Capítulo III: Floresta de Ninguém

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Heinrich e seu grupo estão dentro de caminhões indo em direção a floresta de Braskovia. Algumas horas antes, tiveram uma reunião importante sobre sua primeira missão. Irei resumir brevemente aqui.

É uma missão de reconhecimento, ou seja, explorar e mapear a área em volta. Para isso, vão precisar ser silenciosos. Provavelmente terá uma boa quantidade de soldados (sem comparação com os tantos como na guerra), mas eles tiveram a orientação de apenas atirar em casos realmente necessários, de vida ou morte.
A tarefa principal da missão é procurar onde há mais e menos atividades inimigas, posições estratégicas para eles, e possíveis perigos, como armadilhas.

Todos estão demasiados tensos, mas tudo piorou no meio da viagem. Em outro caminhão, um dos recrutas começou a espernear e gritar de forma ridícula e que fez alguns mais corajosos rirem baixinho, e outros menos confiantes ficarem ainda mais aterrorizados. Heinrich e os seus amigos não estavam nesse caminhão, mas quando todos chegam ao destino, acabam por ficar sabendo do caso, e da pior forma.
As portas são abertas e eles saem com o corpo contraído de temor. Quem chama a atenção é o recruta chorão, que resmunga enquanto dois soldados o levam em empurrões para fora do caminhão. Ele cai de maneira dramática quando salta, e começa a chorar novamente.

- Fass mich nicht an, ihr seelenlosen Schweine! - "Não me toquem, seus porcos sem alma!", O menino diz enquanto soluça, seus olhos vermelhos e molhados de lágrimas. Seu olhar é uma mistura de raiva e tristeza.

Mas isso dura pouco. O Tenente Karl Müller aparece segurando um fuzil em seu torso com uma expressão nem um pouco amigável, e sem hesitação alguma, coloca seu pé no peito do recruta caído, apontando a arma na direção da cabeça dele.

- Eu não tenho tempo para crianças. - Ele murmura, só o recruta no chão escutando sua voz grave e impassível. - Vai continuar com esse drama?

- Você não vai atirar, seu maluco! Isso é um crime, matar alguém assim! - O recruta revida, sua voz saindo meio suspirada por conta do peso do pé do Tenente em seu peito.

Todos observavam curiosos a cena. Na perspectiva do depressivo Heinrich, que está encostado no caminhão com os braços cruzados  observando de canto, por mais que a cena ali fosse bem chamativa, é ainda mais a mulher de seus pesadelos. Ela está junto do resto das meninas, olhando a cena com as sobrancelhas e os olhos semicerrados. Porém, quando ela olha em volta enquanto alonga o pescoço, seu olhar acaba se direcionando para o admirador nada discreto. Ele desvia o olhar rapidamente para a cena, e seu coração que já está batendo rápido pelo olhar sério dela bate ainda mais freneticamente com o som de um tiro.
Alguns dão gritos de susto ou desespero, observando a cena do recruta morto e sangrando com sua cabeça estraçalhada no meio. Heinrich ficou apenas paralisado, observando os olhos abertos e aterrorizantes do falecido.

- Quietos ou vocês serão os próximos! Não quero saber de criancinhas irritantes aqui! Se não aguentam, se matem de uma vez ao invés de me irritar! - As palavras do Tenente pousam no ouvido de Heinrich e ressoam lá como um eco.

Ele arregala um pouco os olhos e tira seu olhar do corpo, olhando em volta. O Sargento Weber puxa o Tenente Karl para um canto e começa a conversar com ele em murmúrios, parecendo irritado. O resto ficou em completo silêncio, só com alguns soluços baixos de choros e palavrões soltos pelo choque.
Dener, Niklas e Otto correm para o lado de Heinrich, seus olhos arregalados para a cena brutal à sua frente.

- Meu pai está meio que dando um sermão no Tenente. - Otto murmura depois de um tempo em um silêncio perturbador.

- Corajoso e necessário. - Niklas olha para o grupo com um olhar sério.

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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