Finalmente de volta

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Thoma...

Sim, Thoma...

O denominado "empregado" era o tópico em destaque na mente do líder do Clã Kamisato. A imagem, as palavras, tudo o que vinha de Thoma tamborilava sem parar em seus pensamentos.

Os dedos longos envoltos da usual luva preta de Ayato percorriam a borda da xícara de chá posta na mesa, os olhos do homem pairavam na paisagem à sua frente.

Folhas caindo, ventos frios soprando... O inverno em breve chegaria, assim como o seu raio de sol que há algumas semanas estava longe de sua visão.

O comissário depois de observar e se atentar à saudade que Thoma sentia pela terra natal, sugeriu que ele tirasse algumas férias e visitasse Mondstadt.

Se Ayato pudesse teria ido junto ao amado, no entanto as suas obrigações em Inazuma o impediram. Que lástima...

Ser o cabeça do clã enchia o Kamisato de responsabilidades, mas todas eram coisas que ele era capaz de resolver sem tantas dificuldades, diferentemente dos assuntos que envolviam o homem que obtinha total controle sobre o seu âmago. Thoma era um assunto complicado. Por que exatamente? Porque Ayato nunca tinha como prever o rumo que as coisas tomariam quando se vinha para o amado.

Por mais que o comissário detesse aquela personalidade despreocupada e provocante na presença do loiro, por dentro o seu coração palpitava em nervosismo por não possuir idéia do que aconteceria à seguir, ou por não saber se estava portando-se do melhor jeito para com o companheiro.

Perante tantos devaneios, o homem que estava sentado no futon ao chão percebeu que a sua bebida havia esfriado durante esse tempo. Com um suspiro cansado, levantou-se.

Ayato estava pronto para chamar um de seus subordinados e pedir-lhe para preparar o seu banho, porém acabou por escutar uma locomoção do lado de fora da instalação.

Cuidadosamente, o líder esgueirou os olhos por entre o vão do shōji do quarto em que estava. O som não parecia ser de uma luta ou algo do tipo, os residentes do local aparentavam estar recebendo alguém, entretanto não haviam visitas programadas para aquele dia.

Confuso, Ayato decidiu ir ver pessoalmente o que estava acontecendo.

Ele apenas não esperava que quem estaria ali - a poucos metros de si, era Thoma.

As suas pupilas dilataram-se no momento em que os seus olhares se encontraram. O empregado sorriu alegremente na visão de seu chefe, em tempo em que andava em sua direção.

— Thoma. — O Kamisato cumprimentou com um sorriso suave.

— Senhor. — Devolvendo a saudação, Thoma abaixou a sua cabeça em sinal de respeito, por mais que Ayato já tivesse dito a ele que deixasse tais formalidades de lado.

— Eu não esperava lhe ver tão cedo, aconteceu algo em sua viagem que tenha causado esta vinda precoce? — Perguntou o líder enquanto estendia a mão em direção ao próprio quarto, pedindo indiretamente para que o outro o acompanhasse.

— Nada que requeira a vossa preocupação. — Respondeu-o conforme o seguia até o cômodo indicado. — Apenas não achei tão extasiante fazer aquela viagem sem tê-lo ao meu lado.

Encantado pelas palavras que havia escutado, Ayato não pôde evitar de sorrir docemente ao tempo em que Thoma prosseguia:

— Em todos os lugares pelos quais eu passei, apenas fiquei pensando no quanto eu gostaria de mostrá-los a você. — O jovem abriu a porta e deu passagem ao comandante da Comissão.

— Devemos ir juntos na próxima vez? — O tom do Kamisato fora mais sugestivo do que interrogativo.

— O senhor iria comigo? — Questionou-o enquanto fechava a porta atrás de si.

— Que pergunta tola... — O comissário disse com um sorriso amável. — Por que eu não iria querer ficar ao lado do meu mais excepcional funcionário? Fiquei contigo em meus pensamentos desde que viajou. As coisas aqui não são as mesmas sem você, Thoma.

