Muitas pessoas dizem que o tempo cura as feridas.
Mas quanto tempo isso leva?
Para mim, isso se parece uma eternidade.
Uma longa eternidade.
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08:37 AM ( 05/09/679 )
O cheiro de café invade minhas narinas. Aquele bem doce, um pouco enjoativo. O ambiente lembrava de casa de vó. Dava até para sentir o cheiro de naftalina vindo das cadeiras.
Eu não gostava muito dessa cafeteria, era muito estranha. Quase ninguém vinha aqui, mas nunca faliu. A única doida que gostava daqui é a Orquídea, minha chefe. Sinceramente, seria muito melhor se tivesse gatos.
E infelizmente, ela resolveu marcar uma reunião bem aqui. Eu já tenho uma ideia do que ela quer, mas não tô muito animada para ouvir isso saindo da vola dela.
- Muito bem, Wanda... - Minha chefe diz as primeiras palavras depois de alguns minutos em silêncio, enquanto uma senhorinha, cerca de 60 anos, colocava nossos cafés à mesa. - Acho que sabe o porquê está aqui, né?
- Tenho minhas suspeitas, mas prefiro estar errada. - Eu tomo um gole do meu café. Deus, que café ruim.
- Eu sabia que diria isso. E discordo de você. - A minha chefe, Orquídea, já está acostumada com o meu jeito. Afinal, já fazem 8 anos que trabalho com ela.
- Orquídea, podemos ir logo ao ponto? Não estou no clima para joguinhos. - Odeio quando ela começa com esses jogos. Parece que lê meus pensamentos só pelo olhar.
Tinha poucas coisas que eu temia. E uma das coisas era essa mulher. Você provavelmente aceitaria entrar na casa de doces se ela fosse a bruxa, mas quando se conhece ela... Você iria checar tudo umas duas vezes. Uma aparência elegante, cabelos roxos, bem branquinha, uma voz calma. As roupas que usava, o jeito que se portava. Sempre desconfie desse tipo de pessoa.
Não que ela seja ruim ou mal. Orquídea era uma das melhores pessoas que já tinha visto na face da terra. Mas nunca se sabe o que nessa mente habita. Enquanto ela tinha ideias mirabolantes, muitas delas eram um pouquinho malucas. Só um pouquinho... Nunca se sabe o que pode acontecer vindo dela.
- Ok ok... Não vou te enrolar dessa vez. - A mulher finalmente se rende. - Você sabe o que tem acontecido nos últimos meses, não sabe?
- Seria estranho se eu não soubesse.
- Muito bem então. Você sabe qual é seu trabalho? - Ela se levanta da cadeira com cheiro de naftalina e se prepara para sair. - Aliás, eu não aceito não como resposta. Apesar do que diz, consigo ler nos seus lindos olhos roxos que está preparada. - Ela começa a caminhar para a saída.
- Vai mesmo me deixar aqui sozinha? Sem nem explicar nada? Seu serviço já foi melhor, chefinha. - Eu tomei mais um gole do café, que apesar de ter um gosto horrível, me dava energia para lidar com a bruxa do meu lado.
- Amanhã. Meu escritório. Prepare sua mente querida, você vai precisar. - antes de sair, a mesma hora e volta até mim e dá um toque no meu nariz, que era um gesto de carinho entre nós duas.
"Um dia todo meu cabelo vai cair e vou ficar careca só por causa dela. Meu cabelo preto não merece isso. " Eu penso.
- Até mais. - Me levanto também, dando um abraço nela. Apesar de não parecer, eu era mais próxima da Orquídea do que dos meus pais.
E sem falar nada, fico sozinha na cafeteria.
É... Não esperava nada menos dela.
Mas antes de continuar, acho que devo explicar umas certas coisas para vocês. Devem estar totalmente perdidos na conversa. Vamos começar com uma história de muitos anos atrás.
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A Papoula de Sangue
FantasíaUma bruxa detetive é confiada para resolver o maior caso de sua vida. Pessoas estão sumindo, e o desespero pousa em todo o mundo. Enquanto isso, ela tem de resolver seus problemas e traumas pessoais, que voltam à tona com sua nova parceira.