DANNA PAOLA MADERO
Não respondi.
Continuei imóvel e calada. Baixei a cabeça para não o olhar.
O cheiro bom da comida embaralhou meus pensamentos.
Deus! Estou faminta!
Ouvi seus passos pelo quarto, se aproximando.
—Vamos lá. Anime-se bonequinha linda. — Passou a mão pelos meus cabelos, afagando. Esse tipo de "carinho" me enojava e fazia meu corpo tremer de medo do que viria a seguir. — Olha o que trouxe para você.
Não me movi. Sabia que seu jogo ia começar.
— MANDEI OLHAR CARALHO! — Gritou sem paciência, e seu carinho em meu cabelo se tornou forte, me obrigando a obedecer. — Foi difícil?
Fiquei calada. Apenas o encarando e demostrando toda minha raiva somente pelo olhar.
Olhei para a bandeja. O copo de água parecia tão gelado e bom...
— Que olhinhos famintos. — Zombou com um sorriso largo no rosto. — Mas... — prolongou a palavra enquanto ainda segurava meu cabelo e depositava a bandeja na cama para poder abrir a calça, liberando seu pênis ereto.
Minha vista embaçou com as lágrimas.
Que humilhação.
Prometo a mim mesma que a partir de agora, Paul não verá mais nenhuma lágrima minha.
— Primeiro isso. — Segurou o pênis e o moveu próximo do meu rosto. — Depois aquilo. — Apontou para a comida.
"Paul está comendo na mão dela". Isso não é verdade, mas poderia ser. Se eu fizer tudo que mandar, ele pode se apaixonar e confiar em mim, aí eu posso fugir.
Quem estou tentando enganar? A única coisa que quero é comer para não morrer de fome. Qualquer uma em meu lugar faria o mesmo.
Paul alheio aos meus conflitos internos, esfregou seu membro em meus lábios. Respirei fundo e abri a boca.
Fechei os olhos para não ver a expressão nojenta de prazer dele.
Depois de vários minutos, ele finalmente gozou com um urro alto. Tentei cuspir fora aquela coisa gosmenta, mas ele me impediu.
— "Te pudrirás en el infierno por esto." (Você vai apodrecer no inferno por isto) — Rosnei em fúria.
Ele riu alto.
— Bonequinha. Irei para o inferno por esta e por outras mais.
Soltou meu cabelo e se afastou para subir as calças.
— Como prometido. Aqui está. — Estendeu a bandeja.
Me sentia tão imunda por fazer isso. Pior que uma prostituta. Um objeto sem valor.
Peguei a bandeja e comecei a comer ainda sentada no chão e com a cabeça baixa. Humilhada.
— Preciso te contar as novas regras.
Não me importei em ouvir o que ele falava. Apenas aproveitava minha deliciosa refeição.
Mastiguei rápido com medo dele tomar a comida antes que eu terminasse.
Nunca imaginaria que passaria por isso. Minha vida era quase perfeita. Será um tipo de castigo? Mas pelo quê? Eu nunca fiz nada de mal a alguém.
— Entendeu? — Paul perguntar me tirando dos meus pensamentos.
O que era para entender?
O olhei confusa. O mesmo estava sentado na beira da cama com as pernas abertas e os cotovelos apoiados.
— Não ouviu nada do que eu disse não foi?
Meu corpo gelou com sua voz estranhamente calma.
—Bonequinha... Por que faz isso? Eu não gosto de te bater. Mas você provoca. — Em um salto rápido, ele já estava de pé bem perto de mim.
Por instinto, peguei o copo de vidro e joguei com força em sua direção. Mas ele se desviou com facilidade. O som do vidro se estilhaçado no chão ecoou pelo quarto silencioso.
Os olhos vermelhos me encaravam com uma raiva descomunal.
Ele vai me matar.
O primeiro chute veio em cheio na barriga. Tentei me defender me encolhendo mais ainda. O segundo chute acertou meu nariz e o grito de dor foi impossível conter. O sangue quente descia até minha boca. Doía tanto, as lágrimas ardiam nos meus olhos. Mas eu não deixei nem uma se quer cair.
— Vai ouvir agora ou precisa de um trato na orelha? — na hora me mostrou um canivete.
Ele cortaria minha orelha? Claro que sim.
Engoli em seco e pus a mão no nariz latejante.
— Fala PORRA! —berrou irritado com meu silêncio.
O sangue já passava pela minha mão e descia para o pescoço. O gosto e o cheiro forte faziam meu estômago embrulhar.
— Sim... — murmurei.
Ouvi seu suspiro dramático.
— Bem, vou repetir, só mais uma vez: Esse é seu quarto agora. Vai sair comigo algumas vezes por semana, nunca saia de perto de mim. Nunca fale com ninguém, principalmente homens. Enquanto estiver no quarto, vai permanecer nua como antes...
— Por que? — perguntei com o pouco de coragem que me restava.
Meus olhos não deixavam o chão. A dor impedia meu cérebro de pensar com clareza. Mas me esforçava para guardar suas palavras.
Ele gargalhou antes de responder:
— Porque bonequinha. Adoro entrar aqui e ver você nua, pronta para mim.
Nojento.
— Por isso o closet está fechado. Mas pode ficar com isso, caso faça frio. — Jogou a própria camisa em cima de mim.
Quis rasga-la com o dente na frente dele. Porém, me contive.
— Vou mandar Olívia cuidar de você.
Nesse momento levantei a cabeça e o olhei nos olhos, lhe fazendo promessas silenciosas. Ele me olhou de volta com uma expressão tranquila.
— Não me olha assim. Saiba que eu nunca vou te deixar escapar. Paola Madero. —Sorriu de lado e saiu trancando a porta atrás de si.
Gritei o mais alto que pude. Gritei de raiva e medo. As lágrimas vieram de novo, mas as prendi no fundo da minha alma.
Depois disso, passei a acompanhar o Paul à boate que era no mesmo corredor do quarto onde eu dormia. Sabia o nome do lugar por que estava estampando em todos os lugares, Luxury Hell. Meu único "serviço" era vestir roupas extravagantes e vulgares, ficar ao lado dele ou em seu colo sorrindo para todos como se estivesse tudo bem. Após isso, voltava para o quarto, onde passava o dia inteiro, pelo menos agora tinha comida regularmente e livros.
Paul não mudou nada comigo. Me machucava sempre que tinha vontade. Porém, não me espancava, acho que para não aparecer o roxo quando ia ao salão com ele.
Passei a entender que para sobreviver ali teria que ser paciente. Aceitava tudo calada, ele ficava satisfeito e eu tinha mais um dia de vida.
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Amor Sem Fim: Apaixonado Pela Mulher Do Chefe
RomanceUm homem seria mesmo capaz de amar uma mulher ao ponto de dar o próprio coração a amada? Uma mulher teria sorte por ser tão amada ou azar por ser deixada? John se apaixona por acidente pela mulher do chefe, e planejam fugir juntos. Descobriremos...