho perto da sua casa. Na JK, sabe, né?

— E teria como eu não saber? Escolheram esse lugar de propósito?

— Você não viria se não fosse aqui! — retorquiu, caindo na gargalhada.

Me levantei do sofá e segui em direção da sacada. A cidade iluminada parecia se estender ao horizonte, o som dos carros passando na avenida ao lado tornavam-se mais audíveis e estrondosos com a música alta. A meia-noite se aproximava vagarosamente. A vida noturna despertava em meio a escuridão.

Suspirei, e ouvi a risada dos meus amigos. Piadas idiotas soavam do outro lado, que pareciam piorar o meu humor.

— Uma hora, apenas. E não vou beber — eu disse para Matheus, após um silêncio.

Grávida e Apaixonada Pelo Vizinho (spin-off O Cretino do Meu Ex)Onde histórias criam vida. Descubra agora