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Julia Salvatore

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O apartamento está mergulhado em silêncio, e a respiração suave de Paige ao meu lado é o único som que preenche o espaço. Ela estava completamente relaxada em meu ombro, como se o peso de todas as preocupações tivesse desaparecido por algumas horas.

Sinto o corpo dela afrouxar mais, e é aí que percebo que ela adormeceu. Um sorriso suave se forma nos meus lábios ao vê-la tão tranquila. Eu deveria ter previsto isso - o dia foi longo para ela, e talvez a proximidade tenha sido o suficiente para deixá-la confortável o bastante para ceder ao cansaço.

Com cuidado, mexo-me para não despertá-la. Ela murmura algo, mas não acorda. A noite está avançada, e é melhor que ela descanse em um lugar mais confortável. Eu a observo por mais um instante antes de me levantar lentamente.

- Vamos, Paige - murmuro suavemente, enquanto a seguro em meus braços.

Ela é leve em meu colo, e seus braços caem suavemente ao lado do corpo enquanto eu a carrego pelo corredor. A suavidade de seus cabelos roça contra o meu pescoço, e há algo incrivelmente íntimo nesse gesto, algo que me faz querer protegê-la ainda mais, mesmo que ela nunca saiba o porquê.

Ao chegar no quarto, coloco-a com cuidado na cama, ajeitando o travesseiro sob sua cabeça. Ela suspira levemente e se aconchega nas cobertas que puxo até seus ombros. Fico observando-a por mais alguns segundos, e o pensamento de como as coisas mudaram entre nós corre pela minha mente. Cada linha que cruzei, cada barreira que deixei cair, tudo me trouxe até este momento. E, mesmo com as incertezas que o futuro traz, não consigo me arrepender de nada.

Respiro fundo e me deito ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa, mas o bastante para sentir sua presença próxima. As preocupações da minha vida ainda me rondam, mas aqui, com Paige ao meu lado, posso deixá-las de lado, pelo menos por um momento.

Logo, o cansaço da noite toma conta de mim, e eu adormeço, sentindo o ritmo suave da respiração dela me acalmar.

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A luz da manhã invade o quarto lentamente, mas é o som de Baron se movimentando na casa que me desperta. Abro os olhos devagar, tomando um segundo para lembrar onde estou. Olho para o lado, e Paige ainda está adormecida, serena, como se o mundo estivesse em pausa.

Levanto com cuidado, para não perturbá-la, e saio do quarto em silêncio. O sol já começa a iluminar as ruas lá fora, e há uma calma na cidade que me lembra que o dia ainda está começando. Coloco uma roupa de treino e vou direto para a sala de treino no final do corredor. O espaço é simples, mas funcional. Um saco de pancadas pendurado no canto, alguns pesos, tudo que eu preciso para me manter em forma.

Respiro fundo, amarrando minhas mãos com as bandagens antes de começar. As responsabilidades e as missões podem me consumir, mas esse é o meu momento de liberar toda a tensão. Dou um primeiro soco no saco de pancadas, sentindo a força sair dos meus músculos, o som ecoando suavemente pela sala.

Treinar sempre foi meu escape, meu jeito de focar e silenciar o caos que está sempre ao meu redor. O suor começa a escorrer pela minha testa à medida que intensifico os golpes, meus punhos conectando-se com o saco em um ritmo constante. Cada soco é uma liberação, cada movimento uma forma de canalizar as preocupações que nunca me deixam em paz.

Mas, enquanto treino, percebo que meus pensamentos ainda voltam a Paige. Mesmo aqui, no meio do treino, ela permanece em algum lugar da minha mente, uma presença constante. Respiro fundo, tentando afastá-la por alguns minutos, focando na minha forma, nos movimentos. Mas a verdade é que, desde que ela entrou na minha vida, nada é tão simples quanto costumava ser.

Loucura de amor // Paige Heyn Onde histórias criam vida. Descubra agora