DANNA PAOLA MADERO
Não tenho muita noção do tempo nesse lugar. Mas pelo que Olívia me disse, já faz pouco mais de 6 meses que estou aqui.
Não sei onde estou, mas desconfio que não seja o México. As pessoas falam inglês, porém, não dá para saber exatamente em qual país, pois o inglês é universal, vários países o falam.
Exatos meio ano sem saber o que é ver a luz do sol. Sem sentir seu toque quente na pele.
O vento.
O canto de pássaros.
Nada.
Me faz pensar que devia ter dado mais valor ao meu lar. Ter aproveitado mais. Se nada disso tivesse acontecido comigo, não teria percebido a importância de tais pequenos detalhes. Não que eu esteja agradecida por essa merda ter acontecido.
Todo esse tempo já se passou e meu pai não apareceu para me salvar como salvou meu irmão. Ele deve ter me esquecido. Preciso sair dessa sozinha.
— Danna querida, nos dê uma licença rápida. Precisamos tratar de negócios agora. — Paul toca minha cintura para me fazer sair do transe.
Concordei com a cabeça, me levantei do seu colo e saí o mais rápido que pude.
Era sexta-feira. A boate estava bem cheia. O cheiro de bebida, drogas e sexo reinavam no lugar. O que me deixava totalmente desconfortável. Não consegui me acostumar com isso.
Caminhei devagar até o bar, pedi ao homem moreno e baixinho uma tequila com gelo.
Ele trouxe rapidamente.
— Quer mais algumas coisa senhora? — o homem perguntou meio nervoso.
Olhei séria.
— Senhora?
Ele engoliu em seco e depositou o copo de cristal com a tequila no balcão preto, enquanto desviava os olhos para qualquer canto que não fosse meu rosto.
— Sr. Linse disse para todos a chamarem assim.
Mais essa.
Ordens claras de Paul a todos os funcionários (tanto homem como mulher), nunca me olhar nos olhos ou trocar palavra alguma comigo, ao menos que seja necessário, o mesmo serve para mim.
Já os frequentadores da boate, ele deixa até mesmo que toquem no meu corpo, nada mais que isso. Gosta de me exibir para seus "convidados". E eles ficam fascinados com a "intocada de Paul".
A única pessoa que falo é com a Olívia. Conhecendo-a melhor, até que não é tão ruim assim. Paul a deixa comigo quando não me leva a boate.
Peguei minha bebida e caminhei por um corredor extenso, que abafava um pouco do som alto.
Antes de vir para cá, só havia bebido uma única vez e prometi que não o faria mais depois da ressaca horrível. Mas agora faço sempre para esquecer um pouco minha dor e o inferno que me consome lentamente, dia a pois dia.
Cheguei em uma pequena varanda gradeada, com vista para os fundos da boate, uma bela de uma parede velha de tijolos. Já planejei fugir por aqui. Óbvio, que não deu em nada, a grade era bem grossa e reforçada.
Me encostei na parede e tomei um gole da bebida olhando para baixo. Saltos dourados, vestido verde de seda, mega curto, mostrando a lateral do meu corpo. É assim que ele adora que eu me vista. Aliás, não tem outra opção, todas as roupas que me obrigam a vestir são daí para pior.
— Não adianta fugir de mim.
Levantei rápido a cabeça ao ouvir a voz. Achei que fosse algum daqueles "convidados" de Paul, alguns se atreveram a se aproximar demais, e ouvi dizer que mandaram bater neles até ter alguns ossos quebrados.
— Surpresa em me ver? — o cara ousado continuou.
Olhei o rosto dele, mesmo com a pouca luz, pude identificá-lo. Era o homem que falou comigo alguns dias atrás.
Confesso que fiquei mexida com a presença dele, e quem não? Ele era muito bonito, cabelos escuros e curtos, olhos verdes marcantes embaixo de cílios longos, os braços bem marcados naquele terno preto e... Não dava para observar mais sem parecer "interessada".
— No, querido. — Respondi irônica. Lembro bem que ele não sabe falar espanhol.
Ele riu sem se abalar e cruzou os braços.
O perfume do intruso era de notas amadeirada bem leve, mas inebriante.
— Quer me xingar sem eu saber? — perguntou enquanto passava a mão, que por sinal era bem grande de dedos grossos, pela barba cheia e bem feita.
Não me segurei e ri um pouquinho. Mas rápido me recompus e tornei a ficar séria. Lembrei da forma horrível que ele me tratou na primeira vez que nos encontramos, além de me chamar de prostituta ainda me agarrou a força, e eu estou cansada de homens que acham que podem fazer de uma mulher o que quiserem.
— O que quer aqui?
Ele me olhou de cima a baixo. Já sabia sua resposta. Todos eles só pensam nisso.
— Sai.
— Eu só quero conversar com você, me desculpar pelo jeito que te tratei antes. — Recusou ignorando meu pedido.
Se Paul souber que troquei uma palavra se quer com esse cara. Nós dois estamos mortos.
Virei as costas para ele e tomei um gole da bebida que começava a ficar quente.
— Eu não quero conversar com você. E seu pedido de desculpa não foi aceito. — Recusei na hora, a última coisa que eu queria era apanhar hoje.
— Pode levar o tempo que quiser para me desculpar. Eu mereço. Então, você não quer falar comigo, mas, nada me impede de falar com você, certo?
— Se acha que com esse papinho vai me levar para cama, está enganado. — Esclareci sem olha-lo.
Ele riu. O som da risada rouca me deixou com borboletas voando no meu estômago.
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Amor Sem Fim: Apaixonado Pela Mulher Do Chefe
RomanceUm homem seria mesmo capaz de amar uma mulher ao ponto de dar o próprio coração a amada? Uma mulher teria sorte por ser tão amada ou azar por ser deixada? John se apaixona por acidente pela mulher do chefe, e planejam fugir juntos. Descobriremos...