Heitor
Uma hora e meia foi o tempo que levei para me levantar e ir até o caixa. As piadas dos meus amigos pareciam mais altas e ultrapassavam a noção, mas isso eu resolveria com eles quando voltasse de viagem. Por sorte, as câmeras de segurança iriam capturar qualquer vergonha que eles passassem.
Olhei para a mesa de Rafa, e ele e Clarisse pareciam rir de alguma coisa. Cecília, por outro lado, não estava com eles. Provavelmente teria ido ao banheiro. Entretanto, aquilo não fazia muito sentido, já que Clarisse teria ido também. Mulheres sempre vão ao banheiro juntas, por alguma razão completamente desconhecida.
Abaixei a cabeça e me aproximei do caixa, ouvi a voz baixa e cansada. Era uma mulher, e pelo tom, não estava muito feliz.
— Vou deixar pago o que consumirem na mesa 12, pode ser? Caso não consumam mais do que paguei, não tem problema.
Olhei para a mulher e estaquei atrás dela. Cecília estava parada em frente ao balcão de pagamento, com a bolsa aberta e segurando um cartão. Sua expressão não era a das mais contentes. E, a julgar por sua companhia da noite, eu a entendia perfeitamente.
— Tudo bem, qual a forma de pagamento? — Robertinho, meu gerente do bar, perguntou a ela. Ele olhou para trás, conferindo se estava formando fila, e me notou.
Acenei para ele, indicando sutilmente que continuasse a atender Cecília. Esperei que ela não me notasse ali atrás, e dei meia volta, fingindo olhar a decoração, como se não a tivesse escolhido a dedo para aquele ambiente, e agi como se fosse um cliente à espera de ser atendido.
— É déb...
— Cecília? — A surpresa e choque na voz rouca e masculina me fez congelar no lugar, antes mesmo que as próximas palavras saíssem da boca dele. — É... você ... aqui...
Palavras gaguejadas e carregadas de nervosismos. Um homem, claro. Desconcertado, provavelmente. Notei como sua voz tremeu e seu tom parecia arrependido. Não precisei me virar e constatar o óbvio, que o dono da voz idiota e que a chamava era Pedro, o traidor filho da puta.
Por instinto, não sei, mas algo pareceu agarrar meus ombros, e me virei para observar a cena nada agradável. O dono das últimas fofocas que rolaram pela cidade nos meses anteriores estava parado próximo a entrada, acompanhado de uma mulher. Sua aparência era até arrumada, para quem sofreu um acidente e quase apanhou do meu amigo.
Cecília, por outro lado, parecia incomodada. Notei seus ombros se curvarem, e seu corpo se afastar, cauteloso, como se sentisse asco de estar no mesmo lugar que aquele desgraçado.
— Pois é — foi o que ela respondeu, antes de se virar para Robertinho. — Vou pagar no débito, tá?
— Está sozinha? — Pedro se aproximou, peçonhento e curioso, ignorando completamente a sua companheira.
— Não — Cecília respondeu.
Meus olhos correram de volta para a mesa onde meus dois grupos de amigos estavam, completamente alheios para resgatá-la.
— Com quem veio? — perguntou ele.
A cara de pau foi tamanha que me senti incomodado por ela. O cara a trai com outra, a humilha - Rafael me contou algumas coisas - e ainda tem a coragem de perguntar aquilo a ela? Bem que diziam que existia traidor sem noção.
Respirei fundo, tentando me conter. Não era assunto meu, mas incomodava. Minha avó sempre me ensinou a tratar uma mulher bem, mesmo nunca namorando sério, sempre fui ensinado a respeitar o espaço delas, tratá-las com respeito, e jamais trair. Traição era para pessoas sem caráter, e uma delas eu já tive um gostinho da experiência uma vez.
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Grávida e Apaixonada Pelo Vizinho (spin-off O Cretino do Meu Ex)
RomanceUma comédia romantica entre vizinhos, risadas e uma dose de drama, além, é claro, de uma gravidez inesperada. A vida de Cecília Belmonte estava um caos. Tudo mudou quando seu querido noivo resolveu sair bebado de um motel com sua amante e causar um...