ADORÁVEL

Sombras do passado:

PENSAMENTOS POR ANGEL VITORINO:

Meu corpo estava travado entre o pânico e uma estranha expectativa. As palavras dele ecoavam na minha mente, "você não deveria ter voltado", como uma sentença. Algo estava errado, muito errado, e, ao mesmo tempo, eu não conseguia me desprender daquela sensação. O toque dele era forte, quente, invasivo, mas de alguma forma despertava algo em mim que eu nem sabia que existia.

Por um momento eu pensei estar alucinando, talvez alguém colocou algo no meu copo ou então... Eu estava delirando o suficiente para achar que qualquer homem ali era ele.

Suas mãos subiram pelas minhas costas, prendendo-me contra a parede do dark room, e ele se aproximou mais, colando seu corpo ao meu. Eu podia sentir seu peito subir e descer contra o meu, o calor do seu corpo queimando minha pele através do tecido fino do meu vestido.

__ Eu não te conheço... Eu estou bêbada mas... Você é um grande idiota mentiroso. __ Tentei o empurrar para longe.

__ Você está jogando com fogo, Angeline. __ Ele emurmurou contra minha orelha, provando que sabia meu nome. Sua voz carregada de uma ameaça latente que deveria me fazer querer correr, gritar, mas ao invés disso, meu corpo tremia de uma maneira que eu não conseguia controlar. __ Eu vou perguntar de novo, quantos desses caras te tocaram? — Ele pressionou mais, seu tom se tornando uma mistura de ciúme e desprezo.

Eu não consegui responder. Meu coração parecia querer sair pela boca, meu corpo reagindo de maneiras que minha mente ainda não conseguia entender. Ele me pressionava contra a parede, deixando claro que ele estava no controle ali.

__ Eu vi você dançando com eles, flertando, deixando-os pensar que podem ter você. __ Sua respiração era ofegante agora, e eu sentia o calor das suas palavras descendo pelo meu pescoço, me arrepiando até a espinha. __ Tsc, Tsc. __ Ele estalou a linha. __ Eu estou tão desapontado ao saber que você gosta disso... Gosta de se exibir como uma vagabunda para esses imbecis.

Uma parte de mim queria lutar, queria empurrá-lo para longe, mas minhas pernas estavam fracas, e minha mente estava em conflito. Algo naquele homem — quem quer que ele fosse — mexia comigo de um jeito doentio. Ele me prendia ali, no escuro, onde ninguém mais podia ver o que acontecia, e onde ninguém mais sabia como aquilo me fazia sentir.

— Eu... — tentei falar, mas minha voz saiu embargada, trêmula.

__ Shii... Cale a boca — ele rosnou de volta, aproximando sua boca ainda mais do meu ouvido. __ Não importa o que você vai dizer. Você vai aprender que eu sou o único que pode te tocar assim, Angeline. O único. __ Suas mãos desceram novamente, apertando minhas coxas com firmeza, enviando ondas de choque por todo o meu corpo.
__ Você me prometeu algo que não conseguiu cumprir e eu disse que iria cobrar.

Meu cérebro estava em negação, recusando-se a acreditar no que estava acontecendo, enquanto meu corpo parecia traidor, respondendo ao toque dele de maneiras que eu não queria admitir. Ele estava me dominando, e por mais errado que fosse, uma parte sombria de mim parecia ansiar por isso. Só que eu estava confusa, muito confusa pelo álcool, era Kael diante de mim? Eu estava alucinando no escuro pelo efeito do álcool ou então era o desgraçado de Michel a qual meu pai me prometeu?

Senti meu corpo rodar assim como minha visão que estava turva.

__ Não promete algo que não possa cumprir de novo. __ Ele sussurrou em um tom mais baixo, quase suave, como se estivesse me dando uma última chance de entender. __ Porque da próxima vez que você fizer isso, não vai ter escapatória.

Com essas palavras, ele me soltou, como se estivesse testando até onde podia ir, como se soubesse que, mesmo livre, eu não teria forças para me afastar.Eu mal conseguia respirar, meus pensamentos confusos e minha cabeça girando pelo álcool e pelo toque dele. Quem era ele? Por que eu estava reagindo assim? Eu queria respostas, mas estava paralisada, presa no calor do momento, no medo e no desejo misturados de uma forma que eu nunca tinha experimentado antes.