Aquecido por você

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Os dias se passaram e a rotina costumeira estabeleceu-se novamente. O inverno havia chegado, e isso era ótimo.

— Sua vez. — O empregado olhou-o curioso.

— Ah sim, desculpe. — Ayato voltou a si e fez o seu movimento no tabuleiro de xadrez.

— Há algo te pertubando, senhor? Você parecia meio aéreo.

— Só estava divagando. — O homem respondeu. Ele não poderia simplesmente dizer a Thoma que estava pensando no quanto essa época do ano seria boa para pedí-lo abraços ou aconchego durante a noite sob o pretexto de estar frio...

O homem louro fitou o companheiro vagarosamente. Ele sentia que Ayato não estava sendo transparente com ele, mas presumiu que era algo bobo como normalmente.

— Por que me encara desse jeito? — O comissário inclinou-se sobre a mesa e apoiou-se nas próprias mãos.

— C-como? — Thoma subitamente ficou embaraçado pela proximidade que estava com seu chefe agora.

O líder dirigiu-lhe um olhar pensativo e abruptamente sorriu maliciosamente.

— Bem, você me encarou como se quisesse ver através de mim. — Disse enquanto voltava ao seu lugar.

— Realmente não foi nada... Apenas fiquei curioso pela sua distração repentina. Não é de vosso feitio ficar tão desatento em uma partida... A sua movimentação também fora incomum, afinal, movendo essa peça- — Thoma troca o seu bispo de posição. — eu te aplico um checkmate.

Ayato moveu a mão em direção ao próprio queixo e manteve o sorriso sagaz. Era fato ser raro o empregado ganhar dele em uma partida, mas não por demérito do subordinado, apenas pela maior experiência do contratante. Independentemente disso, o comissário percebeu que realmente estava ausente demais naquele jogo.

— Acho que ganhou essa rodada. O que acha de outra?

— Como quiser. — Thoma reorganizou as peças.

Com um brilho astuto nos olhos, Ayato pôs-se a falar novamente:

— Entretanto haverá uma dinâmica diferente.

O corpo do loiro congelou. Essas idéias do líder do Clã nunca eram coisa boa, nunca... Ele definitivamente entraria em uma situação complicada se aceitasse, porém haviam escolhas além dessa?

— Ah... E qual seria, meu senhor? — Perguntou o pobre empregado.

— Se for vencido, me concederá um desejo. — Os lábios do orador curvaram-se em uma expressão maquiavélica.

Thoma estava em maus lençóis. A probabilidade de ganhar era ínfima, e sabe-se lá que tipo de coisa o comissário pediria. Mas para ser realista, quem deveria se precaver era o próprio Kamisato, pois, se por um acaso do destino o empregado ganhasse, o prêmio que reclamaria seria grande.

— Devemos começar? — Questionou ao chefe, tal qual sorriu animado ao ver que o seu amado havia concordado com a aposta.

Os minutos foram se sucedendo em uma sequência de movimentos cuidadosamente pensados, ambos estavam empenhados em vencer.

— Não quer saber o que pedirei? — Ayato indagou. — Não está curioso?

— Óbvio que estou, mas não se sinta obrigado a me contar, não é necessário. Afinal ganhará de qualquer forma, o senhor sabe disso. — Seu sorriso era divertido enquanto admitia a derrota que sofreria.

— Bem, eu queria te ter em meus braços esta noite, ter o seu abraço como fonte do meu calor sob o frio deste inverno. — Mais uma peça foi movida sobre o tabuleiro.

O sol do gélido inverno - Ayatho/ThomatoOnde histórias criam vida. Descubra agora