3 - Abra Bem os Seus Olhos

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— Então você acredita nela? — Dean estava puto, talvez muito além disso, estava possesso, revoltado, encarando Sam escorado contra o carro com aquele papel amassado nas mãos. — Uma mulher louca diz que o pai é um merda e você acredita? Se toca, Sam, é só mais uma vagabunda oportunista.

Soltando um grunhido, ele se virou para encarar o céu do entardecer. Estava um pouco nublado, mas o sol se punha no horizonte. Uma leve dor de cabeça despontava nas têmporas e ele estava repetindo em voz alta que aquela mulher era uma louca mentirosa. Mas quando ele repassava o que Sam tinha lhe contado, sua cabeça se questionava se ela estava mesmo mentindo, porque os padrões eram exatamente iguais.

— O que ela ia ganhar com isso, Dean?

— Hein? — Girando na direção do irmão, Dean o encarou.

Sam deu de ombros, parecendo receoso.

— O que ela ia ganhar mentindo sobre o pai?

— Porra, todo mundo conhecia o velho. Ele era gente boa, os caras gostavam dele. Ela quer manchar a reputação dele.

Sam assentiu.

— Certo. Mas por quê?

— Eu sei lá, caralho! — berrou Dean, chutando a roda do carro. — Que porra! — As primeiras gotas de chuva bateram em seu rosto e Dean encarou o céu, fechando os olhos.

Estava no auge dos 26 anos. Era genuinamente bonito, sabia disso, e se orgulhava de ter traços do pai que o tornavam conhecido pela sua capacidade de organização e liderança. Mas cada vez que ele ouvia algo sobre John Winchester e seu caráter duvidoso, ele questionava a si mesmo que tipo de pessoa era. Talvez, bem lá no fundo, o que o deixara irritado não era confirmar que seu pai era um homem ruim, mas não saber se ele também o era. Quando Joanna Beth deixou a varanda na direção deles, ele refreou o impulso de manda-la de volta. Ela tinha pouco mais de 20 anos, uma pirralha que queria caçar. Embora ela fosse bonita, Dean olhava para ela como se ela fosse uma irmã mais nova precisando ser protegida, e ele já tinha tido suficiente dessa merda para arrumar mais uma criança.

Estava receoso de ficar no mesmo recinto que Potter quando Bobby chamou todo mundo, mas ela ficou sentada em silêncio no topo da escada, girando uma adaga nas mãos. Eles mal se encararam, mas a troca de olhares foi puro ódio. Dean queria que ela queimasse viva em algum casebre velho. Despejando sua raiva em duas garrafas de cerveja, ele bebeu quase de uma vez, parando no canto perto da janela na sala de jantar. Do outro lado, Ruby Hills o encarava com aquele sorrisinho convencido nos lábios que o deixou ainda mais nervoso. Sam, sentando-se à mesa, uniu as mãos diante dele e ficou em silêncio enquanto Bobby comunicava que eles estavam tendo um problema com demônios na região. Era a terceira vez naquele mês que mais de dez demônios estavam na cidade ao mesmo tempo. A última parada deles tinha sido um bar na autoestrada, e, olhando diretamente para ele, ele mencionou strippers.

— Como é que é? — disse Dean. — Eu entendi bem, strippers? Tá rolando um cabaré satânico na cidade e você deixou pra mencionar isso por último?

— Era pra testar sua capacidade de atenção — resmungou Bobby. — Eles podem ou não ter relação com os eventos dos últimos meses. A chuva de gafanhotos, o lance das crianças doentes — Embora Dean pudesse ver uma expressão de excitação no rosto de Jô, ele duvidava que ela fosse colocada em combate. — Nossa melhor opção é atacar primeiro. Não podíamos fazer isso entre dois–

— Três — corrigiu Ruby, mas um coro de risadinhas ecoou pela sala.

Três — repetiu Bobby, parecendo cansado. — Precisávamos de ajuda.

Travis Cruz soltou um arroto alto, erguendo a cerveja no alto enquanto falava:

¡Qué broma! Potter tá perdendo a capacidade de lutar, señor?

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⏰ Última atualização: Sep 24 ⏰

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