Capítulo III

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O metal tinha agora um som estranho de seu estalo, não era mais como se alguém tentasse correr às pressas para o ver e Sebastian acreditava que seria outro descartável, no entanto, quando de fato aquela mulher estranha apareceu, seus olhos piscaram lentamente.


— Eu nunca pensei que teria de vasculhar tantos cadáveres— Avery falou puxando um punhado farto de dados, seus olhos sempre tão idiotas e brilhantes agora pareciam distantes— Eu preciso de um kit de primeiros socorros...


O ferimento estava escondido por parte de sua vestimenta, o ato de o afastar da visão de Sebastian chamou atenção o suficiente do homem. Mas em silêncio, deixou que a mulher de cabelos rosados puxasse o Kit de sua cauda e a abrindo com velocidade para pegar os itens.


— O que aconteceu com os outros?


— Morreram... Eu sobrevivi por pouco e céus! É bem nojento mexer em algo que está devorado pela metade— Seu rosto se contorceu com as lembranças do que era sua equipe de sobrevivência naquele inferno, mas agora Avery estava a própria sorte, exausta de ter feito um caminho tão longo a procura do vendedor — Eu não quero virar picadinho de peixe.


Quando o ferimento estava finalmente fechado por gaze, ela piscou afastando aqueles momentos de sua mente antes de ter aquele típico sorriso idiota que lhe garantiu um apelido em seu rosto.


— Axolote— Sebastian chamou vendo que Avery estava agindo dentro de seu "normal" — Pensei que era mais estúpida. Pelo menos está conseguindo sobreviver.


— Isso é algo bem cruel de se falar, sabia Sebastian? — E com alguns passos, entregou sua moeda de troca para o terceiro braço, seus três olhos encarando e contando cada item dado pela garota— Você deveria tentar ser mais gentil com um amigo.


— Não somos amigos.


— Que cruel! Novamente isso? Deus! Quando vai perceber que somos amigos? — Com um falso drama, Avery se sentou encostada na parede mais distante, ela sabia bem o suficiente que Sebastian Solace odiava toques — O que tem atrás de você?


— Pare de ser curiosa e saia da minha loja— Avery apenas ignorou seu comentário e suspirando, tombou a cabeça piscando os olhos que agora se tornavam sonolentos.


Perder sangue era algo bem complicado no mundo normal, agora nesse inferno era quase que a tortura da sorte em que sequer teria certeza que acordaria horas depois... Mas Avery piscou os olhos observando a forma de Sebastian que se borrava diante do sono que a consumia e quando tudo se tornou escuro, ela finalmente criou coragem para fechar seus olhos torcendo não ser a última vez.




— Avery? — Uma voz chamou fazendo a atenção que estava totalmente voltada aos teclados parar, seus dedos travando enquanto a planilha agora não tinha mais seus olhos como item de foco— Você é a Avery, certo? Vamos estar fazendo os testes no Z-13, precisa estar vindo para fazer as anotações.


Pegando a pasta de uma forma ansiosa e até mesmo estabanada, se levantou da cadeira em um pulo — Sou eu sim! Ah claro! Vamos lá.

Sombras Submersas / Sebastian SolaceOnde histórias criam vida. Descubra agora