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Julia Salvatore

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Mais tarde naquela noite, depois de deixar Paige no hotel, eu ainda não conseguia relaxar. O que antes era uma noite tranquila e cheia de momentos importantes entre nós duas agora parecia envolta em uma névoa de incertezas. Dirigi pelas ruas silenciosas de Paris, o rosto dela ainda fresco na minha memória, e me peguei lutando contra a avalanche de pensamentos que invadiam minha mente.

O carro deslizou por avenidas vazias, as luzes dos postes piscando como pequenas constelações urbanas. A cidade tinha um jeito de acalmar meus nervos, mas essa noite era diferente. As palavras do meu pai ecoavam em cada curva, em cada farol que eu cruzava. "Escolha", ele disse. E eu sabia que, eventualmente, teria que fazer essa escolha.

Estacionei em frente ao meu prédio, mas não saí do carro imediatamente. Meu celular estava no banco do passageiro, e eu sabia que tinha uma mensagem não lida. Peguei o aparelho e deslizei a tela, revelando outra mensagem de Paige.

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Mensagem

Contato: Paige🕸
- Estou pensando em você. Boa noite. ❤️

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Meu peito apertou. De alguma forma, aquelas simples palavras carregavam mais peso agora. Porque o que eu estava prestes a enfrentar com meu pai e a missão poderia destruir tudo. E ela não sabia. Paige não tinha ideia de como minha vida estava prestes a mudar. Ou melhor, como nossas vidas poderiam mudar.

Saí do carro, jogando o celular no bolso, e caminhei lentamente em direção à entrada do prédio. O elevador estava vazio, e o espelho me mostrou um reflexo cansado, desgastado. Eu sabia que, se continuasse assim, não conseguiria esconder de Paige por muito tempo.

Entrei no apartamento e o silêncio me envolveu, mas não de maneira reconfortante. Sentei-me no sofá, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. Eu sabia que precisava tomar uma decisão logo. Meu pai não me daria muito tempo, e o ultimato ainda reverberava: Paige ou a missão.

E então o telefone tocou de novo. Dessa vez, o nome na tela me fez franzir a testa.

- Alô? - atendi com a voz hesitante.

- Júlia. - Era Will, meu pai. - Precisamos conversar.

- Já conversamos hoje de manhã. - Minha voz soou mais ríspida do que eu pretendia.

- Eu sei que fui duro, mas isso é sério. - Ele suspirou do outro lado da linha, o que era raro para ele. - Sei que você não entende agora, mas estou tentando te proteger.

- Proteger? - Eu ri, sem humor. - Como exatamente você está me protegendo, pai? Colocando o trabalho acima de tudo? Me fazendo escolher entre a mulher que eu amo e a minha vida inteira de carreira?

- Não é assim tão simples, Júlia. - A voz dele soou mais pesada, como se estivesse se preparando para algo maior. - Você vai entender com o tempo.

Fiquei em silêncio por um momento, encarando o vazio à minha frente.

- O que você realmente quer, Will? - perguntei, sentindo o cansaço invadir cada palavra.

- Eu preciso que você seja racional. Isso não é só sobre sentimentos. Tem coisas que você ainda não sabe sobre essa missão, sobre o que estamos lidando. Não é seguro para você continuar assim.

- Continuar assim como? - Perguntei, exasperada. - Você fala como se eu estivesse quebrando as regras o tempo todo. Eu ainda estou fazendo o meu trabalho, pai. Estou protegendo Paige. Nada mudou.

Loucura de amor // Paige Heyn Onde histórias criam vida. Descubra agora