Atração Letal - Satoru Gojo

Prólogo

-- Quanto tempo vai durar esse seu atestado, hein?

-- No mínimo, duas semanas.

-- Que porre...

Na movimentada Tóquio, no distrito de Shibuya, uma pequena confeitaria existia entre os grandes prédios, com algumas características levemente desgastadas nas paredes, um lembrete da idade do edifício, mas todo o resto possuia qualidades novas, provavelmente compradas ou consertadas recentemente, com um canteiro de rosas abaixo da vidraria do lado de fora que anunciava o preço dos doces e bolos; o local era de tamanho médio, cabendo um total de seis mesas dentro enquanto mais quatro ficavam na calçada do lado de fora, um grande balcão onde também ficavam expostos os alimentos e, logo atrás, uma porta que dava acesso à cozinha. Sentada sozinha, em uma posição um tanto folgada, segurando o celular com uma mão enquanto a outra brincava com um cigarro ainda não aceso, seus cabelos negros de pontas ciano desciam como uma cascata por seus ombros, chegando até metade das costas, pele pálida e olhos verde caramelo, uma bela e rara heterocromia.

-- Não devia se incomodar tanto, Kat. -- a outra linha rebateu, divertido, fazendo-a franzir as sobrancelhas diante do apelido. -- Você já cuidou da confeitaria durante a minha ausência, vai sobreviver.

-- É, mas as garotas quase arrancaram a minha cabeça da última vez porque eu esqueci do salário delas. -- ela observou as funcionárias do estabelecimento, sendo quatro no total, ocupadas com os clientes. -- Eu já lido com adolescentes em casa, não quero lidar com as suas gurias.

-- Deixa de drama! -- repreendeu, ainda se divertindo, mas logo suspirou cansada. -- Bem, você sabe o que fazer e eu preciso ir agora. Não bote fogo na minha confeitaria!

-- Eu só faria isso se você tivesse dentro.

-- Thau, Kat.

-- Até, Akemi. Melhoras. -- desligou, encostando-se na cadeira, jogando a cabeça para trás enquanto põe o braço na testa, ocultando seu rosto com um suspiro cansado escapando de seus lábios rosados. -- Como se eu já não precisasse economizar pra comprar uma tv nova...

Olhando o horário pelo celular, percebeu que logo teria que sair para pegar suas protegidas do colégio, o cenário com cores quentes e mornas vistas através da vidraria mostrava que o sol já se ponhava, fazendo-a se levantar, guardando o celular no bolso da calça e caminha até a garota do balcão, que a encarou um pouco nervosa, mas lhe ofereceu um sorriso gentil.

-- Não fiquem depois do horário, mesmo que ainda tenham clientes. Não vale o risco. -- a mulher falou, vendo-a assentir. -- Tem isqueiro?

-- Ah, sim. Pera.. -- ela procura em seus bolsos, logo estendendo para a maior, que logo acendeu seu cigarro e o devolveu. -- Tenha uma boa noite, Yukimura-sama!

-- Obrigada e até semana que vem.

Finalmente fora da confeitaria, finalmente pode tragar um pouco do seu cigarro recém-aceso, apreciando um pouco a sensação antes de expirar a fumaça pela boca, apreciando a mistura de cores do céu antes de ir até seu carro, que era simples de coloração branca, a pintura um pouco desgastada, mas o importante era que andava; durante todo o trajeto, amaldiçoou muitas pessoas devido ao grande movimento das ruas, uma consequência do horário, quase pulando em comemoração quando finalmente chegou no colégio, jogando o cigarro fora enquanto esperava, observando os adolescentes saindo ou sendo pegos por seus pais. Aquilo trazia uma genuína sensação de nostalgia na morena, mas logo voltou para a realidade quando as portas do carro foram abertas, entrando suas duas protegidas, que pareciam animadas com algo, fazendo-a sorrir levemente com o ânimo das mesmas, apesar de não durar muito.