Capítulo 03: Quando o Inferno Congelar

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Pela primeira vez em muito tempo Katsumi chegou cedo na boate, antes mesmo dela ser aberta, aguardando ansiosamente atrás do balcão de seu bar enquanto as garotas se preparavam, nem mesmo seu irmão havia chegado, mas não demorou muito para o próprio atravessar as cortinas da entrada, franzindo as sobrancelhas ao ver a figura da mais nova; ela odiava bastante aquele estabelecimento, disso ele sabia.

-- Olá, imotou-san. -- ele cumprimentou, apoiando um dos braços no balcão. -- Chegou cedo. Aconteceu alguma coisa?

-- Não. -- ela respondeu, distante, batucando os dedos enquanto encarava o palco do local, como se esperasse os shows começarem; o que não era o caso.

-- Tem certeza? Você nunca chega cedo e não me repreendeu por chamá-la de imotou-san. -- ele rebateu, desconfiado, analisando os comportamentos da mesma. -- Você tá ansiosa.

-- Não posso mais ficar ansiosa?

-- Pode, mas estamos falando de você! -- destacou, finalmente tendo a atenção dela. -- Você nunca fica ansiosa sem bons motivos. Então vou perguntar de novo: aconteceu alguma coisa?

-- Olha, Kenji, nós fizemos um acordo bem estabelecido: eu não me meto nas suas merdas e você não se mete na minha vida. -- relembrou, fazendo-o revirar os olhos.

-- Tá! Se é assim que você quer, fique à vontade! -- suspirou derrotado. -- Só não arranja problemas pra mim, Kat.

-- Não me chame assim.

-- Pelo amor de Deus, eu não posso te chamar de nada?! -- questionou, dramático, recebendo um olhar mortal da mais nova por chamar atenção desnecessariamente; ele apenas lhe ofereceu um sorriso de desentendido.

-- Vai cuidar da sua vida que você ganha mais, Kenji.

-- Até, imotou-san! -- se afastou, indo em direção dos camarins.

-- Não me chama assim, porra!

Ela não podia contar ao irmão de jeito nenhum, ele surtaria e faria de tudo para impedí-la, não por de fato se preocupar com o bem-estar da irmã, mas sim para salvar a própria pele, que provavelmente seria alvo do líder mafioso caso o mesmo descobrisse; Katsumi poderia até não controlar sua própria ansiedade, mas controlaria as informações que saiem de sua boca, apesar de que, quando a boate finalmente abriu e os clientes começaram a entrar, sua ansiedade faltava explodir em seu interior, chegando ao ponto de esquecer-se de como preparar alguns drinks e até mesmo confundir pedidos, não que se importe com as reclamações alheias naquele momento. Devia esperar pacientemente a chegada do Gojo, cuja a visita tinha sido garantida pelo mesmo na noite anterior, dizendo para todos do local que voltaria no dia seguinte para se divertir mais, ou seja, aquela era uma das suas áreas de lazer agora; Katsumi quase teve um erro em seu cérebro quando o platinado finalmente passou pelas cortinas, dessa vez acompanhado por apenas três homens, sentando-se despreocupado em uma das áreas privadas enquanto rapidamente era recebido pelas garotas.

Ok, isso havia tirado um pouco da tensão em seus ombros, mas agora tinha que esperar uma das meninas levá-lo para o quarto; só de imaginar a situação, Katsumi sentia-se enjoada.

Praticando uma técnica de respiração que conhecia para se acalmar, Katsumi finalmente começou a controlar sua ansiedade, trabalhando normalmente enquanto ficava de olho do Gojo, cuidando para não ficar evidente que estava de olho no mesmo ou passar uma impressão errada, principalmente quando os próprios seguranças do platinado vinham pedir drinks; após o fim da segunda apresentação de dança e música da boate, sendo quatro por noite, Katsumi não conseguiu evitar uma careta que misturava de alegria e descontentamento quando uma das garotas finalmente conseguiu arrastar o mafioso para o corredor dos quartos, sentindo o tic de seu olho já atacando com os cenários que vieram em sua mente. Por um momento, questionou-se internamente se o dinheiro era o suficiente para passar por aquilo. Ao pedir que uma das dançarinas ficar no seu lugar, pegou sua mochila e esguirou-se pela parede do lado do palco, o oposto de onde dava acesso ao corredor dos quartos, mas, depois de tatear a parede, entrou uma brecha, empurrando o fundo falso e revelando uma porta secreta, criada no caso de invasões e a entrada estar inacessível; com um olhar rápido por cima do ombro, para ter certeza de que não era o foco da atenção de ninguém, Katsumi adentrou a passagem, fechando a porta atrás de si, então seguiu o corredor até o camarim das garotas, que estava sendo utilizado pelas próximas dançarinas que iam apresentar, passou direta por elas sem dizer nada e abriu a porta para o corredor dos quartos, quase dando a volta e desistindo de tudo isso quando os sons obscenos alcançaram seus ouvidos.

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Atração Letal - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora