Asleepharlow - Reino Unido•
Despertei sobre um mármore gélido, minhas costas doíam, mas eu não estava preocupada com isso, e sim como havia chegado até o cemitério de Asleepharlow.
A penumbra caía sobre o lugar, o frio ardia na pele coberta pela capa preta, como se adentrasse o tecido e mordesse cada pedaço do meu corpo. Olhei ao meu redor, mas os meus olhos não encontraram nada além de lápides desgastadas, neve caindo e escuridão.
Levantei-me da sepultura na qual havia acordado, e ao olhar para a lápide, lá estava ele, o nome abreviado de minha mãe, R. Miller. Nunca havia entendido o real motivo pelo qual não colocaram seu nome completo e uma foto em sua sepultura, mas minha avó dizia que foi um desejo dela antes de morrer, pois não queria ninguém chorando perante a sua imagem. Todos a chamavam pelo sobrenome, e nem mesmo Abigail me dizia muito sobre o que a minha mãe era.
Se nem mesmo cheguei a conhecê-la, por que sentia tanto a sua falta?
O meu cabelo estava repleto de folhas secas encravadas entre os fios, tentei removê-las com um deslizar de dedos, porém um ruído na mata instantaneamente atraiu a minha atenção para o meio das árvores cobertas por neve. Passos contidos cautelosamente começaram a me aproximar da mata. Tudo em Asleepharlow era permeado de natureza, claramente o único cemitério da cidade não era uma exceção.
A longa capa preta já não interferia na minha temperatura, tampouco me protegia das picadas dos mosquitos que maltratavam a minha pele.
Frente a frente com a extensa mata banhada à escuridão, escutei uma forte respiração crescente surgindo da mata. Inicialmente, deduzi ser apenas o som da minha própria respiração, mas quando a contive, tive a certeza de que não estava sozinha naquele lugar.
O frio estava agarrado aos meus ossos, abraçando a minha carne e deixando carícias ásperas pela minha pele, mas nada se comparava à agonia que senti ao perceber uma segunda presença, aparentemente nada amigável, no cemitério. Não me movi, mantive os pés fixos no gramado tapado pela neve.
Eu constantemente tilintava os dentes por causa do frio, impossibilitando que qualquer palavra pudesse escapar da minha garganta agora.
O barulho sequencial de pegadas pesadas ressoou do arvoredo, seja lá o que fosse, estava vindo em minha direção, e como um instinto natural, os meus passos contrários foram a resposta. Até pensei que nada além das pegadas podia me amedrontar ainda mais, porém, quando estava fortalecendo a mente quanto a isso, um arrepio mortal tomou a minha pele.
Um par de olhos escarlates se abriu em meio à penumbra da floresta que abraçava o cemitério, eles me encaravam diretamente na alma. A energia densa era exatamente como a que senti no porão, sanguinária e devoradora, assemelhava-se à sensação de caos. Isso era tudo o que eu estava sentindo.
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ASTERPHOENIX
Romance‼️Esta história é um dark romance!‼️ Até onde a ambição e a curiosidade pode nos levar? Eu tinha tudo em mãos: os materiais, os ensinamentos, a antiguidade, o poder, a ingenuidade e a ânsia por enxergar o mundo fora das palavras dos outros. Para uma...