Reflexões sob a cerejeira.

4 1 0
                                    

Olivia mais um dia foi para a cerejeira, mas ela não foi durante o dia. Ela foi durante a noite para evitar olhar para Theo.

A luz da lua banhava a cerejeira, transformando suas flores em prateadas testemunhas da noite. Olivia, agora distante, ainda sentia o eco das risadas e conversas que uma vez preencheram aquele espaço sagrado da cerejeira. Ela se perguntava se Theo também sentia a falta daquelas tardes, ou se as memórias haviam se desvanecido para ele, como as pétalas de cerejeira ao vento.

Theo, em seu quarto, olhava pela janela, perdido em pensamentos. A imagem de Olivia, forte e vulnerável, não saía de sua mente. "Por que não percebi antes?", ele se questionava, revirando-se na cama. A culpa pesava em seu peito, uma sensação desconfortável que ele não conseguia sacudir.

Cleo, por sua vez, sentia-se dividida. Ela valorizava a amizade de Theo, mas não podia ignorar a tristeza nos olhos de Olivia. "Será que eu sou a causa de tudo isso?", ela se perguntava, enquanto caminhava sozinha pela cidade adormecida, suas próprias dúvidas refletidas nas poças de água da chuva.

Enquanto isso, a cerejeira permanecia imponente, suas raízes profundas e fortes, testemunhando o ciclo eterno de encontros e despedidas. Sob sua sombra, um novo dia começava a despontar, e com ele, a esperança de reconciliação e novos começos.

Olivia decidiu que era hora de seguir em frente. Ela não podia permitir que a sombra de Theo obscurecesse seu caminho. Com determinação, ela foi para casa e começou a escrever em seu diário, desabafando suas emoções e sonhos, cada palavra uma promessa de se reencontrar.

Theo, incapaz de dormir, levantou-se e caminhou até a cerejeira. Ele tocou o tronco áspero, fechou os olhos e tentou se conectar com os dias mais felizes. "Me perdoe, Olivia", ele sussurrou, uma confissão silenciosa para a noite. 

Cleo observava de longe, seu coração apertado pela cena. Ela sabia que precisava conversar com Theo, esclarecer seus sentimentos e talvez, ajudá-lo a reparar a amizade quebrada.

E assim, enquanto a cerejeira testemunhava silenciosamente, os três jovens enfrentavam suas próprias batalhas internas, cada um buscando respostas e significados nas memórias daquela árvore majestosa. Eles não sabiam ainda, mas a cerejeira tinha mais lições para ensinar, mais histórias para contar, e o próximo capítulo de suas vidas estava apenas começando a ser escrito sob seu olhar atento.

Sonho quebradoOnde histórias criam vida. Descubra agora