CAPÍTULO III

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— Gostei das tranças.— A voz de Suguru Geto tira a atenção da garota que estava sozinha em uma máquina de doces escondida, longe das salas de aula.

Aiko nunca tinha falado pessoalmente com o moreno, mas sabia que era um garoto um pouco mais velho e bastante popular, assim como seus dois amigos, Gojo e Shoko.

Suguru Geto era um lindo jovem homem, cabelos pretos e longos bem cuidados, olhar confiante e gentil.

Talvez ele fosse o primeiro garoto que ela tinha achado bonito na escola durante suas 3 semanas de inicialização nos estudos.

Normalmente, tinha suas respostas na ponta da língua. Contudo, tinha algo naquele garoto que a fazia se sentir desconfortável e ao mesmo tempo curiosa.

— Obrigado, eu acho...— Aiko murmurou, sentindo as bochechas esquentarem. Nunca tinha recebido um elogio de alguém que não fosse seu criador.

Era estranho que alguém como ele estivesse falando com ela. Porém não podia negar que as palavras de Geto a fizeram se sentir, estranhamente, bem.

— Seu nome é Aiko Masamichi, certo?— Perguntou, inclinando-se um pouco em direção a sua companhia.

Notou, enquanto seus olhos corretivos percorriam a forma pequena dela, suas peculiaridades. Normalmente teria pensado no quanto era bonita, e como ela seria uma boa adição ao seu grupo de amigos, contudo tinha algo em Aiko que o mantinha intrigado.

Ela não parecia normal.

— Sim. — Responde ela, tirando sua atenção dos doces chamativos na máquina.— Já sei quem você é, recuso apresentações desnecessárias.

Ele sorriu, surpreendido por sua forma de responder. Era direta, cortante, como se quisesse terminar a conversa o mais rápido possível, e isso o irritava.

— Então não é mentira os boatos por aí que você é uma máquina ambulante de ignorância.— Suguru diz com os olhos fechados, cruzando os braços e se encostando na parede com alguns avisos e pôsteres da escola.

— Eu não ligo para boatos. São apenas palavras vazias sem sentido.— Diz friamente, desviando o olhar para o lado.— E o fato de você acreditar neles piora tudo.

Sem sombras de dúvida, aquela garotinha era irritante.

— Me diga logo o que quer...

Que bom que ninguém estava naquele pequeno espaço escondido dos demais corredores escolares, para não ver sua pessoa sendo humilhada por uma pirralha repugnante.

— O que você é de Satoru Gojo?— Pergunta sem filtros.

— Que pergunta esquisita.— Aiko responde, franzindo a testa e pressionando o botão. Um doce enrolado cai na bandeja abaixo, fazendo um barulho seco no local silencioso.

— Gojo odeia calouros.— Brinca.— Tem um forte desprezo, algo quase instintivo. Por que ele estaria passando todo esse tempo com você?

— Não acho que eu preciso dar satisfações.— Responde sem emoção, se agachando para pegar a barra de chocolate e se preparando para ir embora.

De nenhuma maneira gostaria de brigar com algum aluno da escola, ainda mais um veterano. O seu objetivo principal ali era outra coisa.

— Fingir ser uma coisa que você não é deve ser muito difícil.— Ela escuta sua voz calma pelas costas quando tentava ir sair. Não conseguiu dar mais nenhum passo a frente.

Por uma fração de segundos, Aiko jogou fora toda sua moralidade com as falas do moreno. Imaginou as dezenas formas se dilacerar seu corpo para que ninguém nunca mais o visse, e nem mesmo se preocupassem com sua existência inútil.

Mas em um único suspiro, se acalmou.

Em seu peito, sentiu as paredes que erigiu começando a se estilhaçar, enquanto uma sensação de dúvida e vulnerabilidade se espalhava por seu corpo, fazendo-a se virar, finalmente olhando para o garoto apática.

— Sabe qual é a minha técnica?— Ele pergunta com indiferença.

— Não.

Geto ri, e seu rosto se ilumina com um olhar malicioso.

— É manipulação de maldições.— Diz, enquanto se aproxima dela, ficando a apenas alguns centímetros de distância.

Suguru aponta um dedo em sua direção e o empurra fortemente em seu peito, a olhando com divertimento.

— Consigo sentir maldições a quilômetros de distância.— Continua a explicação.— Até aquelas que tentam esconder sua energia amaldiçoada...

Até que sua tentativa tinha durado muito tempo...

O que foi uma surpresa, já que Suguru Geto tinha as habilidades mais fortes e perigosas da escola Jujutsu. A missão falha de esconder sua energia amaldiçoada não foi muito bem treinada para a prática, que tolice sua.

— Não entendi o que isso tem a ver comigo.

— Vamos, não finja ser burra. Sei que você é mais inteligente do que isso.— Diz sarcasticamente.

Aiko ficou sem palavras, a realidade batendo em seus ombros brutalmente. Sente um arrepio percorrer sua espinha, trazendo uma sensação eletrizante para o seu pequeno corpo quando sente o hálito fresco de Geto em seu nariz.

Aiko Masamichi, nesse dia, acumulou um ódio profundo por Suguru Geto.

— Não adianta tentar mentir.— O garoto coloca uma de suas mãos em cima da máquina de doces, bloqueando a passagem dela. — Podemos parar de fingimento agora.

Suguru Geto era uma ameaça, uma doença, uma peste matando lentamente todos os seus neurônios.

— Se dizer algo a alguém, ou pelo menos se eu sonhar que está insinuando tal ato, irei matá-lo...— Ela sussurra.

Geto permanece imóvel, sem nenhum medo pela ameaça. Em vez disso, seu olhar se torna mais desafiador, enquanto ele sorri para a garota mais baixa.

— Não acho que você tenha sequer uma chance.— Disse com tranquilidade, colocando sua mão esquerda em sua trança e passando a ponta de seus dedos por cada detalhe.

O pior disso tudo era que não podia fazer nada ali, a não ser observar. As lembranças do alto escalão em sua cabeça martelavam suas memórias até sangrar. Apreensiva, começou a pensar em todas as probabilidades de fuga.

Até que uma voz familiar a salvou.

— Oh Geto!— Satoru Gojo, em carne e osso. O albino de olhos azuis escarlate e seu uniforme escolar bem passado vindo animadamente para os dois.

Geto dá um passo para trás, afastando-se de Aiko e olhando para seu amigo enquanto este se aproxima deles.

— Gojo.— Ele cumprimenta sem emoção, colocando as mãos nos bolsos.— O que você está fazendo daqui?

— Eu que te pergunto.— O albino rebate.

Quando Aiko se deu conta, os dois garotos estavam entre ela, olhares profundos que nem mesmo conseguia decifrar.

Nem mesmo Satoru entendia o real motivo de suas ações quando estava perto daquela garota, mas mesmo relutante em seus pensamentos íntimos, colocou seu longo braço em volta do ombro de Masamichi e a puxou para longe de Suguru.

— Mas o qu—

— Estamos atrasados para o treinamento.— Ele sorri para ela, a puxando mais e mais perto.— Foi mal Geto! A Masamichi é minha aluna agora! Te vejo mais tarde!

E então ele vai embora, levando uma garota confusa consigo.








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⏰ Última atualização: Sep 22 ⏰

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