O homem louro caminhou até o seu empregador e tomou-lhe a mão gentilmente, levou-a até os próprios lábios e depositou um selar caloroso.

Por mais que o beijo não tenha sido direto por conta da luva que separava as peles, Ayato sentiu um frio em seu ventre. Este pequeno ato demonstrava o tamanho respeito que Thoma tinha por ele, e essa admiração o fazia ficar cada vez mais apaixonado.

— Thoma... — O Kamisato pôs a mão no rosto do companheiro e lhe encarou. — Compense os dias que te cedi, passe a noite em meus aposentos, eu preciso de você agora.

— Como quiser, meu senhor... — O empregado virou sutilmente o rosto em direção ao toque que sentia, visando aprofundar mais o carinho que recebia.

~

A noite caiu e a movimentação na Mansão Kamisato cessou. Thoma lavava de forma cuidadosa o corpo do comissário que relaxava na enorme banheira estilo fonte termal.

— Como está a água? — O loiro perguntou mergulhando a ponta dos dedos na banheira. — Pedi às camareiras para que preparassem o vosso banho, mas não tive tempo de checar.

Ayato segurou o queixo do outro e o puxou para perto de sua face, então sussurrou suavemente:

— Está ao meu gosto, não se preocupe. — Com um sorriso alojado no canto da boca, o homem adicionou: — Apesar de que poderia ser mais quente. Não gostaria de entrar?

Thoma mordeu o canto da bochecha de modo a evitar o riso. O jeito como o líder do clã o provocava tão levianamente, divertia-o.

— Talvez outro dia, meu senhor.

— Sabia que diria isso. — Admitiu com uma risada sincera. Logo após, fechou os olhos e se permitiu aproveitar o toque de Thoma em seus ombros e costas.

~

Não muito tempo depois, ambos já estavam de volta ao quarto do comissário. O empregado secava-lhe os fios azuis e os desembaraçava com a destreza que adquiriu com o passar de tantos anos de trabalho. Seus dedos eram ágeis, mas também leves e suaves.

— Não precisa fazer isso Thoma, não hoje. Deve estar cansado da viagem.

— Senhor, não havia me dito para compensar-te? Estou fazendo o meu trabalho como sempre faço. E bem, eu aprecio fazer isso. — O loiro estendeu uma das madeixas claras de seu mestre em frente ao rosto dele de modo a complementar a sua afirmação.

Ayato sorriu, permanecendo de costas para o seu subordinado.

— Eu sei o que eu lhe disse, no entanto, acho que eu clamava mais pela sua companhia do que pelos seus atos de serviço. Não queria te sobrecarregar.

— Não me sobrecarrega. Como eu disse, gosto de fazer isso.

Após Thoma terminar de arrumar o seu empregador, ele levantou-se e pediu-lhe licença para se retirar, porém fora impedido.

— Saia comigo amanhã, gostaria de te oferecer algo. — Ayato pediu entusiasmado. — Recentemente levei novos ingredientes àquele vendedor local e ele criou uma nova bebida para mim.

— Ah... E quais foram os ingredientes? — O homem deu um sorriso torto.

— Erva Naku, Fungos Marítimos e Fungos Fluorescentes, estou ansioso para provar.

— Parece ótimo... Mas receio que não poderei ir... Hmm... Tenho que cuidar da Mansão amanhã. — Thoma disse a primeira desculpa que lhe veio à mente. Os gostos de seu chefe eram duvidosos, e o empregado de algum modo sempre acabava com um copo de leite de sabor peculiar em sua boca.

— Eu te abstenho dessa função durante o dia de amanhã, então venha comigo. — O sorriso do Kamisato agora era assustador.

— Certo...






O sol do gélido inverno - Ayatho/ThomatoOnde histórias criam vida. Descubra agora