Como começar uma Fanfic - BTS

Capítulo Cinco - Como ser confiável

  O set está ficando mais tranquilo agora que os desafios principais do Run BTS! terminaram. As câmeras estão desligadas, e os membros do BTS se espalham pelo local, conversando e rindo, mas o espírito competitivo ainda paira no ar. As maquiadoras começam a recolher seus materiais quando uma delas se aproxima de mim.

  — Você pode guardar os equipamentos da equipe? — ela diz, me entregando algumas maletas pesadas, sem esperar pela minha resposta.

  Eu apenas assinto, evitando causar problemas. Enquanto organizo as coisas, começo a ouvir um burburinho crescente vindo do grupo. As risadas ficam mais altas, e, no meio da conversa animada, a voz de Jungkook se destaca.

  — Não dá pra terminar assim, estamos empatados! — Ele parece impaciente. — Temos que definir o vencedor.

  — Podemos fazer uma corrida de duplas com o pé amarrado! — sugere J-Hope, arrancando mais risadas dos outros, mas a ideia logo começa a ser levada a sério, e os membros concordam em fazer um último desafio não oficial, algo só entre eles.

  Enquanto discutem quem serão as duplas, notam que falta alguém para equilibrar os times. De repente, o silêncio recai sobre todos. Como estou de costas, não entendo o motivo disso, até que sinto uma presença atrás de mim.

  — Mary, certo?

  Me viro abruptamente e, mais uma vez, dou de cara com o maknae.

  — Sim? — respondo, cautelosa, sem saber o que esperar.

  — Você quer participar? Preciso de uma parceira pra corrida. — Ele sorri, lançando um olhar encorajador.

  Fico completamente paralisada, enquanto sinto os olhos de todos sobre mim. O choque deles é palpável. Jimin franze a testa, Jin olha para Jungkook com uma sobrancelha erguida, e o desconforto de Yoongi é evidente. Taehyung, que estava mais afastado, observa a cena com uma expressão tensa. Ninguém parece saber como reagir. E eu não consigo dizer nada, pois meu cérebro ainda tenta processar o convite.

  É então que Namjoon intervém, sua voz grave cortando o clima.

  — Espera, JK. Isso não é apropriado. Além de ser mulher, ela está aqui a trabalho.

  As palavras do mais velho têm peso. Até mesmo Jungkook, que sempre parece tão à vontade, hesita por um segundo. Os outros membros observam em silêncio, claramente incertos sobre como prosseguir. Mas o golden boy nunca desiste fácil. Ele dá um meio sorriso, tentando aliviar a tensão, antes de insistir:

  — Hyung, os únicos que sobraram são os  seguranças e alguns STAFFs, todos muito bem instruídos para serem surdos e mudos. Além disso, sabemos que podemos confiar nela.

  O silêncio que se segue indica que ele tem razão. Namjoon suspira profundamente, claramente lutando contra sua própria relutância. Ele olha para os outros, como se esperasse uma objeção, mas ninguém diz nada.

  — Se ela quiser participar, tudo bem — O líder finalmente cede, sua voz mais suave. — Mas lembrem-se, isso não pode sair daqui. — Ele frisa a última parte, olhando diretamente para mim.

  Estou mais chocada do que qualquer outra coisa. Olho de um para o outro, tentando entender se realmente estão falando sério. Minha cabeça gira com a ideia de participar de algo tão... informal com eles.

  Sem querer, minha mente é arrastada para dois anos atrás, quando precisei recepcioná-los em Busan. Lembro-me claramente da correria que foi no hotel. Meu chefe havia ordenado que todas as áreas de lazer fossem reservadas exclusivamente para o grupo. E eu, uma simples funcionária que ainda estava descobrindo a cultura do K-pop, fui designada como guia. Embora não soubesse nada sobre o BTS na época, lembro-me nitidamente do que aprendi ao observá-los durante aqueles três dias: Enquanto Namjoon se mantinha calmo e racional durante a estadia, Jungkook era pura energia. Ele mal conseguia ficar parado e, sempre que tinha um tempo livre, escapava para explorar.

  Jin, por outro lado, caminhava pelos corredores com uma postura impecável, sempre elegante. Era comum vê-lo se olhando no espelho de qualquer parede, ajeitando o cabelo. A primeira vez que ele agradeceu o serviço de quarto, me senti como se tivesse sido elogiada por um príncipe, tamanho charme com que ele falava.

  Hoseok era pura luz. Sua risada ecoava pelos corredores, e ele fazia questão de cumprimentar cada pessoa que cruzava seu caminho, sem exceção. Já Yoongi, mantinha uma distância discreta, sempre com fones de ouvido e a expressão pensativa. Mas quando ele estava com os outros membros, suas observações eram afiadas, provocando risadas.

  Taehyung... bem, Taehyung era um enigma. Ele parecia flutuar pelo hotel, as vezes fora de sincronia com o que acontecia ao seu redor. Embora fosse bem discreto fora das câmeras, havia algo nele que me fazia sempre notá-lo, mesmo quando não dizia uma palavra.

  E Jimin, com seu jeito gentil, era o que mais interagia com a equipe. Ele gostava de se certificar de que todos estivessem confortáveis, não importava a ocasião. Era o mais sensível de todos, pude perceber quando o flagrei chorando na piscina na última noite, enquanto os outros o consolavam.

  As memórias continuam invadindo minha mente, até que a voz de Jungkook me trás de volta ao presente.

   — Sei que isso foi repentino. Mas, como você nos ajudou em circunstâncias piores, é justo que se divirta pela menos dessa vez.

  Franzo a testa, surpresa por ele se lembrar da tal "circunstância" que ocorreu em Busan. Eu jamais esqueceria, afinal, foi a primeira vez que prestei um serviço freelancer para a HYBE. Um dos maquiadores havia sido dispensado de última hora devido ao abuso de substâncias ilegais. Seria um escândalo se alguém descobrisse, então não podiam chamar qualquer um. O gerente do hotel, que conhecia bem meu currículo e minha integridade, simplesmente me ofereceu para o trabalho. Quando percebi, já estava nos bastidores de um show enorme, maquiando nada menos que o BTS. Na época, só segui o fluxo, me sentindo aérea o tempo todo, sem entender como aquilo estava acontecendo. Achei que seria uma daquelas histórias únicas, que nunca mais se repetem. Mas, pouco tempo depois, algo incrível aconteceu: a HYBE me chamou para ajudar em outra emergência, com outro grupo. Depois outro. Então mais empresas foram conhecendo meu trabalho, e, aos poucos, me tornei a freelancer mais requisitada de Seul.

  — Tem certeza de que isso é uma boa ideia? — pergunto a Jungkook, tentando disfarçar meu nervosismo com um sorriso pequeno.

  — Absoluta — ele responde sem hesitar. — Então, vamos nessa ou o RM vai nos desclassificar antes mesmo de começar?

  Namjoon dá de ombros, mas a ruga de preocupação permanece em sua testa. Parte de mim quer recusar e voltar ao papel que sempre tive – aquela que observa de fora. Seria a coisa certa a fazer. Mas estou tão eufórica com a oportunidade de ficar mais próxima deles, que apenas respiro fundo e sigo o fluxo outra vez, tentando não surtar.